Deixar-me desapegar da criação, deixar-me desapegar de mim mesmo, deixar dissolver minhas representações de Deus, essas são as condições para o nascimento de Deus na alma e para o nascimento da alma em Deus. O gesto mais bonito da alma para com Deus é, portanto, para usar um vocabulário diferente daquele de Eckhart, “matar” Deus. E, matando Deus, deixar-se levar pelo maremoto assim causado pela morte de Deus.
Deixar-se desapegar de todo ser criado. Deixar-se desprender, consequentemente, do próprio (...)
Página inicial > Palavras-chave > Escritores - Obras > Malherbe / Jean-François Malherbe
Malherbe / Jean-François Malherbe
Matérias
-
Malherbe (SD:28-32) – Perder Deus
12 de outubro de 2022, por Cardoso de Castro -
Malherbe (SD:42-45) – Ainda perder Deus
13 de outubro de 2022, por Cardoso de CastroDeus está mais perto de mim do que eu de mim mesmo.
É por isso que oramos a Deus para ser desengajado de Deus e acolher a verdade e desfrutá-la eternamente onde os anjos mais elevados, a mosca e o jumento são iguais. [EckhartS:52]
Esta oração, aparentemente estranha para dizer o mínimo, parece poder ser entendida em pelo menos dois sentidos. Por um lado, pode significar que a alma que sofre Deus, a alma que não está mais lutando com seu próprio sofrimento, está, solitária e magnífica, acima de (...) -
Malherbe (SD:14-18) – Chaves para Mestre Eckhart
12 de outubro de 2022, por Cardoso de CastroA princípio me pareceu que três temas se encontram, pelo menos implicitamente, em cada sermão: a relação com a criatura, a relação consigo mesmo e a relação com Deus. Percebi então que três “estágios” podem ser distinguidos na jornada eckhartiana: um estágio de desapego, um estágio de inversão de perspectivas e interpretações ou estágio de “avanço” e, finalmente, um estágio de transfiguração ou bem-aventurança onde a criação, Deus e nós mesmos nos aparecemos com toda aptidões e verdades à luz da união da alma com (...)
-
Malherbe (SD:21-25) – Renunciar à criação
12 de outubro de 2022, por Cardoso de CastroPoderíamos recapitular esse primeiro movimento dessa maneira, ligando-o ao segundo. De fato, a causa raiz do amor à criação não é outra senão o amor próprio.
Todo amor por este mundo é construído sobre amor próprio. Se você tivesse abandonado este, você teria abandonado o mundo inteiro.
Quanto mais rápido o homem foge das criaturas, mais rápido o Criador vem até ele.
Ninguém é dono do mundo tanto quanto aquele que o deixou completamente. [EckhartS:38]
Tudo o que buscamos nas criaturas, tudo é noite. (...) -
Malherbe (SD:47-50) – A criação revela Deus
13 de outubro de 2022, por Cardoso de CastroAquele que renunciou a se deixar levar e ser levado pelas coisas do mundo, aquele que aceitou abandonar sua própria vontade e até mesmo seu desejo de vida eterna, preparou-se para receber a verdadeira vida, a vida do ser.
Ninguém é dono do mundo tanto quanto aquele que o deixou completamente. [ES-38]
O homem que assim deixou todas as coisas no seu nível mais baixo e onde elas são passageiras, as encontra em Deus onde elas são a verdade. Tudo o que está morto aqui está vivendo aí, e tudo o que é (...) -
Malherbe (SD:25-28) – Desprender-se de si
12 de outubro de 2022, por Cardoso de CastroÉ de fato a renúncia da vontade e não à vontade.
Renunciar ao amor próprio é renunciar ao mundo inteiro. É por isso que o desapego do mundo criado só é possível como consequência de um desapego ainda mais radical que consiste em desapegar-se de si mesmo:
Portanto, um homem bom deve se envergonhar diante de Deus e diante de si mesmo, quando ainda vê que Deus não está nele, que Deus Pai não opera nele, mas que o miserável vive nele determina sua inclinação e nele opera suas obras.
A criatura mais (...) -
Malherbe (SD:35-42) – Sofrer Deus
12 de outubro de 2022, por Cardoso de Castro“Sofrer Deus” é deixá-lo vir, deixá-lo sair, deixá-lo ir. É engendrá-lo. Deus é o meu sofrimento e eu sou o dele. Este vínculo salvífico não é da ordem da expiação, mas da expiração. É exalando que se abre o espaço que a respiração vai ocupar. É por isso que encontro Deus como meu sofrimento.
“Sofrer Deus” poderia ser considerado o ícone do pensamento eckhartiano. Mas este ícone tem dois lados: um feito de sofrimento, o outro de confiança. É a articulação dos dois que melhor pode sugerir o que está envolvido na (...)