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Islã / Islam / Sufismo / Tasawwuf / Sufi / Sufyi / tariqa
O Islã é o encontro de Deus enquanto tal e o homem enquanto tal.
Deus enquanto tal: isto significa dizer Deus concebido, não como manifestou-Se de forma particular numa época particular, mas sim independentemente da história, tendo em vista que Ele é o que é, e que, por Sua natureza, cria e revela.
O homem enquanto tal: o homem tomado, não como ser decaído que precise de um milagre para ser salvo, mas como ser teomórfico, dotado de uma inteligência capaz de fazer ideia do Absoluto, e de uma vontade capaz de escolher aquilo que conduz ao Absoluto. [Schuon , Compreender o Islã]
Usamos um termo incomum para nos referir àqueles que se encantam com a tradição sufi e dedicam suas vidas a estudá-la e cultivá-la, algumas vezes de um ponto de vista puramente acadêmico, "guardando certa distância", mas em muitos casos se apropriando do ensinamento, no sentido de tornando-o próprio.
Há três maneiras pelas quais Sufis são Sufis e não outra coisa. A primeira podemos chamar teoria , ou a total visão conceitual que um Sufi tem em se relacionando ele mesmo à realidade. Alguns Sufis pensam sobre a realidade última como Amor, outros como o Real, e outros se contém de ser tão sistemáticos, mas todos sabem que pensam na mesma coisa. A teoria Sufi é o conhecimento que um Sufi tem sobre a natureza das coisas. É um relato ou descrição que pode ser ensinado. Segundo, há a prática dos Sufis, que em todos os casos é a arte da lembrança de Deus (dhikr Allah) em todos seus modos, da fundação da tradição revelada (shariah) e do cultivo das virtudes. Como uma disciplina formal, também pode ser ensinada e passada adiante. Finalmente, há o que se pode denominar experiência ou realização , que é o que o Sufi descobre como um resultado de tomar o que sabe sobre a natureza de Deus e a natureza do homem e acoplar isto com o método transmitido a ele pela tradição. O desejo e a vontade para praticar a vida espiritual não pode ser ensinado, nem pode se pode encontrar o fruto da vida espiritual em livros. É significante que um nome comum dado por Ibn Arabi aos Sufis seja muhaqqiq ou “pessoa que realiza”. (Carner K. Dagli , Prefácio a sua tradução e comentário da Sabedoria dos Profetas de Ibn Arabi)
Dentre as tentativas de apresentar uma visão mais profunda do
pensamento islâmico, destacamos as seguintes, para as quais oferecemos esquemas-resumos que permitem a futura adição de excertos das obras, assim como possibilitam uma panorâmica do pensamento islâmico, com seus principais pensadores em destaque.
Matérias
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Corbin : Vocabulaire de l’être
6 de setembro, por Cardoso de Castro
Extrait du préface du « Livre des Pénétrations Métaphysiques ».
Nous avons à considérer que, par sa métaphysique de l’être donnant de plein droit la primauté à l’acte d’exister, Mollâ Sadrâ opère une révolution qui détrône la vénérable métaphysique de l’essence, dont le règne durait depuis des siècles, depuis Fârâbî, Avicenne et Sohravardî. Même s’il n’est pas impossible d’en déceler antérieurement les indices précurseurs, cet acte révolutionnaire a chez Mollâ Sadrâ sa vertu propre, car (...)
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Attar (AP) – O califa e seus sete filhos
12 de dezembro de 2008, por Cardoso de Castro
Extrait de « Anthologie persane (XIe-XIXe siècles)», par Henri Massé. Payot, 1950
Un homme qui avait parcouru l’univers, le cœur en désarroi, ses affaires troublées, pour chercher un ami qui avait disparu, me conta, le tenant de gens bien renseignés, qu’un calife était père, autrefois, de sept fils ; or chacun d’eux avait conçu de hauts desseins; ils ne renonçaient pas à la présomption ; en toute science qui existait de leur temps, chacun d’eux ressemblait à une perle unique. Comme ils (...)
