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hsing

  

Na terminologia filosófica chinesa, hsing é muitas vezes empregado para designar o constituinte fundamental, ou aquilo que sobra depois de se retirar tudo o que é acidental de alguma coisa. Pode-se perguntar o que é acidental e o que é essencial na constituição de um objeto individual; mas não discutirei aqui esse aspecto; interessa-me mais expor o T’an-ching do que a filosofia chinesa. Tomemos como certa a existência de alguma coisa chamada hsing, algo fundamental no ser de uma pessoa ou de uma coisa, embora não deva ser tomada como uma entidade individual, como uma semente ou núcleo que resta quando todos os invólucros exteriores são removidos, ou como uma alma que escapa do corpo após a morte. Hsing significa aquilo sem o qual nenhuma existência é possível ou imaginável como tal. Como sua formação morfológica sugere, hsing é “um coração ou uma mente que vive” dentro do indivíduo. Em linguagem figurada, pode ser chamada de Força Vital.

Os tradutores chineses dos textos budistas sânscritos adotaram o termo hsing para expressar o significado implícito em termos como buddhata, dharmata, svabhava, etc. Buddhata é fo-hsing, “natureza de Buda”; dharmata é fa-hsing, “natureza ou essência de todas as coisas”; e svabhava é a “natureza-própria” ou o “Ser-em-si”. No T’an-ching, encontramos o hsing nas seguintes combinações: tzu-hsing, “natureza-própria”; pen-hsing, “natureza original”; fo-hsing, “natureza de Buda”; shih-hsing, “natureza perceptiva”; chen-hsing, “verdadeira natureza”; miao-hsing, ”natureza misteriosa”; ching-hsing, “natureza pura”; ken-hsing, “natureza-raiz”; chiao-hsing, “natureza-iluminação”; de todas essas combinações, a que mais frequentemente o leitor irá encontrar em Hui-neng   é tzu-hsing, “natureza-própria” ou “Ser-em-si, ou “Ser-em-si-mesmo”.

Hui-neng define hsing da seguinte maneira: “O hsin (mente ou coração) é a propriedade e hsing é o proprietário: o proprietário governa a propriedade; quando há hsing, há proprietário; quando hsing se ausenta, desaparece o patrão; quando há hsing, a mente (hsin) e o corpo existem; quando não há hsing, corpo e mente são destruídos. O Buda deve ser construído dentro do hsing, e não há de ser procurado fora do corpo” (§ 37).

Com isso, Hui-neng procura dar-nos uma explicação mais clara daquilo que ele entende por hsing. É a força dominante em todo o nosso ser. É o princípio da vitalidade física e espiritual. Não só o corpo, mas também a mente, em seu sentido mais elevado, funciona por causa da presença de hsing em ambos. Quando não há hsing, tudo está morto; mas isso não significa que hsing seja alguma coisa à parte do corpo ou da mente, que se introduz nele para acioná-lo, e que o abandona por ocasião da morte. Esse misterioso hsing, contudo, não é a priori de natureza lógica, mas um fato que pode ser experimentado. Hui-neng chama-o tzu-hsing (natureza-própria ou Ser-em-si), no texto do T’an-ching. [SuzukiDZNM  ]