Míguez
9. Conviene, pues, según parece, que contemplemos el alma, y de ella la parte más divina, si queremos saber realmente lo que es la Inteligencia. Lo cual no es posible si no separáis del hombre que vosotros formáis, en primer lugar el cuerpo, a continuación el alma que lo modela, luego la sensación, los deseos, los impulsos del ánimo y todas las demás bagatelas que nos hacen inclinar por completo hacia la vida perecedera. Lo que queda de todo esto es lo que nosotros llamábamos la (…)
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Fédon / Fedón / Féd. / Phédon / Phædo / Phaedo / Φαίδων / Phaidōn / Phaidοn
PLATÃO - FÉDON. Sobre a imortalidade da alma. Fortemente impregnado de pitagorismo: preexistência das almas, escatologia, matematismo. Maior desenvolvimento da teoria das Ideias.
Estrutura do diálogo
- Fédon (102b-107d) — O Problema dos Contrários
- Fédon (103a-105b) — Objeção e resposta
- Fédon (105b-107a) — Prova da imortalidade fundada sobre a teoria dos contrários
- Fédon (107a-107d) — Tudo ainda não foi dito
- Fédon (107d-116a) — Mito do destino final das almas
- Fédon (108c-110a) — Cosmologia e geografia gerais
- Fédon (110b-111c) — A terra superior
- Fédon (111c-113c) — Geografia infernal
- Fédon (113d-114c) — Sanções
- Fédon (114c-116a) — A lição do mito
- Fédon (116a-118a) — Epílogo: a morte de Sócrates
- Fédon (57a-61c) — Prólogo
- Fédon (58c-60b) — Detalhes sobre o último dia de Sócrates
- Fédon (60b-61c) — Prelúdio a uma última conversação
- Fédon (61c-69e) — O filósofo diante da morte
- Fédon (62c-63e) — Como se justifica a atitude do filósofo
- Fédon (63e-69e) — Retomada da Justificação
- Fédon (64c-65a) — Definição da morte
- Fédon (65a-66a) — O obstáculo corporal
- Fédon (66a-67b) — A profissão de fé dos verdadeiros filósofos
- Fédon (67b-68b) — Purificação e mortificação
- Fédon (68b-69e) — A verdadeira virtude
- Fédon (69e-84b) — A sobrevivência das almas
- Fédon (70c-72e) — A compensação recíproca dos contrários: vida e morte.
- Fédon (72e-78b) — A reminiscência
- Fédon (73b-74d) — A associação das ideias
- Fédon (74d-77a) — A experiência inteligível
- Fédon (77a-78b) — Uma objeção: resposta de Sócrates
- Fédon (78b-84b) — Os objetos dos sentidos e os objetos do pensamento
- Fédon (79e-80d) — Consequências
- Fédon (80d-82c) — O destino das almas depois da morte
- Fédon (82c-84b) — A obra do filósofo
- Fédon (84b-88b) — Aprofundamento do problema
- Fédon (85b-86e) — A concepção de Símias
- Fédon (86e-88b) — A concepção de Cebes
- Fédon (88b-102b) — Reflexões preparatórias a uma retomada do debate
- Fédon (89c-92a) — A misologia
- Fédon (92a-95a) — Exame da concepção de Simias
- Fédon (95a-95e) — Discussão da concepção de Cebes
- Fédon (95e-97b) — Problema da geração e da corrupção
- Fédon (97b-99d) — A promessa de Anaxágoras
- Fédon (99d-102b) — O método
Luc Brisson
Segundo Luc Brisson , embora o Fédon retrate os momentos que antecedem a morte de Sócrates, não é por isso uma tragédia, pois antes de tomar o veneno que lhe põe fim à vida, Sócrates fala o dia inteiro com seus fiéis discípulos. Falou da morte, não de sua morte, não se lamentava desta sorte, mas usava o episódio como mais uma exercício de interrogação, ao seu estilo dialogal, "questões e respostas" (elenchos).
O relato toma forma quando uma estranha questão é lançada "Pensamos que a morte é algo?" (64c). Quer tenhamos medo ou indignação, ou a vejamos como um processo natural e portanto insignificante, a morte é um fato e ela tem a figura do impensável. Cada filósofo tirará daí as consequências do fato que todo ser humano é mortal, mas nenhum julgará possível pensar o que extingue o pensamento ele mesmo. Respondendo de pronto que a morte pode ser apenas a separação da alma e do corpo, Sócrates não se contenta de lhe dar um sentido possível, ele afirma que quando uma alma pensa, se concentra nela mesma, ela se exerce a morrer. Pensar a morte, para o pensamento, é se pensar o próprio pensamento.
Filosofia e morte trabalham da mesma maneira, liberando a alma do que a fixa a um corpo que só tem por real o que é sensível, por bom o que é agradável, e que mergulha em um mundo em perpétuo devir onde toda unidade se revela múltipla e todo valor relativo. Uma coisa sensível não pode jamais ser perfeitamente igual a uma outra, e no entanto concebemos uma igualdade perfeita. Nenhuma experiência feita por uma alma unida a seu corpo não pode o apreender, mesmo se a alma tem necessidade de refletir quanto a deficiência disto que ela percebe para relacioná-lo a uma essência que ela não pode apreender senão "antes", quando ela estava separada.
A hipótese da reminiscência prova miticamente a preexistência da alma, mas ela tem uma significação racional: a alma tem nela mesma o poder de dispor e conhecer realidades puramente inteligíveis. Se ela se atém a conhecê-las, ela se aparenta a elas. A alma é portanto somente um princípio de vida, mas ela não é uma essência. Cada alma determina sua natureza em função de seu grau de compromisso com o corpo e de sua atitude a um reto filosofar, e no mito final há menos retribuição que tipologia: nossas almas irão habitar lugares que lhes assemelham. A gente não se dá a mesma alma e não se representa a alma da mesma maneira se a gente a crê, ou não, mortal.
Mas, para a maioria dos seres humanos, a morte não é a morte metafórica dos filósofos, um estado que a alma se esforça por alcançar, mas um evento que arrisca destruí-la. Como exorcizar este medo? Em refletindo às causas da geração e da corrupção. O que merece o nome de causa não é o que engendra, mesmo da melhor maneira possível, mas o que torna inteligível. Se toda posse de uma essência ou de uma propriedade resulta da participação de uma Ideia, toda perda se explica por uma não-participação. A alma está essencialmente ligada a Ideia de vida, à qual ela faz participar tudo isto em que ela entra: falar de uma alma morta é tão contraditório quanto falar de neve fundida. A causalidade das Ideias permite demonstrar que a alma é imortal, e não que nossas almas para nós são indestrutíveis, que elas continuarão a existir senão a viver. Mas aí não está a meta do Fédon: falar filosoficamente da morte é o meio de aprofundar a compreensão que a alma tem dela mesma e disto que é.
Sócrates nos convida a não esquecer que devemos um galo a Esculápio. De que ele nos curou? Do medo da morte, de uma vida colada ao corpo, da ira dos raciocínios? De tudo o que nos desviaria da filosofia?