Netsah / Netzach / Nesah / Hod / Yesod / Yasod

A Emanação de Graça é a Sefira Netsah, a «Vitória» divina; é o Poder «masculino», ativo e positivo do Criador, que produz todos os mundos manifestados dando a vida a todos os seres e às coisas, por «extensão, multiplicação e força». É por Netsah que a «Beleza» transcendente de Deus, Tiphereth, se expande em toda a criação. Netsah sai de Tiphereth como Fluxo infinito de Vida pura, feita de Luz e de Beatitude, e preenche toda coisa nascida da «multiplicação» ilusória ou cósmica do Um.

Esta multiplicação mesma nao vem de Netsah, mas de sua Emanação oposta e complementar, Hod, a «Glória» divina. Esta brota a princípio com Netsah, em uma só Irrupção indistinta, de Tiphereth; e é precisamente esta Irrupção primeira que é chamada Netsah, enquanto a Emanação distintiva que dela sai, é Hod, o Poder «feminino», receptiva e negativa do Criador, aquela que separa, forma, e transforma todos os mundos, produzidos indistintamente por Netsah. A «Glória» de Deus sai de Sua «Vitória», para projetar a aparência múltipla do Um no meio cósmico, e para reabsorver esta aparência no Um.

Tais são os dois Atributos ou Poderes do Ato eterno de Deus; este Ato Criador e destrutor é ele mesmo um Arquétipo particular, a saber Yesod, o «Fundamento» da Existência cósmica. O Zohar   diz que a união da Emanação clara e ativa, Netsah — que se situa do lado direito ou positivo da Árvore sefirótica — com a Emanação obscura e receptiva e receptiva, Hod — se encontrando do lado esquerdo ou negativo — faz aparecer a nona Sefira, Yesod, a «Base» do Mundo criado; e quando, unidas em Yesod — que mora na «Coluna do Meio» — a Luz «masculina» de Netsah preenche de seu «excedente» ou transbordamento criador a obscuridade ou «vacuidade» de sua «fêmea», Hod, o equilíbrio cósmico se estabelece.

Em verdade, Yesod é o Equilíbrio eterno e imutável entre a Emanação «plena» e expansiva de Netsah e a Emanação «vazia» e restritiva de Hod, ou entre a manifestação e a reabsorção de todas as coisas; Ele é o Ato único, que revela e reintegra simultaneamente tudo o que é emanado e manifestado, e eis porque se denomina também Kol, o «Todo». Com efeito, é em um só e único «instante eterno» que todas as Sephiroth «saem» da Essência divina e «reentram» nEla, com todas as manifestações cósmicas;logo Ela saem sem no entanto sair, e não há emanação e manifestação senão no ponto de vista subjetivo e relativo do emanado ou do manifestado, enquanto no ponto de vista objetivo e principial do Ser puro e universal, jamais qualquer de Seus Aspectos não saiu fora dEle, assim como do ponto de vista superinteligível da Essência suprema e não dual, que transcende toda subjetividade e toda objetividade, não há nada absolutamente, mesmo qualquer aspecto não emanado, que possa se associar de uma maneira ou de um outro, a sua Ipseidade única real.

Em face do «Um sem segundo», a criação, esta aparência de um «segundo», não poderia realmente existir. Não há criação senão em nosso ponto de vista efêmero. Mas se a criação não possui senão uma existência «inexistente», esta «inexistência» não é no entanto o nada puro e simples; ela é a «grande ilusão» tecida de miríades de sombras fugitivas das quais somos as testemunhas. Esta miragem enganadora do Cosmo, esta imanência fantasmagórica, com todos seus mundos, seus seres e suas coisas, se produz pela «multiplicação» irreal do Um. Netsah, o Fluxo pleno e contínuo das possibilidades manifestáveis — Fluxo que «não cessa jamais», em seu circuito que conduz todas as coisas do Um ao Um — preenche seu «Receptáculo», Hod; e a Vacuidade de Hod envelopa e separa cada «centelha» oculta no Influxo luminoso e indistinto de Netsah. Então, este último penetra, com sua emanação ininterrupta, as interferências produzidas por Hod, e garante assim o encadeamento causal de todas as possibilidades ilusoriamente separadas. É graças a esta continuidade na manifestação das coisas — continuidade mantida através de todas as separações cósmicas — que há uma sequência lógica dos reflexos ou «imagens» de Deus, e que sua multitude acaba por se reintegrar em Sua Unidade.

Adicionemos que Netsah e Hod representam, em particular, as Fontes da Revelação profética. O «Pensamento» de Deus se exprime então por Seu Verbo incriado, Tiphereth, do qual Netsah é a efusão de Luz pura e espiritual; Hod é a refração e reverberação desta Luz, e Yesod, sua descida na substância receptiva. Em outros termos, Netsah recebe a Luz de Tiphereth, e Hod lhe dá a aparência de foras múltiplas e sagradas, formas que yesod inspira ao homem por intermédio da última Sefira, Malkhuth, a Presença real de Deus. [SchayaC  ]