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mukti / vidêha-mukti / videha-mukti / jivan-mukti / moksha

  

Arnaud Desjardins

Se acreditarmos no próprio vedanta hindu, o termo mais importante no Caminho do despertar é a palavra "Libertação", que traduz tanto o sânscrito moksha quanto mukti. Certos textos o traduzem por "emancipação"; por que não? Como a meta suprema proposta aos seres humanos é urna certa "Libertação", você pode se perguntar de que libertação se trata. O que é que deve ser liberto, e de que prisão ou de que servidão? É fácil ouvir a palavra "libertação" ou tomar conhecimento de que os Sábios, na índia, são chamados de jivan-mukta, "libertos nesta vida". É um pouco mais difícil constatar por si mesmo e para si mesmo de que libertação se trata precisamente.

Com certeza você vai responder: da minha libertação. Mas, e daí? Você, quem? E liberto de que escravidão? Há uma abordagem psicológica dessa questão, é a que leva você a ver cada vez melhor todos os seus condicionamentos. Mas Swâmiji (Swâmi Prajnanpad) também nos propõe uma definição de Libertação mais original, e que nos introduz no cerne da abordagem hindu da Verdade: "To get rid of all matter, both gross and fine, is the essence of the quest". Esses termos são eloquentes: "Livrar-se de toda matéria, tanto sutil quanto grosseira, é a essência da busca". Ou, se preferir: "Ser liberto é estar livre de toda matéria, grosseira ou sutil". O que é uma matéria sutil? Qual a diferença entre uma matéria grosseira e uma matéria sutil? Em que consiste minha servidão à matéria, seja ela grosseira ou sutil, e como posso ficar livre dela? Se quisermos especificar essa definição, podemos dizer (mas talvez não venha a ficar muito mais claro para você): "estar livre de toda identificação com a matéria grosseira ou sutil".

Pierre Gordon

A liberação não visa somente a vida atual. Ela se propõe antes de tudo a arrancar o homem de toda uma série de vidas e de mortes: senão, a detenção espaço-temporal arrisca de se exercer sem fim. Exceção feita para esta divergência teórica, a técnica da moksha se identifica exatamente à distante ascese do mundo subterrâneo. Os métodos de «ressurreição» permanecem os mesmos, se admita ou não a multiplicidade de existências. Repitamos mais uma vez que o tempo humano e a maya não tendo substância, a realidade das coisas permanece idêntica se se condensa o desenrolar dos mecanismos em um minuto e em um átomo, ou se se estende em milhares de vidas, séculos e universos. A Índia multiplicou existências como ela elaborou com os Kalpas: isso não toca em nada às relações fundamentais entre a energia radiante e os cosmos físico. [IMAGEM DO MUNDO NA ANTIGUIDADE]

Ananda Coomaraswamy

La liberación consiste precisamente en una liberación de estas alternativas, de estos «pares de opuestos». La con-ducta act-iva del hombre volitivo (cf. gr. synago, agoge, sánscrito samaj, samaja, √ aj, ago, latín ago, de donde «acto») no es nada más que un comportamiento instintivo y pasivo; (por una de las «coincidencias» de la etimología sánscrita, a-ja significa «innacido»: y el Movedor de todas las cosas es aja en ambos sentidos); conducirse uno mismo es «ser en acto», comportarse es «ser in potentia»; la conducta es con-sider-ada, el comportamiento inconsiderado —es decir, la primera está de acuerdo con la moción ordenada de las estrellas (latín sider), mientras que el comportamiento es excéntrico. La distinción es paralela a la que hay entre synnoia y paranoia, y a la del sánscrito svaraj (autonomía) y anyaraj (heteronomía) según se expresa en Chandogya   Upanishad   VII.25.2, cf VIII.1.5.6. [MARIONETES]

Heinrich Zimmer

Por exemplo, a importância dada pelas filosofias ascéticas ao ideal e fim supremo do moksha, e a consequente vastidão literária a respeito, levam o estudante do Ocidente a uma visão extremamente unilateral da civilização indiana. A verdadeira força de um ideal não pode ser compreendida fora de seu contexto, e esse contexto é a Índia tradicional, não a moderna civilização industrial. Moksha é uma força que tem impregnado cada traço, característica e disciplina da vida indiana e que modelou toda sua escala de valores. Deve ser entendido não como uma refutação mas como o coroamento final do êxito do homem triunfante. Em síntese: a maior parte da filosofia indiana propriamente dita diz respeito à orientação do indivíduo durante a segunda etapa de sua vida; não antes, mas depois que tenha cumprido os compromissos com o mundo decorrentes da vida pessoal. Uma vez cumpridos seus deveres como membro moral e sustentador da família e da comunidade, é que se volta à tarefa final da aventura humana.

