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Elias / Elías / Khidr / Khadir / Khader / Khizr / Khazer / Khadr / Khedher / Khizir / Khizar / Hadir / Khyzer / Qeezr / Qhezr / Qhizyer / Qhezar / Xızır / Hızır / Jadir / Jádir

  

Leo Schaya

Segundo a tradição judaico-cristã, o profeta Elias não somente subiu vivo ao céu, mas depois de sua ascensão, muitas vezes desceu secretamente e continua a se manifestar na terra de maneira misteriosa. Assim está, no judaísmo, invisivelmente presente em cada circuncisão de uma criança masculina no oitavo dia depois de seu nascimento, e cada ceia pascal   celebrada pelas famílias; além do mais, se manifesta visivelmente a certos seres espirituais para os iniciar nos Mistérios da Escritura. Sua presença significa para a maioria de Israel a benção que desce imediatamente do céu, e para a elite mas particularmente a influência iluminadora. A manifestação de Elias é destinada, em um mundo que caminha para seu fim, a animar o estudo e a observância da Lei de Moisés e, em particular, a realização espiritual de seus mistérios. É o que decorre hermeneuticamente desta passagem final de Malaquias (3, 22-24): “Lembrai-vos da Lei de Moisés, Meu servidor, aquela que dei em Horebe, para toda Israel, preceitos e ordenamentos. Eis, eu vos enviarei Elias, o profeta, antes que venha o dia de YHWH, grande e temível. Ele conduzirá o coração dos pais a seus filhos, e o coração dos filhos a seus pais, temendo que não venha atingir a terra de anátema”.

A passagem escriturária que acabamos de citar é rica de significação; indica entre outros aspectos duas missões diferentes de Moisés e de Elias: a primeira se refere antes de tudo à “Lei” ou “Doutrina” (Torá) — o Pentateuco   —, a segunda aos “Profetas” (Nebiim) — e, em um sentido entendido, aos “Hagiógrafos” (Ketubim) também —, o conjunto de todas as revelações constituindo o AT. A Lei de Moisés ou o Pentateuco comporta a integralidade do exoterismo e do esoterismo de Israel; seus textos são relembrados e desenvolvidos — e aumentados de relatos dos eventos pós-mosaicos da história santa — pelos Profetas e os Hagiógrafos (estes últimos reunindo os Salmos  , Provérbios, Jó, Cântico dos Cânticos, Rute, Lamentações, Eclesiastes, Ester, Daniel, Esdras, Neemias, Crônicas). Quanto a Elias, o Tishbita, ele não deixou escrito profético, mas figura, acabamos de ver, nos Livros dos Reis: ele representa, entre os profetas, o tipo de “Mestre Oculto”, aquele que inicia a elite de Israel à Sabedoria esotérica e universal da Torá. Em outros termos, na passagem precitada de Malaquias, “Moisés” significa a parte exotérica de Israel “implicando o esoterismo”, enquanto “Elias”, é a animação do exoterismo a partir do “esoterismo explicado” à elite e realizado por ela. Em fim, “Elias” não significa somente o esoterismo e sua influência sobre o exoterismo judeu, mas ainda o esoterismo em sua universalidade, que religa os Mistérios da Torá àqueles de todas as tradições autênticas do Oriente e do Ocidente.

A tradição islâmica conhece uma função espiritual correspondendo àquela de Elias, e dela afirma o exercício notadamente por duas personagens tendo cada um sua esfera de atividade própria. Não falamos aqui de Elias ele mesmo, mencionado o Corão ao lado de Jesus (VI,85) e em sua luta contra os adoradores de Baal (XXXVII, 123-132); trata-se em primeiro lugar de Al-Khidr ou Al-Khadir, o “Verde” ou “Verdejador”, que reveste na tradição esotérica do Islã as mesmas características fundamentais que Elias, pelo menos aquelas de sua função de Mestre espiritual “sempre vivo” e descendo subitamente de um mundo supra-terrestre, para se manifestar em secreto a tal sedento do Absoluto. Ele é Mestre sobretudo espíritos solitários, seres de elite a quem ele se revela como um oceano de sabedoria iniciática e universal, uma fonte abundante de iluminação, um detentor e doador de “água da vida”. Quanto ao outro personagem refletindo Elias no Islã, é aquele que virá ao final, para estabelecer o que a tradição judaico-cristã chama o “Reino do Messias Glorioso”: é o Al-Mahdi, o “Guiado” por Deus.

Roberto Pla

No anúncio do nascimento de João Batista, relatado por Lucas  , se diz, em palavras do Anjo, que “precederá (ao Senhor) com o espírito e poder de Elias”.

É bem sabido que com este texto se pretende resolver na pessoa de João Batista o regresso de Elias, arrebatamento - arrebatado ao céu, segundo se explica no segundo livro dos Reis. O regresso do profeta foi anunciado por Malaquias e havia chegado a converter-se mais tarde, nos tempos de João, em uma traço muito importante da escatologia judaica.

Mas, que se quer dizer no AT quando se explica que Elias foi arrebatamento - arrebatado ao céu no torvelinho? Segundo a síntese do relato, quando chegou Elias ao Jordão acompanhado de Eliseu, tomou Elias seu manto, o enrolou e golpeou com ele as águas, que se dividiram de um lado e de outro e passaram ambos a pé enxutos. Logo, um carro de fogo, com cavalos de fogo se interpôs entre Elias e Eliseu, e Elias subiu ao céu no torvelinho. Depois, Eliseu tomou o manto de Elias e golpeou as águas, que se dividiram de novo e passou de retorno Eliseu.

