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Torá / Torah / Pentateuco / Nebiim / Kethubim / Talmude / Talmud / Mischnah / Guemarah / Midraschim / Haggadah

  

Leo Schaya

A Torah oral é a transmissão, de geração em geração, dos Mistérios e das “interpretações”, contidas como “sons” — palavras inspiradas — ou “luzes brilhantes” — visões espirituais — na Torah escrita. Se é dito no Aboth: “Moisés recebeu a Torah sobre o Sinai, ele a transmitiu a Josué, Josué aos Anciãos, os Anciãos aos Profetas, e os Profetas aos homens da Grande Sinagoga”, trata-se, como acabamos de ver, ao mesmo tempo da Torah escrita e da Torah oral. “Quando o Santo Único, bendito seja, Se revela sobre o Sinai para dar a Torah a Israel, Ele a remete a Moisés na seguinte ordem: a Escritura (a Torah escrita), a Mischnah, o Talmude  , a Haggadah (que designa sinteticamente toda a Torah oral)”.

A Torah escrita, no sentido mais estrito, consiste no Pentateuco (os “cinco quintos da Doutrina”, ou cinco livros de Moisés) e, em sentido mais amplo, também nos Profetas (Nebiim) e os Hagiógrafos” (Kethubim). A Torah oral abarca, por um lado, o Talmude, o “Estudo” público ou o Comentário exotérico da Escritura (no qual está geralmente implicada a Mischnah ou “Repetição” do ensinamento oral; a Guemarah, “Complemento” ou comentário da Mischnah; os Midraschim, “Esposições” rabínicas; e a Haggadah, “Narração” tradicional — histórica e simbólica — que abarca as partes não legislativas da Guemarah e dos Midraschim); por outro lado, a Torah oral compreende a Qabbalah  , o Comentário esotérico da Escritura, a iniciação nos “Mistérios da Torah”.


A Doutrina oral (Torah oral) interpreta a Escritura (Torah escrita) por quatro métodos exegéticos fundamentais que conduzem até a Cabala, a esfera do Sod, "Mistério" ou, como o Talmude o denomina, o Pardes, Paraíso do Conhecimento divino. Estas são as quatro consoantes mesmas da palavra Pardes (PRDS) que designam estes quatro métodos, a saber: P = Peschat, "simples" interpretação da Escritura, que opera pelos modos do raciocínio elementar; R = Remez, "alusão" ao sentido múltiplo, oculto em cada frase, cada letra, signo e ponto da Torah; D = Derasch, "exposição" em homília das verdades doutrinais, abarcando todas as interpretações possíveis da Torah; S = Sod, "Mistério", a iniciação a Hokhmah, a Sabedoria divina, oculta na Escritura e denominada, a respeito de seu ensinamento, (Hokhmah ha-qabbalah, a "Sabedoria da Tradição" esotérica [O método cabalístico se serve para a exegese, entre outros, da Ciência das "letras" e dos "números". Os três procedimentos mais desenvolvidos desta Ciência são a Guematria, Ciência do valor numérico das letras, Notarikon, Ciência das letras iniciais, medianas e finais, e Temurah, Ciência da permutação e da combinação de letras.]

Este quarto método, que ensina os "Mistérios da Torah" (Sithre Torah), consiste essencialmente na exegese e na aplicação espirituais do primeiro capítulo do Gênesis (Maaseh Bereschith, a "Obra do Princípio") e do primeiro capítulo da profecia de Ezequiel, contendo a visão do Trono divino como "Carro" celeste (Maaseh Merkabah, a "Obra do Carro"). Mas fora destes ensinamentos fundamentais, relativos à emanação do Princípio universal e à reintegração nEle, toda a Escritura serve de ponto de partida ao método exegético do Sod. Os dez Sephiroth, "Numerações" ou Determinações dos Aspectos divinos, aí desempenham o papel de suportes contemplativos, enquanto que os Nomes divinos aí representam os meios operativos, unindo o Cabalista, que os invoca segundo as regras iniciáticas, à "Luz do Sinai", a Presença real de Deus. [SchayaC  ]

Adin Steinsaltz

As Escrituras, começando pela Bíblia   e incluindo as várias obras da exegese e comentário, como o Talmude, a Cabala e outros escritos — ocupam um lugar tão central e especial no judaísmo, que o nome hebraico desta literatura sagrada, Torá, não pode ser traduzido corretamente para nenhuma outra linguagem. Como alguém resumiu uma vez, muito bem: outras religiões têm um conceito das escrituras como sendo derivadas do Paraíso, mas somente o judaísmo parece estar baseado na ideia que a Escritura da Torá é o Paraíso em si mesmo. Em outras palavras, a Torá dos judeus é a essência da revelação divina; não é somente uma base para a vida social, política e religiosa, mas é, em si mesma, uma coisa de valor supremo. [Adin Even Yisrael: Excertos de "A Rosa de Treze Pétalas". Maayanot, 1992.]

