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topos / τόπος / locus / τόπον / atopos / ἄτοπος / fora-de-lugar / atopia / ἀτοπία / extraordinário / incomum

  

gr. τόπος, tópos: lugar. Considerado por Aristóteles   como categoria em sua enumeração na forma interrogativa: poû (Cat., IV), mas não desenvolvida depois; ao contrário, os Tópicos (topika) são dedicados ao uso dos "lugares"-comuns da discussão. O lugar é tratado mais seriamente em seu sentido cosmológico na Física (IV, 1-9). Os céticos chamam de lugares "os modos que fazem concluir pela suspensão do juízo"- (Sexto Empírico, Hipot., I, 36).


Ullmann

Sempre insatisfeito com o que ele próprio era, Plotino   ambicionava um excelsior, um ápice não mais ultrapassável. A esse lugar Plotino sentia-se impulsionado por um instinto natural. "Mas que lugar é esse?" pergunta ele (En. V, 9, 2, 1. E responde: "É o lugar invisível" (aoratos topos: En. V, 8, 10, 5), sem extensão espacial, o qual só é conhecido pelo intelecto. O Uno (Hen) (= Deus, Bem, Supra-Ser, Beleza), o Espírito ou Inteligência (= Noûs = hen polla) e a Alma do Mundo (Psyche — hen kai polla) compõem o universo inteligível, as três hipóstases ou a tríade plotiniana, a qual foi interpretada como Trindade cristã por Eusébio de Cesareia, por Teodoreto de Ciro e Cirilo de Alexandria. Basílio de Cesareia e Agostinho não aceitaram essa interpretação concordista.

Quanto ao modo de conhecer esse topos ano, Plotino assume quatro posições. Vejamo-las. A primeira é apriorística ou dogmática, sentenciando peremptoriamente, sem admitir, pelo assim dizer, discussão. Impõe uma verdade. Exemplos abundam, com o emprego dos verbos dei, ananke esti (= é necessário) ou ouk dynaton (= é impossível). Assim temos:

a) "O Uno existe necessariamente" antes de tudo (dei pro panton hen einai: En. III, 9, 7-8).

b) "Se existe o múltiplo, é mister que antes exista um" (ei polla ananke prohyparchein hen: En. VI, 6, 13, 17-18).

c) "Não é possível existirem muitas coisas, não existindo o um" (ou dynatai gar polla, me henos ontos: En. V, 6, 3, 2).

d) Também quanto à segunda hipóstase, Plotino é categórico: "Noûn einai ananke" — (é necessário que exista o Noûs: En. V, 4, 2, 2). (Excertos de "Plotino, um estudo das Enéadas", de R. A. Ullmann  )

AKC (topos)

Veja o Códice de Bruce I, XII, LIV: "Ele fez com que ele próprio se transformasse em Espaço (topos) ... No Espaço exterior ao Pleroma penetra a Luz dos Olhos d’Ele... Só a Tua Vontade se transformou para Ti, no sentido em que, entre todos, Tu és o Espaço". Em Bhagavad Gita IX.4: "Não Eu neles, e sim eles em Mim". No Êxodo 24,10, o Elohim é apresentado em LXX   como topos. [AKCcivi  :Nota:79]

AKC (atopos)

Atopos, traducido usualmente por «extraordinario», pero aquí especialmente apropiado en su sentido literal de «sin lugar», pues todo lo que «no está en ningún tiempo», no está necesariamente tampoco «en ningún lugar». En sánscrito se usa akala, «in-temporal», donde en griego se usaría atopos, «fuera de lugar».

Adin Steinsaltz

A santidade de um lugar é objetiva, uma coisa por direito próprio. Mas, para estar consciente dessa santidade, a pessoa tem de conceder certa experiência. Porque poucas vezes essa santidade se evidencia externamente no mundo material. Os locais onde é reconhecida são usados frequentemente para os esforços mais profundos destinados a invocar a Fonte Suprema da Abundância. Também a revelação da santidade em algum lugar especial não tem sempre um efeito totalmente positivo; porque para estar corretamente receptiva à santidade, a pessoa precisa ter atingido um alto grau de purificação. Na ausência de consciência e purificação, o sentido da santidade pode ficar obscurecido ou até não ser captado em absoluto, e consequentemente, seu efeito pode ser o exato oposto da santificação. De fato, o poderoso atrativo enaltecedor é frequentemente contrabalançado por sentimentos precisamente de recusa e rebelião contra sua santidade. Porque onde quer que haja santidade, também estão essas forças parasitas irresistivelmente atraídas pela santidade, tentando viver dela e ao mesmo tempo destruí-la. Somente quando o aparelho inteiro da revelação é fixado e organizado até a perfeição, um lugar sagrado pode revelar-se a todos os homens, sem distinção, independentemente dos estados mentais subjetivos das pessoas, ou da presença de forças parasitas destrutivas.

