Página inicial > Palavras-chave > Escritores - Obras > Oráculos Caldeus / Oracula Chaldaica

Oráculos Caldeus / Oracula Chaldaica

  

Segundo Henry Corbin  , a tradição de Zoroastro e seus Magos em dado momento se estabeleceu no ocidente do mundo iraniano, de onde teve uma dupla extensão na direção a oeste: por um lado, que nos interessa, na direção sudoeste, até a Caldeia (Babilônia não foi por muito tempo a residência de inverno do Grande Rei?). Do encontro com a sabedoria caldaica procedeu o que se pode nomear o mago-caldaismo, que, através da Síria, ganhou Alexandria, em sua fase de centro intelectual do helenismo e, mais importante ainda, centro do neoplatonismo  . O fervor religioso e filosófico de consciências em afinidade umas com as outras tornou possível o encontro do platonismo  , do orfismo, do hermetismo, do mago-caldaismo. Deste encontro, a obra de Sohrawardi   repercute o eco até o Islame. É deste meio espiritual que eclode o célebre texto conhecido sob o nome de Oracula Chaldaica. Atribuídos a Zoroastro por Gemisto Plethon  , e sem dúvida por outros antes dele, estes Oracula ou Logia foram redigidos de fato (na segunda metade do século II) por dois piedosos teósofos: Juliano o Caldeu e seu filho Juliano o Teurgista (conforme a excelente obra de Hans Lewy, Chaldaean Oracles and Theurgy: Mysticism, Magic and Platonism in the Later Roman Empire). Escritos em linguagem simbólica obscura, Os Oráculos Caldeus (o termo "caldeus" não tendo senão um sentido étnico bastante vago) tinha por tema o conhecimento dos seres noéticos, quer dizer dos seres do mundo inteligível que governam este mundo aqui, os meios de comunicar com eles sendo igualmente noéticos, quer dizer espirituais. Este texto teve uma influência considerável sobre os filósofos neoplatônicos: Jâmblico  , Siriano  , Proclus   e outros mais, o comentaram longamente à maneira de uma Bíblia   de sentenças abstrusas. Tais quais foram meditadas por estes neoplatônicos, estes Oracula oferecem algo como uma "Magia Helenizada". Ora, esta Magia, obra de neoplatônicos "orientalistas", não apresenta mais o dualismo radical dos Magos que condena Sohrawardi, estando de pleno acordo com a representação de Zoroastro como um dos profetas do Único.