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éxo / ἔξω / ἔξωθεν / exothen / interioridade / ἔνδον / endon / ἔσωθεν / esothen / exterioridade / ἔσω / éso / εσω ανθρωπον / homem interior / homem exterior / tanzih / tanzîh / transcendência / tashbîh / tashbih / imanência / interior-exterior / zahir / batin / exoterismo / esoterismo

  

gr. ἔξω, exo: fora, exterior; ἔσω, eso: dentro, interior


Agostinho de Hipona

Vejamos agora onde estão os limites, por assim o dizer, do homem exterior e do interior. Pois tudo o que temos na alma comum com o bruto, diz-se ainda com razão pertencer ao homem exterior. Pois não só se considerará homem exterior o corpo, mas também uma certa vida sua unida a ele, pela qual florescem o conjunto do corpo e os sentidos de que está provido para sentir as coisas exteriores. E quando ao lembrar, as imagens desses sentidos gravadas na memória tornam a ser vistas, trata-se ainda de uma coisa pertencente ao homem exterior. E em todas estas coisas não nos diferenciamos do bruto senão porque não estamos inclinados pela figura do corpo, mas erectos. Com o que nos adverte aquele que nos fez que não sejamos semelhantes pela parte melhor de nós, isto é, pela alma, aos brutos, dos quais nos distinguimos pela ereção do corpo: não aconteça que rebaixemos a alma ao mais elevado que há nos corpos. Pois apetecer o repouso da vontade em tais coisas, é humilhar a alma; porém assim como o corpo está erguido naturalmente em direção àquelas coisas que são mais altas entre os corpos, isto é, às celestes, do mesmo modo há que elevar a alma, que é uma substância espiritual, em direção às coisas que são mais altas entre as espirituais, não com a arrogância da soberba, mas com a piedade da justiça. [De Trinitate, XII, 1]

Mestre Eckhart

Antes de tudo se deve saber, e também está revelado, que o homem tem em si duas classes de natureza: corpo e espírito. Por isto se escreveu: "Aquele que se conhece a si mesmo, conhece todas as criaturas; pois todas as criaturas são ou corpo ou espírito". Por isso diz a Escritura acerca do homem — que há em nós um homem exterior e outro, o homem interior.

Pertence ao homem exterior tudo aquilo que está aderido à alma, porém está ligado e mesclado à carne e tem uma cooperação corporal com todos os membros, como acontece com o olho, o ouvido, a língua, a mão e outros semelhantes. E tudo isto a Escritura denomina o homem velho, o homem terreno, o homem exterior, o homem inimigo, um homem servil.

O outro homem que há em nós é o homem interior; a Escritura chama-o um homem novo, um homem celeste, um homem jovem, um amigo, um homem nobre  . (...) O homem interior é Adão, o varão da alma. É esta a boa árvore, da qual disse nosso Senhor que dá sempre, sem cessar, bons frutos; é também o campo em que Deus plantou sua Imagem e Semelhança e no qual semeia a boa semente, a raiz de toda sabedoria, de toda arte, de toda virtude, de toda bondade; semente de natureza divina. A semente é o Filho de Deus, a palavra de Deus! [Vom edelen Menschen]

René Guénon

Remitiremos aquí a lo que ha sido dicho sobre la noción del barzakh, lo que permite comprender sin esfuerzo cómo deben entenderse estas dos caras de la realidad; la cara interior esta vuelta hacia El-Haqq, y la cara exterior hacia El-khalq; y el ser cuya función es de la naturaleza del barzakh debe unir necesariamente en él estos dos aspectos, estableciendo así un «puente» o un «canal» por el que las influencias divinas se comunican a la creación.

Roberto Pla

Com respeito ao homem exterior, diz o apóstolo que se “desmorona”, e com isto aponta à erosão gradual e implacável que produz a lei natural, quer dizer, o tempo e a orientação fatal para a morte. Mas o homem exterior se desmorona, não só no corpo de carne mortal, senão também nas tendências psíquicas e em suas obras aderidas até o ponto de identificação com o corpo passível.

Quanto ao homem interior, não é outra coisa que o espírito puro, sem mescla, do qual diz o Apóstolo que se renova dia a dia, em um presente sempre novo e eterno. Embora o corpo passível e as inclinações morram — diz — por causa do pecado, o espírito é vida por causa da justiça (Rm 8,10).

Os dois homens interior e exterior, eterno um e temporal o outro, coexistentes no ser completo de cada homem durante o transcurso de sua vida terrestre, servem para explicar com um tom algo desmitificado a doutrina da dualidade do homem, uma doutrina que foi suscitada pela duas criações do homem segundo o relato do Gênesis (v. sobre este tema a notável exposição de Paul Nothomb  ).

