A Questão do Método na Filosofia - Um Estudo do Modelo Heideggeriano. Livraria Duas Cidades, 1973
1 Ainda que as experiências iniciais tenham deixado traços indeléveis no caminho de Heidegger, o fator determinante de seu pensamento foi, no entanto, o encontro com a fenomenologia. Seus primeiros trabalhos manifestavam profundos laços com a problemática corrente da tradição alimentada pelo neo-aristotelismo, neotomismo e neokantismo e as soluções dadas pelo filósofo, dentro deste horizonte, às (...)
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ego eimi / ἐγώ εἰμι / εγω ειμι / eu sou / eimi / sou / eu-realidade / I-reality / Eheieh asher Eheieh / sou esse sou / Tat tvam asi / Tattvamasi / Tu es Cela / Tu és isso / That art thou / Isso és tu / Isso-que-se-é / o-que-se-é / Eu Sou Isso / Buddha-Nature / Buda-Natura / tzu-hsing / tad ekam / identidad suprema / Mahatma / chispita / chispa / centelha / faísca
Sorabji
We, then, are either the potential intellect or the actual (energeiai) [intellect] . So if, in the case of everything that is combined from what is potential and actual, this something (to tode) and what it is to be this something (to toide einai ) are distinct, then I (to ego) and what it is to be me (to emoi einai) will also be distinct, and while I am the intellect combined from the potential and the actual [intellects], what it is to be me comes from the actual [intellect]. [Themistius in De Anima 100,16-20; SorabjiPC1 :361]
Joaquim Carreira das Neves
A expressão EU SOU (ego eimi) é típica do Jesus joanico. Trata-se duma expressão de revelação em que o sujeito — Jesus — se autoproclama como AQUELE QUE É, referindo-se a ele mesmo, sem predicado, ou com predicado: "Eu sou o pão da vida" (6, 35. 48); "Eu sou o pão que desceu do céu" (6,41); 6,51: "Eu sou o pão vivo"; 8,12. "Eu sou a luz do mundo"; 8, 23: "Eu sou do Alto"; 8, 24 "...De fato, se não crerdes que Eu sou o que sou, morrereis nos vossos pecados"; 8, 28: "Então ficareis a saber que Eu sou o que sou..."; 10,7: "Eu sou a porta das ovelhas"; 10, 1 l: "Eu sou o bom pastor "; 10,30: "Eu e o Pai somos um"; 11, 25: "Eu sou a ressurreição e a vida"; 14, 6: "Eu sou o caminho e a verdade e a vida"; 15, l: "Eu sou a videira verdadeira"; 18, 5, 6.8: "Sou Eu".
No AT é o próprio Deus (YHWH ) que se manifesta como o EU SOU. A expressão de Ex 3, 14 significa EU SOU O QUE SOU. Na tradução dos LXX (ego eimi ho ôn) significa EU SOU AQUELE QUE É. A tradução grega sublinha a essência do ser de Deus ou a sua natureza única: Deus é.
Em João, o EU SOU na boca de Jesus revela também o seu ser e natureza divinas. Jesus não diz EU SOU YHWH, mas revela o seu ser divino. E bem elucidativa a declaração de 8,24: "De fato, se não crerdes que EU SOU O QUE SOU, morrereis nos vossos pecados." Jesus tem a vida em si mesmo (5, 26), como tem o poder de "oferecer a sua vida e de a retomar" (10,17-18). Tem o poder de dar a vida escatológica aos que guardam a sua palavra (8, 51: "Em verdade, em verdade vos digo: se alguém observar a minha palavra, nunca morrer á", 17, 2: "... a fim de que dê a vida eterna a todos os que lhe entregaste"). E sintomática a afirmação de 8, 58: "Antes que Abraão fosse, Eu sou". O presente do indicativo significa que a essência do ser de Jesus é o próprio SER. O contraste entre o verbo genesthai (vir à existência), aplicado a Abraão, e o presente do indicativo de eimi, aplicado a Jesus, já diz tudo. E é interessante a maneira como os judeus reagem a esta afirmação: "Então, agarraram em pedras para lhe atirarem." Significa que Jesus tinha proferido uma blasfêmia, e que, por isso mesmo, devia morrer. O predicado VIDA ETERNA, que Jesus, juntamente com o Pai, oferece e dá a quem nele acredita, só pode significar o seu poder divino: 3,16.36; 4,14.53; 5, 21-26,6, 33.35.44.51-58.68; 8,12; 10,10.17-18; 11,25; 14,6; 17,2-3. Ora, segundo a ortodoxia judaica, só Deus é eterno e só ele pode dar a vida eterna; logo, a ação de Jesus, confundindo-se com a do próprio Deus, seria, naturalmente, para os judeus, uma blasfêmia. [ESCRITOS DE SÃO JOÃO]
Ananda Coomaraswamy
Sería una antinomia aplicarme a mí mismo — a este hombre, Fulano — o a cualquier otro hombre entre otros las palabras, «Eso eres tú», o pensar de mí mismo, le moi, en los términos del «Yo» de estos versos de Swâmi Nirbhyânanda: «Yo soy el pájaro cogido en la red de la ilusión, Yo soy el que inclina la cabeza Y el Uno ante quien él se inclina: Solo Yo existo, no hay ni buscador ni buscado Cuando al fin realicé la Unidad, entonces conocí lo que había sido desconocido, Que Yo había estado siempre en unión con-Tigo». [SOBRE EL ÚNICO Y SOLO TRANSMIGRANTE]
O Vedānta considera uma onisciência independente de qualquer fonte de conhecimento externa a si mesma, e uma bem-aventurança independente de qualquer fonte externa de prazer. Ao dizer “Isso és tu”, o Vedanta afirma que o homem é possuidor de, e é ele próprio, “aquela coisa que quando é conhecida, todas as coisas são conhecidas” e “pelo bem de qual todas as coisas são queridas”. Afirma que o homem desconhece esse tesouro escondido dentro de si porque herdou uma ignorância que é inerente à própria natureza do veículo psicofísico que ele erroneamente identifica consigo mesmo. O objetivo de todo ensino é dissipar essa ignorância; quando a escuridão é transpassada, nada resta senão a Gnose da Luz. A técnica da educação é, portanto, sempre formalmente destrutiva e iconoclasta; não é a transmissão de informações, mas a educação de um conhecimento latente.