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Shayegan (APP) – a temática poética de Omar Khayyam
6 de setembro, por Cardoso de Castro
O mundo tem duas portas: uma entra e a outra sai. O homem está preso entre dois nadas, e isso constitui a enfermidade inerente à natureza das coisas, a loucura fundamental e original do mundo. Entre esses dois nadas, o tecido do ser é tecido de dor, mas uma dor tão essencial que constitui de certa forma o pano de fundo da existência, já que esta apenas a reproduz: "Se os não-ainda-vindos soubessem o que sofremos, nunca teriam vindo a ser. Se o mundo é impotente para resolver o enigma do (...)
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Rumi (M:Prólogo) – Escuta a flauta...
19 de setembro de 2022, por Cardoso de Castro
Escuta a flauta de bambu, como se queixa, Lamentando seu desterro: "Desde que me separaram de minha raiz, Minhas notas queixosas arrancam lágrimas de homens e mulheres. Meu peito se rompe, lutando para libertar meus suspiros, E expressar os acessos de saudade de meu lugar. Aquele que mora longe de sua casa Está sempre ansiando pelo dia em que há de voltar.
português
Escuta a flauta de bambu, como se queixa, Lamentando seu desterro: "Desde que me separaram de minha raiz, Minhas notas (...)
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Rumi (PLW:104-106) – um ladrão à noite
1º de outubro de 2022, por Cardoso de Castro
Como se fosse meia-noite os dormentes se levantam em suas camas ouvindo um ladrão invadir a casa na escuridão eles tropeçam chorando "Socorro! Um ladrão! Um ladrão!"
tradução
De repente (ainda que de alguma forma esperado) ele chegou O convidado . . . o coração tremendo "Quem está aí?" e alma respondendo "A lua . . ."
entrou na casa e nós lunáticos corremos para a rua olhando para cima Procurando pela lua.
Então—dentro da casa— ele gritou "Aqui estou!" e nós além do alcance da (...)
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QUELQUES ODES DE HAFIZ (II)
13 de julho de 2010, por Cardoso de Castro
QUELQUES ODES DE HAFIZ, PAR A. L. M. NICOLAS
II
Si cette belle Turque de Chiraz vient à satisfaire les vœux de mon cœur, je lui fais don, pour le seul amour de son noir grain de beauté de Samarquand et de Bokhara.
Apporte, ô echanson ! apporte le reste de notre vin, car tu ne saurais trouver en Paradis ni cette rive de Roukn Abad ni les jardins de Goulguecht ou de Mousalla.
Hélas ! semblables aux Turcs dévastateurs qui pillent et saccagent la table d’un festin, ces belles aux doux (...)
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Sidersky: Hénoch ou Édris
9 de novembro de 2008, por Cardoso de Castro
D. Sidersky, Les origines des légendes mulsumanes dans le Coran et dans la vie des Prophètes. Librairie orientaliste Paul Geuthner, 1933
Le Coran ne parle d’Édris (Hénoch) que très brièvement (XIX, 57 : XXI, 85-86), tandis que Tabari et Al-Kissaï lui consacrent des longs chapitres. Partant du passage biblique (Genèse, V, 24):
Hénoch marcha avec Dieu, et on ne le vil pins, car Dieu l’avait pris, les chroniqueurs musulmans racontent en détail la vie de Hénoch au-delà. La Chronique de (...)
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Izutsu (UECP) – Ibn Arabi - coração (qalb)
8 de setembro, por Cardoso de Castro
A existência do mundo como um continuum temporal é, na realidade, uma série de existências, cada uma das quais emerge e desaparece momento a momento. Assim, entre duas existências consecutivas há sempre uma ruptura, um abismo ontológico de inexistência, por mais curta e imperceptível que seja ao olho comum. E o que é verdade para o mundo como um todo é, claro, verdade para cada uma de todas as coisas existentes. Isso equivale a dizer que não há substância sólida no mundo. [UECP]
Ibn (...)