Algumas escolas cristãs dos primeiros séculos se ocuparam em esclarecer que o homem “feito” na Plenitude (pleroma) pelo Deus (Elohim) de Gen 1,26-27, e o homem “formado” (plasmado) na Deficiência (Kenoma) por YHWH em Gen 2,7, se uniram em seguida em matrimônio antropológico. Ao primeiro destes, ao espírito, feito “à imagem”, lhe coube ser a “essência”, e ao segundo, à alma, formada “à semelhança”, a correspondeu revestir a essência, não só com seu corpo “celeste” próprio, senão também, depois, com a túnica de carne e pele, mortal e passível, na qual desde então “pré-morremos” todos os homens, nascidos, todos e cada um, como mistura de macho e fêmea ao mesmo tempo (Esposo e Esposa). O primeiro, enquanto espírito eleito, interior, e o segundo enquanto alma chamada a receber em seu Dia o espírito.

Das duas criações genesíacas entenderam muitos que para o nascimento do homem haviam colaborado dois criadores: Deus e o Demiurgo, perfeito o primeiro e imperfeito o segundo. Contra essa opinião bastante generalizada no paleo cristianismo e não isenta de antropomorfismo, advertem Paulo, Lucas   e nosso logion.

Em realidade, dos dois homens coexistentes em cada homem como uma unidade de consciência não há mais que um, pois o outro “não é verdadeiro” se se estuda desde um puro sentido evangélico. O que não é verdadeiro não prevalecerá porque não possui vida eterna por si mesmo, senão que vive por empréstimo ocasional.

Com efeito, o homem exterior, o que não é verdadeiro, vive no mundo a merce de sua própria exigência dinâmica. Para ele há sempre uma morte prevista, uma morte ineludível que o aniquila quando as substâncias que compõem se desmoronam do todo. Não é necessário referir-se aqui à morte corporal, senão a outra muito mais sutil e específica do evangelho, quer dizer, à gloriosa “entrega” psíquica, à negação de si mesmo (Renuncia), a esse “decrescer”, a esse “minguar” que nomeava João Batista e que vem, passo a passo, quando a alma, purificada, consegue sumir-se “na humildade de ser escrava” (Miriam) do esposo sagrado, quando “dispersou sua soberba (de individualidade separada) em seu próprio coração” (Miriam).

Esta é a “obra” segundo a qual o homem exterior se transfere ao homem interior. Assim encontra nascimento o “homem em Cristo”. Tudo isto o explica o evangelho pois o nascimento do Espírito em todo homem é o objeto primordial de sua proclamação. O mistério desse nascimento significa que uma alma exerceu seu direito, conferido por Deus desde o princípio, “de fazer-se filho de Deus”.

Também significa um impulso dinâmico purificador na vida do homem. Na linguagem paulina, o dinamismo em direção ao espírito se significa pelas denominações “velho” e “novo” (palaios anthropos). O homem exterior passa a ser o homem velho “do qual há que despojar-se”, e o homem interior, glorificado, é o homem novo, o qual por ser espírito não se desmorona senão que se renova dia a dia, de instante em instante, “até alcançar um conhecimento perfeito” (Col 3,9-10). [Evangelho de Tomé - Logion 89]

Antoine Faivre

O termo "esoterismo" só aparece na Europa em meados do século XIX, sendo um "ocultista", Eliphas Lévi, seu criador. Até então expressões como "philosophia perennis" ou "philosophia occulta" eram utilizadas neste sentido, mais ou menos; o que implicou em distinções entre "ocultismo" e "esoterismo", a seguir.

Para Antoine Faivre   foi a reação iniciada na Renascença contra a ciência moderna ainda incipiente, secularizando o cosmos, adotando uma aristotelismo formal e rejeitando a crença em relações vivas entre Deus, mundo e homem, que deu início às correntes esotéricas modernas.

O sentido restrito do termo "esoterismo" se fundamenta sobre a etimologia grega: "eso-thodos", método ou caminho para o interior (eisotheo = eu faço entrar). Por se tratar de um movimento visando o entrar em si mesmo, é por vezes chamado de "interiorismo", que passa por uma gnose, um conhecimento para alcançar uma forma de iluminação e de salvação individual. Este conhecimento ou gnose das relações nos unindo a Deus e ao mundo divino, é também um conhecimento dos mistérios inerentes a Deus, sendo neste caso tratado pela Theosophia.