O "grande ditado" dos Upanisads é: "Isso és tu." O homem é a essência espiritual, comunicativa, seja transcendente ou imanente; e, apesar de muitas e várias direções para as quais ela pode se estender ou de onde pode se afastar, ela é indiferente nos sentidos intransitivo e transitivo. Ela se presta a todas as modalidades de ser, mas nunca se torna alguém ou alguma coisa. Aquilo do que tudo o mais é uma imitação - Isso és tu. "Isso", em outras palavras, é o Brahman , ou Deus no sentido geral de Logos ou Ser, considerado como a fonte universal de todo o Ser - expansivo, manifesto e produtivo, fonte de todas as coisas, todas as quais estão "em" ele como o finito no infinito , embora não seja uma “parte” dele, uma vez que o infinito não tem partes. (COOMARASWAMY, Ananda. Selected Papers Metaphysics . Edited by Roger Lipsey. Princeton: Princeton University Press, 1977, p. 9-10)
Andre Allard
O «Ser-que-é», o Eheieh asher Eheieh da Sarça Ardente, aquele que a Vulgata traduziu Ego sum qui sum, Guénon garante que o dito Eheieh não é um verbo, mas um nome (Ser) e asher um pronome relativo que desempenha um papel de cópula. Ego sum qui sum traduziria então: «O Ser é o Ser», quer dizer o Ser-que-é, o Ato Puro de Ser, sem qualquer traço de negatividade, de Não-Ser. Assim se aponta a perfeição do Ser, a expressão «Ser-que-é» significando o mesmo que o Existir Divino.
Nenhum pensamento, tão profundo e opiniático que se suponha, não é capaz de abrir o Olho do Coração pelo qual o «Ser-que-é» é visto pela mente como vendo a mente. Todo processo mental se desenrola necessariamente aquém do portal que se deve atravessar para que o reviramento das perspectivas tenha lugar. Quem pensa somente a ilusão universal ainda está na ilusão, quer dizer na ignorância e uma convicção pelo menos o sustenta: a certeza de sua própria existência de sujeito pensante. Cogito, ergo sum: tal é a verdade que, apesar de tudo, permanece para aqueles que, se não viram existencialmente a Verdade absoluta, constataram pelo menos o pouco de realidade do mundo. Mas quando ela é vista, no instante onde se cumpre a extinção existencial radical, a Verdade absoluta é tal que não posso dizer ergo sum, e nem mesmo sum, mas Esse, Ipsum esse; pois o despertar tem por efeito não somente extinguir as coisas sensíveis (sem no entanto abolir sua aparência), mas ainda o «mim mesmo» que pensa estas coisas, de sorte que não há mais, em face do Ipsum esse, senão uma pura irrealidade (coisas e pensamentos de coisas), verdadeiro «resíduo essencial» na textura do qual o mim mesmo com todas suas faculdades , está detido. Encontro-me então, enquanto sujeito pensante, inteiramente relegado à esfera dos objetos que, na inexistência deles, fazem face ao Sujeito absoluto cujo Existir ressoa em minha mente. E esta «realização » é tal que a mais alta região da alma que, só, emerge da esfera dos objetos, não pode, no horror sagrado , se distinguir do Sujeito absoluto, este Vidente que vejo me ver. Na medida onde vejo que, criatura individual, estou inteiramente, com minha alma psíquica e com meu corpo, na esfera dos objetos, realizo esta perfeita inexistência que o pensamento cogitativo não pode realizar. Mas, na medida que, no entanto, não posso me distinguir do Vidente supremo que me vê e me deifica, realizo minha identidade com o Existir absoluto, de sorte que, visto sob este ângulo, o despertar e a extinção devem ser descritos como tomada de consciência disto que eternamente sou. [L’ILLUMINATION DU COEUR]