Grama, "o povoado", e vana, "a floresta" se opõem reciprocamente. Para o âmbito de grama foi dado aos homens "o grupo de três" (trivarga) e os manuais dos fins e metas próprios da vida mundana; mas no que diz respeito a vana — a floresta, o eremitério, a ação de livrar-se desta carga terrena de objetos, desejos, deveres e tudo o mais — o homem necessita de outras disciplinas, de outro caminho, de outros ideais, técnicas e experiências de liberação. Tanto os negócios, a família, a vida secular, como as belezas e esperanças da juventude e os sucessos da maturidade são agora deixados para trás: apenas a eternidade permanece. E para ela a mente se dirige, não mais às tarefas e atribulações desta vida que vieram e se foram como um sonho. Moksha aponta para além das estrelas, não para a viela do povoado. Moksha é a metafísica posta em prática. Seu objetivo não é assentar os alicerces das ciências, desenvolver uma sólida teoria de conhecimento ou controlar e aperfeiçoar os métodos para abordar cientificamente o espetáculo da natureza e os documentos da história humana, mas para rasgar o véu do tangível. Moksha é uma técnica para transcender os sentidos a fim de descobrir, conhecer e permanecer identificado com a realidade atemporal que subjaz no sonho da vida no mundo. O sábio conhece e interpreta a natureza e o homem enquanto visíveis, tangíveis e susceptíveis de experiência, mas apenas para ir além deles rumo ao bem metafísico supremo.


Aquele que tiver experimentado o Eu universal (Brahman) como cerne e substância (atman) de sua própria natureza ficaria imediatamente liberado das esferas da fenomenalidade — tecidas de ignorância que encobrem o Eu com véus superpostos — não fosse a inércia advinda de suas ações anteriores (tanto de sua vida atual como de vidas passadas) que o faz prosseguir, mantendo por um tempo sua aparência fenomênica de corpo e de "indivíduo". Este impulso cármico vai desaparecendo gradualmente ao longo dos últimos anos do sujeito, e suas sementes transformam-se em frutos, vindo a ser as experiências e acontecimentos que afetam o que resta de indivíduo fenomênico; mas a consciência própria do liberado, tendo sua morada no Eu, permanece inabalável. Embora continue associado a um corpo e a suas faculdades, não é perturbado pelas sombras da ignorância. Prossegue movendo-se entre as formas e as situações temporais; contudo, reside para sempre na paz. Quando chega o momento de sua liberação final — seu supremo isolamento (kaivalya), sua "liberação sem corpo" (videha-mukti) — e cai a casca residual de sua antiga falsa impressão de si mesmo, nada acontece na esfera da eternidade na qual ele realmente mora, e na qual, se o soubéssemos, todos nós moraríamos de fato. [Filosofias da Índia]

Guénon

La Liberación, en el caso del que acabamos de hablar en último lugar, es propiamente la liberación fuera de la forma corporal ( vidêha-mukti ), obtenida a la muerte de una manera inmediata, puesto que el Conocimiento es ya virtualmente perfecto antes del término de la existencia terrestre; por consiguiente, debe ser distinguida de la Liberación diferida y gradual (krama-mukti ), pero debe serlo también de la liberación obtenida por el yogi desde la vida actual ( jîvan-mukti ), en virtud del Conocimiento, ya no solo virtual y teórico, sino plenamente efectivo, es decir, que realiza verdaderamente la "Identidad Suprema". En efecto, es menester comprender bien que el cuerpo, como cualquier otra contingencia, no puede ser un obstáculo al respecto de la Liberación; nada puede entrar en oposición con la totalidad absoluta, frente a la cual todas las cosas particulares son como si no fueran; en relación a la meta suprema, hay una perfecta equivalencia entre todos los estados de existencia, de suerte que, entre el hombre vivo y el hombre muerto ( entendiendo estas expresiones en el sentido terrestre ), aquí ya no subsiste ninguna distinción. Aquí vemos todavía una diferencia esencial entre la Liberación y la "salvación": ésta, tal como la consideran las religiones occidentales, no puede ser obtenida efectivamente, y ni siquiera asegurada ( es decir, obtenida virtualmente ), antes de la muerte; lo que la acción permite alcanzar, la acción puede también hacerlo perder siempre; y puede haber incompatibilidad entre algunas modalidades de un mismo estado individual, al menos accidentalmente y bajo condiciones particulares [Esta restricción es indispensable, ya que, si hubiera incompatibilidad absoluta o esencial, la totalización del ser se tornaría imposible, puesto que ninguna modalidad puede permanecer fuera de la realización final. Por lo demás, la interpretación más exotérica de la "resurrección de los muertos" basta para mostrar que, incluso desde el punto de vista teológico, no puede haber una antinomia irreductible entre la "salvación" y la "incorporación".], mientras que ya no hay nada de tal desde que se trata de estados supraindividuales, ni con mayor razón para el estado incondicionado. Considerar las cosas de otro modo, es atribuir a un modo especial de manifestación una importancia que no podría tener, y que incluso la manifestación toda entera no tiene tampoco; únicamente la prodigiosa insuficiencia de las concepciones occidentales relativas a la constitución del ser humano puede hacer posible una semejante ilusión, y únicamente ella puede también hacer encontrar sorprendente que la Liberación pueda cumplirse tanto en la vida terrestre como en todo otro estado. [GuenonHDV  ]