Na prática, o conhecimento intuitivo do entendimento consegue guiar imediatamente a nossa conduta e o nosso comportamento, enquanto o conhecimento abstrato da razão só o pode fazer pela intermediação da memória. Daí nasce a vantagem do conhecimento intuitivo em todos os casos que não permitem tempo algum para ponderação, logo, nas relações diárias, nas quais as mulheres sobressaem-se precisamente por isso. Apenas quem conheceu intuitivamente a essência dos seres humanos, como via de regra (…)
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tharsos / θάρσος / confiança
Matérias
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Schopenhauer (MVR2:90-92) – intuição - abstração - regras
14 de setembro de 2021, por Cardoso de Castro -
Safranski: Schopenhauer e a comédia da felicidade
14 de setembro de 2021, por Cardoso de CastroO que Schopenhauer recomenda é uma “atitude do como se” (Haltung des Als-ob); em linguagem moderna, poderia ser expressada: “Você não tem mesmo nenhuma chance, mas aproveite o que aparecer!”
Essa “felicidade” (Gluck) relativa — de onde poderia vir?
Schopenhauer enumerava três fontes. Provém, em primeiro lugar, “daquilo que se é” (was einer ist); em segundo, “do que se tem” (was einer hat); e finalmente, “daquilo que se representa” (was einer vorstellt). Era nestas três dimensões — o (…) -
Plotino - Tratado 9,4 (VI, 9, 4) — O Uno é além da ciência e do conhecimento intelectual
26 de março de 2022, por Cardoso de CastroTradução desde MacKenna
4. A aporia nasce sobretudo porque nossa apreensão do Uno não se faz nem por meio da ciência nem por meio da intelecção, como é o caso para os outros inteligíveis, mas que ela resulta de uma presença que é superior à ciência. Ora, a alma faz a experiência de sua falta de unidade, e ela não é mais totalmente una, quando ela adquire a ciência de algo; pois a ciência é um discurso, e o discurso é múltiplo. Logo ela abandona a unidade e cai no número e na (…) -
Safranski (S:35-37) – corpo e vontade em Schopenhauer
14 de setembro de 2021, por Cardoso de CastroArthur herdou o brio, a sobriedade, o orgulho e a lucidez de seu pai. Sua altivez abrupta e fria arrogância também recebeu dele. A consciência de sua própria dignidade e seu amor-próprio tão fortemente desenvolvido não puderam ser abrandados pelo carinho materno, porque Johanna tinha de fazer um grande esforço para obrigar-se a sentir amor por ele. Seu filho é a encarnação de sua própria renúncia à vida. Johanna quer viver sua própria vida. Como ela mesma não consegue viver como deseja, (…)
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Plotino - Tratado 53,2 (I, 1, 2) — A alma é nela mesma impassível e não misturada: as afecções logo não podem lhe pertencer
9 de janeiro de 2022, por Cardoso de Castrominha tradução
desde MacKenna
2. A primeira investigação nos obriga a considerar de partida a natureza da alma [psyche] - ou seja se uma distinção deve ser feita entre alma e alma essencial [psyche einai] [entre uma alma individual e a alma-espécie em si mesma].
Se uma tal distinção se dá, então a alma [no homem] é alguma espécie de composto [syntheron] e ao mesmo tempo podemos concordar que é um recipiente e - se só a razão [logos] permite - que todas as afetividades [pathe] e (…) -
Espinosa (E 4 P37 Esc2) – agir e fazer por natureza e por lei
15 de setembro de 2021, por Cardoso de CastroCada um existe por sumo direito de natureza e, consequentemente, por sumo direito de natureza faz [age] aquilo que segue da necessidade de sua natureza; e por isso por sumo direito de natureza cada um julga o que é bom, o que é mau, e cuida do que lhe tem utilidade conforme seu engenho (ver Prop. 19 e 10 desta parte), vinga-se (ver Corol. 2 da Prop. 40 da parte 3) e esforça-se para conservar o que ama e destruir o que odeia (ver Prop. 28 da parte 3) este seu direito sem nenhum dano para (…)
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Plotino - Tratado 53,1 (I, 1, 1) — Qual é o sujeito da sensação?
9 de janeiro de 2022, por Cardoso de Castronossa tradução
desde MacKenna
1. Prazer [hedone] e angústia [lype], medo [phobos] e coragem [tharre, andreia], desejo [epithymia] e aversão [apostrophe], onde estas afetividades e experiências se assentam? Claramente, somente na alma [psyche], ou na alma no emprego do corpo [soma], ou em alguma terceira entidade derivando de ambos. Para esta terceira entidade, consequentemente, existem dois modos possíveis: poderia ser uma combinação ou uma forma distinta devida à combinação. E o que se (…) -
Abellio – Da constituição de um objeto técnico
12 de setembro de 2021, por Cardoso de CastroNa visão do filósofo Raymond Abellio (1965, 1981 e 1989), um processo mais denso e complexo se dá na constituição de um objeto técnico, que é o processo de gênese ou de instituição do “eu” que deste objeto se apropria. Um processo em que “sujeito” e objeto técnico se configuram, sob tensão permanente, como polos de uma díade, em co-gênese mútua. Em outras palavras, “eu” e técnica são, neste processo, o zênite e o nadir, ou seja, os extremos de um eixo ordenador na gênese e desenvolvimento de (…)