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Teofano o Monge

  

Segundo a tradução francesa da Philokalia  , dele nada se sabe, mas este "monge miserável" como ele mesmo se chama nos legou um poema denso de hesicasmo puro. À semelhança da Escada de Climacus   ele define uma escada de apenas dez degraus que simbolizam os estágios da ascensão (psychanodia  ) ao Reino de Deus em nós. É uma espécie de diagrama da deificação (theosis), que como escada das graças (kharis), a exemplo da escada de Jacó, religa o homem preso à terra a Deus, no mais alto dos céus.

Teofano estabelece em dez versos os dez degraus: a oração, o calor, a energia divina, as lágrimas, a paz, a purificação, a contemplação, o flamejamento, a iluminação,, a perfeição. Esta enumeração de degraus está implicitamente ligada a experiência e a uma transmissão milenar; encontra-se tal qual em Isaac o Sírio: a ordem da vida monástica", ou "como as virtudes nascem umas das outras", estas virtudes que só fazem "manifestar a abundância da graça".

Em sua exposição, Teofano após indicar os degraus, os comenta, sem definir o diagrama da escada como um programa. Os degraus não correspondem nem a esforços, nem a virtudes. Só são uma sequência de graças. A ascese anterior à escada: se desfazer das preocupações desta vida, antes de se deixar levar não mais pelos elementos aparentes do mundo, mas pelos degraus místicos, e ascender ao primeiro: a oração pura. A gestação espiritual antes do segundo nascimento (passagem do corpo de terra ao corpo de glória) se dá como na gestação biológica: todos os estados da gestação são imediatamente ressentidos, a partir do primeiro, como uma mesma transfiguração do corpo. Como diz Teofano: "Cada degrau tem uma amplitude infinita".

Finalmente, depois de ter posto a escada acima do mundo, ele mesmo se recusa a ensiná-la. Ele se retira no lugar do homem decadente e perdido, o único donde pode vir humildemente a oração pura, como do fundo do coração partido: sob a escada.

Segundo a tradução inglesa da Philokalia, Teofano dá uma ênfase particular à necessidade de experiência pessoal direta. A vida eterna, insiste ele, deve começar aqui e agora, neste mundo atual; mas ao mesmo tempo, como Gregório de Nissa, ele vê a perfeição (katartismos) como um progresso sem fim nos eones (aion) a virem, "um degrau (ou passo) que não tem limite".