Para alcançar este conhecimento o indivíduo deve entrar em si mesmo, não em uma modalidade unicamente intimista que negligencie o entrar ao mesmo tempo em ressonância com o mundo e Deus além da pura introspecção. Este entrar em si mesmo segue um processo "iniciático" (initium) cujos passos são balizados por intermediários, sejam estados de ser (trevas interiores) ou entidades angélicas (animae coelestes), mais ou menos numerosas, mais ou menos personalizadas, mas que nos são de algum modo conaturais.

O termo esoterismo, enquanto "conhecimento secreto" ou "ciência secreta", reservada a uma elite e submetida à disciplina do "arcano" guardou este sentido até nossos dias, compartilhando este sentido com a designação de um tipo de conhecimento ou experiência remetendo a um "lugar", a um "centro" espiritual — dito esotérico —situado no fundo do Ser e, por conseguinte, reunindo os meios, as técnicas, destinados a alcançar este centro.

Na segunda metade do século XIX, o uso se intensificou nos países de língua inglesa, em representantes de certas formas de espiritualidade, cunhado seja como "esoterism" entendido nas duas acepções acima descritas, e "esotericism", entendido no sentido considerado por Antoine Faivre: um vasto conjunto de correntes e a forma de pensamento que eles exprimem; deste modo o campo do "esoterism" é um dos campos do "esotericism". (Antoine Faivre, Accès de l’ésotérismo occidental)

Fernando Pessoa

Os esotericos percebem a origem das cousas segundo a sua representabilidade do mysterio para a alma humana. Os hermeticos fora já de toda a comprehensibilidade. Vêem não já os symbolos mas as cousas. Para os gnosticos ainda a verdade aparece no seu symbolo vivo, não morto (como para os exotericos). Para os hermeticos é a verdade pura que é revelada.

Os esotericos percebem a origem das representabilidade do mysterio para a alma fora já de toda a comprehensibilidade. Vêem as cousas. Para os gnosticos ainda a verdade vivo, não morto (como para os exotericos). verdade pura que é revelada.

A sca antiga era da casta dos sacerdotes. Os symbolos religiosos basilares — não confundir com acumulações sociaes — são realmente conscientemente symbolos, produtos da consciente e sciente casta sacerdotal.

As magias: a deceptiva (prestidigitação).

O mistério (que é tudo) não é comprehensivel senão á emoção. A intelligencia não pode comprehender o Mysterio.

O exemplo da astrologia. As 3 maneiras. Duas creanças nascidas no mesmo lugar ao mesmo tempo. O como se faz a «differença» é esoterico. O porquê é hermetico.

Todos os movimentos sociais, tudo no mundo está nas mãos dos hermeticos. Todo o universo como o concebemos é creação dos Hermeticos. Isto escapa á mais alta imaginação philosophica. Mas é como eu vos digo. Eu mesmo se vos digo isto, é que desconheço a vontade hermetica   de cuja existencia apenas sei. [ROSEA CRUZ]

Henry Corbin

«Zâhir» es lo exotérico, lo aparente, la evidencia literal, la Ley, el texto del Corán. Zâhir está con bâtin (lo oculto, lo interior, lo esotérico) en la misma relación que Majâz con Haqîqat; el Tawil debe «reconducirlo» a la Realidad oculta, a la verdad esotérica con la que simboliza. «La religión positiva (sharîat) es el aspecto exotérico (zahir) de la Idea (haqiqat); la Idea es el aspecto esotérico (bâtin) de la religión positiva. Lo exotérico es el frontispicio de lo esotérico. La religión positiva es el símbolo (mithâl), la Idea es lo simbolizado (mamthûl)». En resumen, en los tres pares de términos mencionados, Majâz está con Haqîqat, Zâhir con Bâtin, Tanzîl con Tawil, en la relación del símbolo con lo simbolizado. Y es precisamente esta rigurosa correspondencia la que debe ayudarnos a evitar el error más grave, que consistiría en confundir, aquí o en otra parte, el símbolo con la alegoría. [O PARADOXO DO MONOTEÍSMO]

Jean-Louis Michon

Pode-se ilustrar a relação entre ciência exterior e ciência interior pelo exemplo do corpo em que se oculta a mente. O corpo não poderia subsistir sem a mente, e esta tem necessidade do corpo para se manifestar. Da mesma maneira que o corpo vazio de mente está morto, privado e todo valor, assim também o homem que se instruiu na lei religiosa e não se entregou ao sufismo pereceu (nafaqa = caiu na hipocrisia): suas ações são corpos sem mente. Da mesma forma que a mente sem o corpo é uma realidade oculta que jamais se mostra na existência, assim também aquele que obteve uma realização espiritual e não se conforma à lei religiosa cai na heterodoxia (zandaqa): sua verdade (haqiqa) é uma nudez sem véu e, por causa dela, será posto a morte... [LE SOUFI MAROCAIN AHMAD IBN AJIBA]

