O Livro de Baruch, de Justino, é um mito gnóstico judeu, no Éden, que hoje existe em uma forma helenizada levemente cristianizada. Um grande fragmento de uma escritura maior, Baruch está preservado somente como uma paráfrase na Refutação de Todas as Heresias de Hipólito de Roma. Quem seria o verdadeiro autor do Livro de Baruch se desconhece. Hipólito só nos informa que é um gnóstico chamado Justino (não confundir com Justino Mártir).
Baruch pode ser uma dos textos gnósticos mais antigos, um elo perdido (...)
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Baruch / Baruc / Baruque / Livro de Baruch
Marvin Meyer
Os Padres da Igreja e heresiólogos descreve, em termos polêmicos, algumas figuras que consideram estarem entre os primeiros mestres gnósticos: Simão Mago , um mestre do primeiro século da Samaria; Dositeos e Menandro, também da Samaria; Cerinto, Carpocrates, Saturnilus, Marcelina, e poucos outros. Sobre estas figuras sabemos somente o que os heresiólogos escolheram nos contar, e eles escolheram nos contar pouco mais além de que estes mestres proclamaram erro e impiedade.
Sobre os escritos do mestre gnóstico Justino, entretanto, sabemos algo mais, graças a Hipólito de Roma. Em sua Refutação de Todas as Heresias, Hipólito cita e parafraseia um texto gnóstico por Justino, o Livro de Baruque, embora Hipólito diga que é o livro mais abominável que leu. Das citações de Hipólito sabemos o suficiente para reconstruir grandes fragmentos de Justino e seu livro. Kurt Rudolph descreve o Livro de Baruque como «um dos mais originais e provavelmente também dos mais antigos testemunhos da Gnose». Fortemente judeu em sua perspectiva, o livro parece propôr um sistema gnóstico que é uma das mais antigas representações da gnose. Robert Grant o denomina «um exemplo de uma gnose que é quase puramente judaica», embora em sua forma presente , o livro também incorpore referências a deidades greco-romanas, assim como a Jesus .
O Livro de Baruque apresenta um sistema gnóstico com três princípios, dois que são machos e um que é fêmea. A manifestação mais exaltada do divino é chamada o Bem, um poder macho ; também chamado Priapos, o deus da fertilidade itifálico greco-romano. Os outros poderes tomam seus nomes da tradição hebraica, o macho Elohim da palavra hebraica para «deus» e a fêmea Edem do hebraico para «terra ». O princípio Edem é reminiscente de sabedoria , Sophia, e tem muitas características no Livro de Baruque: ela é terra; jardim ; Israel ; criador de humanos, bestas, e da alma ; e um símbolo de Eva, que é sua criação e dublagem.
A estória de Baruque é um conto do amor de Elohim e Edem, céu e terra, amor que é expressado e perdido, com o autor, Justino, empregando temas do Gênesis para contar sua estória gnóstica do destino da humanidade e da emergência do mal no mundo. Elohim, o deus pai celestial e o criador do mundo, é o amante do Edem, a deusa mãe terrestre. De sua união sexual apaixonada vieram vinte quatro filhos angelicais, e os anjos por sua vez criaram a humanidade e o paraíso. Estes vinte quatro anjos parecem antecipar os retratos mais desenvolvidos do reino da plenitude divina, ou pleroma, nos sistemas gnósticos setianos e valentinianos. Elohim sopra o espírito (gr. pneuma ) em Adão , e Edem sopra a alma (gr. psyche). Baruque (hebraico para abençoado) é a boa árvore da vida e o principal anjo paternal, e Naas (de nahash, hebraico para «serpente ») é a má árvore do conhecimento do bem e do mal e o principal anjo maternal.
Elohim ascende para o Bem no «mais alto do céu» e se dá conta «do que nenhum olho viu ou ouvido escutou e o que não entro no coração humano». Com esta consciência da grandeza do divino, Elohim propõe que ele destrua o mundo que que fez e retome seu espírito aprisionado entre as pessoas aí, mas Deus não o permite. Ao invés, Elohim permanece acima, no alto, e Edem, abandonada lá em baixo, traz toda sorte de mal sobre o espírito de Elohim dentro das pessoas.
A briga dos amantes entre Elohim e Edem continua através da história humana. Elohim envia o anjo Baruque para «confortar o espírito vivendo em todas as pessoas». Baruque tenta solicitar a ajuda de Moisés, os profetas hebreus, e mesmo o profeta Herakles (Hércules), tudo em vão. Finalmente Elohim envia Baruque para Nazaré, e ele «descobre Jesus, filho de José e Maria, alimentando cabras, um menino de doze, e lhe conta tudo que aconteceu desde o começo, de Edem e Elohim e tudo que será. Ele disse, «Todos os profetas antes de ti foram seduzidos, mas Jesus, filho terreno, tenta não ser seduzido, e prega a palavra às pessoas e as conta sobre o pai e o Bem, e ascende ao Bem e senta com Elohim, pai de todos». A estória do Livro de Baruque conclui, de acordo com o relato em Hipólito, com interpretações alegóricas que conectam porções da estória gnóstica com a mitologia greco-romana. [The Gnostic Bible : Revised and Expanded Edition]