Página inicial > Palavras-chave > Escritores - Obras > HulinEgo / PEPIC / Principe de l’ego
HulinEgo / PEPIC / Principe de l’ego
HULIN , Michel. Le principe de l’ego dans la pensée indienne classique : la notion d’ ahamkara. Paris: Collège de France, 1978
Um dos mais compreensivos livros sobre o pensamento indiano tomando como eixo de estudo a questão do "ego" no pensamento indiano clássico — ahamkara (fazer-eu).
A questão da individuação é uma daquelas que acompanham a metafísica ocidental no curso inteiro de sua história. Objeto de admiração para os Pré-socráticos , pedra de tropeço para a teoria platônica das Ideias, ela encontra sua "solução" clássica em Aristóteles, graças à intervenção do par matéria-forma. Transmitida pela escolástica medieval, ela ressurge na monadologia de Leibniz e se mantém no plano de fundo dos debates de filosofia biológica mais contemporânea. Ora, toda esta linhagem de pensadores buscou somente fundar, de modo positivo, a individualidade do vivente em geral como condição de possibilidade da verdadeira personalidade, aquela do sujeito humano. Quando um Schopenhauer , ao contrário, fala do principium individuationis, entende denunciar uma forma de ilusão metafísica: aquela que nos faz perceber o absoluto — para ele a Vontade — objetivado e dispersado na multitude dos organismos viventes com suas necessidades e desejos particulares. Mas pode ser que Schopenhauer, no contrapé de uma longa tradição de afirmação e de justificação da Pessoa, tenha ficado prisioneiro desta tradição. Quero dizer por isto que a Pessoa poderia ter sido refutada em sua existência real, e isso sob diferentes formas de sujeito moral, indivíduo, alma criada, etc., sem no entanto se fazer o objeto de uma colocação em questão ao nível da determinação de sua essência. Se esta hipótese se verificasse, esclareceria o famoso pessimismo de ou niilismo do autor. Se verdadeiramente, por uma necessidade de essência, a Vontade não se faz fenômeno para nós senão sob a forma desta tensão dolorosa pela qual, de um mesmo movimento, o sujeito se constitui em centro de referência autônomo, constitui seus semelhantes como tais e se opõe a eles, enquanto a cessação radical da dor (a distinguir de sua suspensão temporária) passa pela dissolução da individualidade ela mesma, com seus poderes de ação, de conhecimento e de alegria. Mas é dos Upanixades e do budismo que Schopenhauer pretendia tirar o essencial de sua doutrina. Assim, involuntariamente, contribuiu para enraizar no ocidente — e até nossos dias — o preconceito segundo o qual as soteriologias indianas não fariam senão traduzir um fuga diante das tarefas e conflitos da existência, se referenciariam ao «pessimismo da fraqueza» (Nietzsche ), sacrificariam toda alegria, e mesmo toda forma de consciência, ao desaparecimento da dor, ergueriam, sob o nome de nirvana, a queda no nada em fim último do homem.
A NOÇÃO DE AHAMKARA
PRIMEIRA PARTE - O ATMAN E A EMERGÊNCIA DO PROBLEMA DA INDIVIDUAÇÃO
I O atman e a revelação védica
- Do espaço cósmico ao espaço do coração
- O surgimento do mundo e a formação do ego
II O budismo e a negação do atman
- Os elementos
- A verdade dos elementos
III A reação bramânica e seus limites
- A consciência de si segundo a Mimamsa
- Paixão e desapego segundo o Samkhya-yoga
- O eu subsistência do Nyaya-Vaisesika
- Persistência das objeções budistas: o Tattvasamgraha
SEGUNDA PARTE — IGNORÂNCIA METAFÍSICA E INDIVIDUAÇÃO SEGUNDO O ADVAITA
I Sankara : Ambiguidades da sobreposição
- Questões de terminologia
- Gênese da individualidade
- A perspectiva da liberação
II As primeiras construções sistemáticas
- A. Padmapada
- O estatuto ontológico da nesciência
- Os níveis da consciência de si
- B. Mandanamishra
- C. Sureshvara
III Controvérsias e trocas de influências no Advaita tardio
- A. A escola de Vivarana e a ilusão cósmica
- O aporte de Prakasatman
- Bharatitirtha: o espelho do ego e a dupla criação
- B. As doutrinas subjetivistas
- Vacaspatimishra e a questão do lugar da ilusão
- Sarvajnatman e o solipsismo transcendental
Conclusão
TERCEIRA PARTE — A NOÇÃO DE PURNAHAMTA NO XIVAÍSMO DE CAXEMIRA
I Os fundamentos metafísicos
- A generosidade do absoluto: o spanda
- A gênese da servidão
II Experiência afetiva e experiência mística
- Surpresa e confusão: a reconquista do instante
- Alegria, dor, deslumbramento
III Experiência estética e desindividualização
- Fusão das consciências
- Sabores poéticos e sabor do brahman
Conclusão