García Bazán

La declinación descripta de las religiones y de sus correspondientes efectos civilizadores es, en realidad, el síntoma verificable de una falla fundamental. En efecto, paralela a la distinción entre metafísica y religión circula entre las páginas de Guénon, la diferencia entre esoterismo y exoterismo. Se atiene el pensador franco-egipcio a la etimología nominal para explicar el significado de estos vocablos. Lo esotérico (con la gravitación designativa del prefijo eso = eiso: dentro, en el interior), se refiere a la interioridad, lo íntimo o profundo. Lo exotérico (característica lingual del prefijo exo: fuera, en el exterior) apunta a lo extrínseco, la cara externa o lo superficial. Como desde el punto de vista de los testimonios históricos ambas faces o niveles de una misma realidad se ofrecen conjuntamente en el Islamismo, Guénon trae a la memoria para facilitar una ilustración más exacta las expresiones en árabe: el-ha-qîgah, la "verdad" interior y es-shariyah, "la gran vía". Esoterismo/exoterismo, por lo tanto, como metafísica/religión, constituyen un par de categorías teóricas que responden a fenómenos históricos y que deben, en consecuencia, su presencia positiva al desarrollo mismo de los ciclos cósmicos. Si desde el ángulo estrictamente doctrinal es posible sostener que la pareja de nociones esoterismo/metafísica son categorías más elevadas que las que forman la dualidad exoterismo/religión, desde la perspectiva del despliegue temporal de la tradición se ha de aceptar igualmente que los conceptos de exoterismo/religión corresponden a algo así como una excrecencia externa del par esoterismo/metafísica. En la medida en que el cosmos como una contextura biofísica que incluye al hombre pasiva y activamente, se aleja de sus principios constitutivos, la tradición sufre cambios atenuantes en su traspaso, transformaciones reflejas, analógicas, que posibilitan que lo más interno, verdadero y profundo del universo de lo sagrado, se exprese según medidas más externas, superficiales y generales. El punto se proyecta como circunferencia, pero permanece siendo punto. Este proceso que vamos dibujando que se encuentra en relación directa con la cantidad, se muestra en relación inversa con la calidad. Y en esta circunstancia precisa se descubre el vínculo cjue existe entre la diada conceptual esoterismo/metafísica y la concepción de la iniciación en su nivel sociológico, como centro iniciático al que sostiene el principio de la tradición. Porque si la interioridad se amplía exteriorizándose y con su extensión se debilita, el núcleo inmóvil, sin embargo, debe permanecer firme, para que exista la proyección periférica. Unicamente la trasmisión regular, exacta, completa y cuidadosa del patrimonio tradicional puede sostener el fenómeno del esoterismo y el de su imagen.depauperada, el exoterismo. Los centros o sociedades iniciáticas, en el comienzo de un gran ciclo cósmico o de la manifestación, único y singular, son no sólo la condición que exige la pervivencia de la tradición pura, sino también contaminada bajo su forma exotérica. Por estas razones de peso cuando las agrupaciones regulares esotéricas o iniciáticas desaparecen del seno de una civilización, su ordenamiento exotérico o religioso, corre un gravísimo riesgo, el de la entrega a su propio decurso vertiginoso carente de todo eje de apoyo y con ello, como se comprende fácilmente, su descenso irrecusable hacia la catástrofe. El panorama de Occidente juzgado desde este punto de vista es desolador para Guénon. Aunque con lógica irrebatible en los límites de una concepción desesperada, identifica también nuestro autor cuáles son los únicos medios de solución. La recuperación de la civilización occidental desde adentro, mediante la reconstitución de los centros iniciáticos desaparecidos, pues ellos son la única garantía que mantiene floreciente al exoterismo religioso. Las agrupaciones esotéricas reconstruidas han de ser por necesidad católicas, pues se trata de resucitar el alma de un cuerpo exánime. Este renacimiento también, por obligación, ha de ir precedido por el despertar de minorías espirituales (la famosa elite intelectual tan maltratada en su significación por simpatizantes manipuladores y rivales ideológicos) que comprendiendo cuanto de valor entraña la doctrina tradicional, se adhiera firmemente a ella y colabore para reorganizar la regularización de la verdadera iniciación. Por supuesto que contando con cuantos apoyos le puedan prestar las organizaciones esotéricas existentes y legítimas que bajo diversos rostros se muestran, según se ha podido describir, en el Oriente.