André Chouraqui

Mas há um viático, a Torá, que é o verbo de eternidade. Por ela o inocente se sabe filho de Elohims e conhece sua vocação de filho de YHWH Adonai. Ela é o caminho, a verdade, a vida, o modelo divino que permite ao homem chegar à plenitude da eleição. Ela articula a nova relação originada da aliança abraâmica. Ela arranca o homem aos desesperos de sua condição carnal e o faz ter acesso à sua vocação sobrenatural. Conhecendo o modelo, o inocente irá viver o drama da encarnação de amor, irá sofrer os ardores e as dores da identificação. Os Salmos   nos descrevem todas as etapas de seu caminho e seu termo, a visão beatífica. A vontade de YHWH Adonai torna-se o tormento do justo. A Torá lhe revela sua falta, sua mácula, e lhe permite penetrar no reino da inocência. Desde o primeiro salmo somos advertidos de que seu movimento nasce de um desejo amoroso da palavra de YHWH Adonai que se torna a sua pela meditação e a prece permanentes: dia e noite. Nada menos de dez sinônimos são utilizados no Saltério para designar a Torá, as ordens de YHWH Adonai que o homem deve meditar e praticar para ter acesso à ordem real do mundo. Ficamos impressionados pelo caráter de interioridade que emana do ensinamento dos Salmos: o culto do inocente se manifesta sobretudo pela meditação, pelo jejum, pela prece e pelo canto: é munido de sua harpa que ele vai até a montanha sagrada. O Templo de Jerusalém manifesta para ele a presença real de YHWH Adonai no seio de seu povo: é lá que ele renova a aliança que faz dele o amigo de Elohims; os sacrifícios e os votos estão no centro de sua vida justa, pura, casta, verdadeira, e que tende a tornar-se uma oblação perfeita. Ele se arranca às trevas, atravessa o deserto, e em breve um apelo lhe fará escalar a montanha sagrada. [Caminhos dos Salmos]

Marie Vidal

Torah, com um T no início, a última letra do alfabeto hebreu, e um H mudo no final, como o H repetido duas vezes no Nome do Senhor (YHWH). E no coração, a palavra «or», cujo um dos sentidos hebraicos é luz (aor), e cujo um dos sentidos aramaicos é: dito e palavra. Tentai portanto dizer duas vezes em seguida esta palavra «or», encontrareis o que os madrugadores beneficiam pela manhã, as cores e as sensações, e os doces frescores, e os sabores suculentos e aromáticos, e o chilrear e os mil ruídos no silêncio do despertar.

Torah é intraduzível e muito grande para ser restrita em uma definição! Tentou-se no entanto, ao longo dos séculos. Lançou-se e experimentou-se palavras estreitas, erradas e até mesmo, por vezes, perversas. Buscou-se defini-la, compartimentá-la, observá-la com diferentes métodos. Tentou-se, à maneira cartesiana, de lhe dar um quadro cronológico. Mas, é talvez o mais confuso para os ocidentais: a Torah supera a cronologia. A Tradição afirma: «Não há antes nem depois na Torah». Escrita e oral, a Torah transcende o tempo. Segundo o dizer de Elie Wiesel, «tudo se mantém na história judaica — e as lendas dela fazem parte assim como os fatos. Composto durante os séculos que seguiram a destruição do Templo de Jerusalém, o Midrash reflete ao mesmo tempo a realidade vivida e o imaginário de Israel; e frequentemente influi sobre o nosso. Na história judaica, todos os eventos estão ligados. Só hoje em dia, depois do turbilhão de fogo e de sangue do Holocausto, que se aprende o assassínio de um homem por seu irmão, as questões de um pai e seus silêncios que confundem. É em os recontando atualmente, à luz de certas experiências da vida e da morte, que se os compreende. Também o contador, fiel a seu engajamento, não faz senão recontar, quer dizer que ele transmite o que recebeu, oferece o que lhe foi confiado. Sua história não começa com a sua; ela se insere na memória que é a tradição vivente de seu povo.»

A Torah surpreende o ocidental por sua atualidade e sua universalidade. «É preciso aqui ainda renunciar às «seguridades» de nossos hábitos da escrita e descobrir a confiança na oralidade das tradições transmitidas na relação mestre-discípulo. Se aprenderá assim a valorizar as tradições orais que restaram tais porque aqueles que as transmitiam as consideravam como Torah oral. É preciso mesmo, metodologicamente, as considerar como mais garantidas, e certamente mais representativas da Torah.

A Torah frutifica a cada instante, em cada circunstância, como o proclama o Tratado Erouvin (Er 54b): «Pode-se sempre encontrar frutos na Torah como se pode sempre encontrar figos na figueira! ». A Torah está presente e disponível a cada atitude de cada humano, mas não força, ela está na espera como a mulher grávida que vai dar a luz, e que espera seu termo. [Um Judeu Chamado Jesus]

Oscar Freire

Así, en el esoterismo hebreo, dentro de la Zohar   - vía zohariana, se describe una Torá primordial escrita con "fuego negro" y "fuego blanco" (Zohar sh.s2/pag.84a), cuyo origen   es anterior a la creación y que sería el continente de las "letras trascendentes" que componen el verdadero Nombre Divino. Tal es la esencia o el arquetípo celeste del libro sagrado cuyo aspecto oculto que trasciende el entendimiento humano se recuerda y se expresa aún en la liturgia diaria [Referido al distinto y extraordinario status "halágico" que se otorga en la liturgia a los ocho versículos finales de la torá, de los cuales se explica que Moisés los escribió con lágrimas en lugar de tinta.].

Dicho aspecto oculto se refiere mas,al estado interior de la Torá o a su transmisión cabalística o a su sentido anagógico resumidos en la voz hebrea sod (secreto) [Voz cuya inicial conforma el conjunto de la raíz PARDES - PRDS, "paraíso", "jardín" o "prado" y que alude a las cuatro perspectivas o sentidos tradicionales con los cuales debe entenderse la torá.] que, lejos de cualquier "culto al secretismo", simplemente describe el carácter incomunicable del mas alto de los sentidos de la Sabiduría y, al mismo tiempo, alude a la única forma, que desde el punto de vista humano, puede dicha Sabiduría ser recepcionada [Según René Guénon "recepción" o "lo que se recepciona" es una de las tantas ideas expresadas por el verbo qabal "de donde deriva directamente qabbalah. Ver el artículo homónimo correspondiente en "Formas tradicionales y ciclos cósmicos".] en el corazón.