Como se pode ver, neste relato da assunção, ou melhor, da “evanescência” de Elias no torvelinho de fogo, o que opera são dois elementos, a água e o fogo, e não resulta demasiado difícil distinguir os efeitos de um duplo batismo, batismo de água - o de água de João Batista e batismo do Espírito - o do Espírito, bem relacionado este último com as línguas de fogo pentecostais (v. Pentecostes) que explica mais tarde o evangelista Lucas. Não parece haver dúvida de que os escribas judeus antigos conheciam muito bem o significado misterioso do “nascimento de acima” (v. Nascer do Alto) e uma vez mais se comprovam os motivos justificados que tinha Jesus para dizer a Nicodemo: “Tu és mestre em Israel e não sabes isto?”.

As águas do Jordão que se abrem “de um lado e de outro” para que passem Elias e Eliseu são, naturalmente, as psique - águas da alma, uma vez mais — as que há encima e debaixo do firmamento, segundo o Gênesis — que quando estão disciplinadas pela purificação deixam passagem franca à consciência para que esta contemple o céu ou região superior da luz.

Quanto ao carro de fogo com cavalos de fogo são uma maneira de representar a ação do “poder” de Deus (o Espírito), que advém como chuva impetuosa de conhecimento, como se do exército de Deus se tratasse. Este é o Batismo do Espírito que Eliseu não teve olhos suficientemente despertos para contemplar, quer dizer, o batismo de unção, que não pôde receber.

Elias o havia dito a Eliseu: “Se alcanças a ver-me quando seja levado de teu lado” (terás o que pedes); mas perdeu de vista a Elias — não pôde segui-lo em seu despertar interior — e somente pôde recuperar o “manto”, a parte inferior da alma de Elias, sua envolturas - envoltura superficial. Graças ao manto pôde Eliseu voltar a passar as águas e fazer crer ante os olhos dos profetas que o esperavam que o espírito de Elias se perpetuava em Eliseu. O espírito (ruah), e não seu “poder” (o Espírito de Deus), pois este o escapou dos olhos.

A "apokatastasis - restauração" profetizada de Elias e a "assunção" de João Batista (uma mesma coisa), se haviam cumprido no segredo profundo da alma e consistiam em ser uma "glória" comum na "glória" do Filho do homem, segundo se descreve na Transfiguração.

Mas essa assunção só pode se cumprir em seguida à culminação do ciclo do batismo de espírito - batismo em Espírito. De qualquer forma que se queira expressar, a assunção é a consumação de um hierogamia - matrimônio sagrado no qual a alma, na plenitude de sua alegria (Jo 12,24), se instala além de suas psique - próprias barreiras psíquicas, de seu próprio firmamento e então o grão, o espírito, limpo de palha, dá o fruto da liberdade (Jo 12,24) e goza de uma só e única morada, uma só glória, no Filho e no Pai, posto que ambos são "uma só coisa" (Jo 14,23-30). Evangelho de Tomé - Logion 46

Joaquín Albaicín

Es también Ibn Arabi   quien informa de que Idris (Enoque) se manifiesta en el mundo humano por medio de las figuras de Khidr y Elías, que identifica respectivamente con Solve y Coagula, es decir, las dos serpientes del caduceo de Hermes, algo muy consistente con su naturaleza de mensajeros de la tierra en que se espiritualizan los cuerpos y se corporifican los espíritus. ¿Qué sabemos de ambas figuras?

De Khidr, primero de estos dos comisionados de Metatrón en el mundo humano, sabemos que es el Guardián de la Fuente de la Eterna Juventud y, pese a su condición errante, regente de la Tierra de Yuh, situada bajo la montaña primordial de Qaf. Su sobrenombre de Tair Al Quds (El Ave Sagrada) inevitablemente nos recuerda al Fénix que mora en el Cielo del Sol o de Idris [1]. Es el patrón de los viajeros y de todas las órdenes sufíes, así como la puerta abierta hacia la Gnosis para todos aquellos a quienes circunstancias de diversa índole impiden el acceso a los canales regulares de la enseñanza espiritual (particularmente, los llamados «pueblos en tribulación»). Es el maestro esotérico de los santos y los profetas (de ahí que El Corán se refiera a él como maestro de Moisés en la ciencia de la predestinación). Puesto que se trata de una manifestación de Idris, se entiende la afirmación de Schuon   — compartida por Henry Corbin   — en el sentido de identificarle con el Espíritu Santo, «forma humana de Metatrón» [2]. En cuanto a su función de sostén de santos y profetas, tenemos que El Corán alude a menudo a Jesús como «auxiliado por el Espíritu Santo» [3], así como que Juan El Bautista, a menudo considerado una manifestación de Elías, está, en palabras del ángel a Isabel, «lleno del Espíritu Santo» (Encarnação).

Si Khidr es «el Espíritu Santo (...) la forma humana de Metatrón; y el Intelecto que habita en nosotros es su manifestación microcósmica», Elías, segundo componente de esta pareja, es «una manifestación histórica — pero también suprahistórica — de este principio». Elías, dice la tradición, era ya un ángel cuando pidió al Señor ser enviado al mundo para ser útil a los hombres. Una de sus misiones propias es archivar las crónicas de la historia del mundo. Pero la principal de cuantas le incumben es, sin duda, el anuncio de la próxima llegada del Mesías.


[1Ver II Enoch. El Libro de los Secretos de Enoch XII, 1.

[2Carta de Frithjof Schuon a Leo Schaya de 4 de septiembre de 1973, cit. en Aymard, Jean-Baptiste: Un retrato espiritual, en VV. AA. Frithjof Schuon (1907-1998). Notas biográficas, estudios, homenajes (Olañeta, Palma 2005).

[3Seguramente, hay que reconocer a Khidr en el ángel que le conforta en el Monte de los Olivos.