Então, a santidade de um lugar implicaria que havia existido alguma revelação da Santidade Suprema num ponto do espaço físico escolhido para ser um veículo da abundância divina. Há outros tipos de lugares sagrados, com certeza — lugares que não atingiram a santidade no sentido mais completo da palavra, mas que ficaram, no entanto, sob a influência de algum evento ou personalidade santa. Os túmulos dos santos e dos sábios, por exemplo, ou os lugares onde efetuaram atos memoráveis, podem adquirir grande valor espiritual. Mas esses locais não são da mesma ordem, e não devem ser confundidos com essa verdadeira ligação entre Deus e o lugar que foi revelado na santidade radiante do Templo Sagrado. [Adin Even Yisrael. Excertos de "A Rosa de Treze Pétalas". Maayanot, 1992.]

Yves Albert Dauge

Segundo Yves Albert Dauge  , nosso destino está na apreensão da “verticalidade”, quer dizer do “sentido exato de circulação das Forças” — entre Céu e Terra, Deus e homem, Pai e Filho. A meta do esoterismo é de se liberar da mobilidade superficial e horizontal para acceder à criatividade essencial que se desdobra “verticalmente”: é o que se pode chamar a “mutação axial” — ou conversão, ou iniciação, ou soerguimento, ou ressurreição. Donde as expressões bem conhecidas: levantar a pedra, elevar a cruz, subir a montanha ou a escala. É sempre questão de estabelecer, de restabelecer justas trocas energéticas entre a Fonte e os “sujeitos” que dela são emanados.

O que é capital, para cada um, é de encontrar o “lugar” de seu soerguimento. Em hebreu, a palavra que se traduz por lugar contém toda uma filosofia: “maqom (MQWM), da raiz qum (QWM) que significa “se levantar, se soerguer, se manter de pé”, ou “reerguer-se, endireitar-se, restabelecer-se”. Um lugar, no sentido profundo do termo, é portanto um ponto do espaço onde intervém a verticalidade. Um exemplo tão célebre quanto instrutivo nos é fornecido pelo episódio do Sonho de Jacó (Gen 28, 11-19).

A notar:

  • A importância da palavra “lugar”, repetida seis vezes;
  • A pedra onde deita a cabeça, inspiradora enquanto figurando a unidade Pai-Filho;
  • A escada levantada entre Terra e Céu com a circulação dos Anjos, símbolo do Nome Divino — retomada do tema em Jo 1,51: “Vereis o Céu aberto e os Anjos de Deus (Yod) subir (He) e descer (He) acima do Filho (Waw) do Homem (Filho do Homem);
  • YHWH que se mantém de pé (Abraão = Lei, Isaque = Jogo, YHWH = Vivente em sua totalidade;
  • O Tema da Aliança;
  • O caráter central deste lugar, qualificado de “terrível”, da “Casa de Elohim” (mais adiante Beith-El = Bethel = “Casa de Deus” — se opndo ao Arcano XVI do Tarô, a “Casa-Deus”), de “Porta dos Céus” (o motivo “xamânico” da Ascensão);
  • A pedra onde deita a cabeça levantada como estela (eixo Pai-Filho) e ungida de óleo (Espírito);
  • A troca de nome: Louz — Bethel. Louz simboliza o núcelo indestrutível do ser humano, princípio-germe de sua ressurreição, garantia de sua imortalidade (v. René Guénon, O REI DO MUNDO): si Louz se torna Bethel, Casa de Deus, é para indicar a tomada de consciência por Jacó desta essência divina, deste poder axial, experimentada sob forma de sua própria religação ao Nome e a suas Energias. Iniciação vertical, logo, soerguimento do olhar, de conversão da vontade — e materializada pela pedra levantada. [Excertos de "L’ésotérisme pour quoi faire ?]

René Guénon

El «lugar» donde se sitúa este «hombre verdadero», es el punto central donde se unen efectivamente las potencias del Cielo y de la Tierra; así pues, por eso mismo, él es el producto directo y acabado de su unión; y es por eso también por lo que los demás seres, en tanto que producciones secundarias y parciales en cierto modo, no pueden más que proceder de él según una graduación indefinida, determinada por su mayor o menor alejamiento de este mismo punto central. Así pues, como lo indicábamos al comienzo, solo de él se puede decir propiamente y con toda verdad que es el «HIJO DEL CIELO Y DE LA TIERRA»; lo es «por excelencia» y en el grado más eminente que pueda ser, mientras que los demás seres no lo son más que por participación, siendo él mismo, por lo demás, necesariamente el medio de esa participación, puesto que es solo en su naturaleza donde el Cielo y la Tierra están inmediatamente unidos, si no en sí mismos, al menos por sus influencias respectivas en el dominio de existencia al cual pertenece el estado humano [1]. [O HOMEM VERDADEIRO E O HOMEM TRANSCENDENTE]


[1Esta última restricción la necesita la distinción que debe hacerse entre el «hombre verdadero» y el «hombre transcendente», o entre el hombre individual perfecto como tal y el «Hombre Universal».