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Evelyn Underhill – Misticismo
1º de outubro de 2022, por Cardoso de Castro
Construímos este resumo a partir do índice analítico do livro e o utilizaremos para aditar anotações traduzidas da obra.
O FATO MÍSTICO
I Ponto de partida O tipo místico Sua persistência A busca da verdade pelo homem Os místicos reivindicam te-la alcançado As fundações da experiência O Si Suas sensações Seus conceitos O mundo sensível Seu caráter irreal Filosofia Suas teorias clássicas da realidade O naturalismo Seus fracassos O idealismo Suas limitações Ceticismo (...)
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Izutsu (ST:7-8) – a realidade
15 de março de 2022, por Cardoso de Castro
IZUTSU, Toshihiko. Sufism and Taoism. A comparative Study of Key Philosophical Concepts. Berkeley: Univesity of California Press, 1983, p. 7-8.
nossa tradução
A chamada "realidade", o mundo sensível que nos cerca e que estamos acostumados a considerar como "realidade", é, para Ibn Arabi, senão um sonho. Percebemos pelos sentidos um grande número de coisas, as distinguimos umas das outras, as colocamos em ordem por nossa razão e, assim, acabamos estabelecendo algo sólido ao nosso (...)
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Dagli (RW): Nomes Divinos
21 de agosto de 2022, por Cardoso de Castro
Caner K. Dagli: THE RINGSTONES OF WISDOM
tradução de extrato
Cada identidade imutável é uma forma (surah) de uma divina Qualidade ou Nome no conhecimento de Deus, o que vale dizer que Deus tem conhecimento Dele mesmo ou de Seus Nomes. Os Nomes sendo infinito, as identidades também são infinitas. Os Nomes divinos eles mesmo são elencados em uma hierarquia, cada um possuindo seu próprio escopo ou domínio único. Nomes tais como o Santo (al-Quddus), o Real (al-Haqq), e o (...)
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Rumi (Chittick:21-23) – o sentido e a forma
1º de outubro de 2022, por Cardoso de Castro
O mundo é pó, e no pó escondem-se o varredor e a vassoura. (Diwan-i Shams-i Tabrizi 13164)
tradução (português)
As pessoas olham para as causas secundárias e pensam que elas são a origem de tudo o que acontece. Mas foi revelado aos santos que as causas secundárias não passam de um véu. (Fihi ma fihi 68/80)
Essas causas secundárias são véus sobre os olhos, pois nem todo olho é digno de ver Sua habilidade. É preciso ter um olho que atravesse as causas secundárias e rompa todos os (...)
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Chittick & Wilson (Iraqi:6-9) – a unicidade do ser
5 de outubro de 2022, por Cardoso de Castro
Em suma, por sua própria natureza, o Ser Ilimitado possui todas as possibilidades de Automanifestação (zuhur, tajalli). Por sua própria natureza Ele é Vivente e tem Conhecimento, Poder, Vontade, Audição, Visão, Fala. Pode assumir a entificação que é representada por cada “possível existente” (mumkin), cada criatura, cada coisa.
“Ser” é aquilo que, por sua própria natureza, é. Não pode não ser. Quanto ao que exatamente significa esse termo “ser”, por um lado, seu significado é (...)
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Garcin de Tassy (Attar) – A poesia filosófica persa
1º de outubro de 2022, por Cardoso de Castro
Segundo os sufis afegãos, o vinho significa direção; sono, meditação nas perfeições divinas; perfume, a esperança do favor divino; o zéfiro, as explosões de graça; os beijos, os transportes de piedade. Os idólatras, os infiéis, os libertinos não são outros senão aqueles que possuem a verdadeira fé; seu ídolo é o criador, a taberna é o templo do amor divino; o taberneiro, o guia espiritual; a beleza é a perfeição da Divindade; os cachos e tranças de cabelo são a imensidão de sua glória; os (...)
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Ibn Arabi (Fusus): Adão
6 de setembro, por Cardoso de Castro
Leitura por parágrafos com outras traduções e notas, a partir do Capítulo I, §1
Deus quis ver as essências de Seus Nomes muito perfeitos, que o número não saberia esgotar - e, se você quiser, pode igualmente dizer: Deus quis ver Sua própria Essência - em um objeto global, que, tendo sido dotado de existência, resume toda a Ordem Divina a fim de manifestar por aí Seu mistério para Si-mesmo. Pois a visão que tem o ente[[Literalmente, “a coisa” (ash-shay). Ibn Arabi emprega por vezes este (...)
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Attar (CP:43-46) – Discurso da poupa aos pássaros
1º de outubro de 2022, por Cardoso de Castro
Assim que a poupa terminou o seu discurso, os pássaros puseram-se agitados, sonhando com a majestade e a glória daquele rei, e, tomados pela ânsia de tê-lo como seu próprio soberano, ficaram impacientes para partir. Fizeram, assim, seu projeto de viagem e resolveram ir juntos; cada qual tornou-se um amigo do outro e um inimigo de si mesmo.
Machado & Rizek
Todos os pássaros do mundo, tanto os conhecidos como os desconhecidos, reuniram-se e tiveram entre si estas palavras: “Não há (...)
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QUELQUES ODES DE HAFIZ (I)
13 de julho de 2010, por Cardoso de Castro
QUELQUES ODES DE HAFIZ, PAR A. L. M. NICOLAS
I
Attention, ô échanson ! fais circuler la coupe, invite les convives à boire, car, vois-tu, l’amour nous a d’abord semble chose facile, mais ensuite que de difficultés se sont présentées !
Grâce à ce délicieux parfum que le zéphir détache de cette belle chevelure, de ces boucles empreintes de musc, torses en tous sens, tous les cours sont inondés de sang !
Imprègne de vin le tapis de la prière, si c’est le chef de la taverne qui t’y (...)
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Jami: Illuminations - Ouverture
11 de maio de 2018, por Cardoso de Castro
Yann Richard
AU NOM DE DIEU LE CLÉMENT LE MISÉRICORDIEUX
« Ma louange ne parvient pas jusqu’à Toi ». Or, si « toute louange remonte à Toi », Ta sainte Seigneurie resplendit bien au-dessus de ma louange, car Tu es tel que Tu T’es louangé Toi-même.
Seigneur ! Nous n’arrivons pas à articuler Ta louange, et à proclamer Ta gloire jusqu’à Ta hauteur. Tout ce qui, dans le livre de la création, est louange et glorification, renvoie à Ta majesté et à Ta grandeur. Que peuvent exprimer nos (...)
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Ibn Arabi (Fusus): Enoque
6 de setembro, por Cardoso de Castro
Santidade = qadasa = estar muito distanciado Distanciamento de Deus dos embaraços do Cosmos Transcendência - elevação elevação de posição: atividade pela alma elevação de grau: conhecimento do espírito Teoria mística do número Relação da Natureza cósmica com Deus Pai-Filho Adão-Eva Nomes divinos
tradução desde Burckhart (extrato)
...Um dos Nomes de perfeição de Deus é o Elevado (al-’ali). Mas em relação a que é Ele elevado, pois não há nada aí senão Ele tão-somente? [As existências (...)
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Chittick (SPL:19-23) – a forma e o sentido
1º de outubro de 2022, por Cardoso de Castro
O mundo então é forma, ou coleção de uma miríade de formas. Por sua própria natureza, cada forma exibe seu próprio significado, que é sua realidade com Deus. É tarefa do homem não ser enganado pela forma. Ele deve entender que a forma não existe por si mesma, mas manifesta um significado acima e além de si mesma.
tradução (português)
Rumi não tem nada além de pena e desdém por aqueles que olham para o mundo ao redor e dentro de si e não entendem que o que estão vendo é um véu sobre a (...)