Míguez
11. Habremos de remontar de nuevo a esa manera de ser que, según decíamos, era la propia de la eternidad, esto es, vida inmutable, dada toda ella a la vez y con carácter infinito, firme en su totalidad, en reposo en el Uno y dirigida al Uno . Aquí no contaba el tiempo, o al menos no contaba para los seres inteligibles, lo cual no quiere decir que el tiempo sea engendrado después de ellos, sino que les es posterior por lógica y naturaleza. Como estos seres disfrutan de una (…)
Página inicial > Palavras-chave > Escritores - Obras > Timeu / Timaeus / Timée / Τίμαιος / Timaios
Timeu / Timaeus / Timée / Τίμαιος / Timaios
PLATÃO - TIMEU. A construção do mundo
Estrutura do diálogo
- TIM 17a-27b: Prólogo
- TIM 17b-19b: O Estado ideal
- TIM 19b-20c: O Estado ideal em ação
- TIM 20c-21d: A gesta dos atenienses
- TIM 21e-23c: A narração de Sólon; suas fontes
- TIM 23d-24d: Atenas, a antiga
- TIM 24e-25d: Luta de Atenas contra Atlântida
- TIM 25d-27b: Crítias desenvolve o relato histórico
- TIM 27c-92c: A Exposição de Timeu
- TIM 27d-29d: A gênese do Universo sensível: o Modelo e o Demiurgo
- TIM 29d-47e: O Universo
- TIM 30c-31b: Universo é único
- TIM 31b-33a: Universo composto de quatro elementos
- TIM 33b-33d: Figura esférica do Universo
- TIM 34a-34a: Movimento circular do Universo
- TIM 34a-34b: Divindade do Universo
- TIM 34b-37c: A Alma do Mundo
- TIM 37c-39e: O Tempo
- TIM 38b-39e: Os Planetas, instrumentos do Tempo
- TIM 39e-42e: As quatro espécies de viventes
- TIM 40a-40d: Os Astros
- TIM 40d-41a: As Divindades mitológicas
- TIM 41a-42e: Os viventes mortais: alocução do Demiurgo
- TIM 42e-47e: Os viventes mortais. Sua alma unida a um corpo.
- TIM 44d-47e: Explicação da estrutura do corpo
- TIM 46c-47e: Mecanismo e Finalidade
- TIM 47e-52c: Explicação mecanista. Necessidade no Universo.
- TIM 48e-51b : Um terceiro gênero de ser, o Receptáculo
- TIM 51b-51e: Realidade das Ideias
- TIM 51e-52c: O Ser, o Devir e o Lugar
- TIM 52d-61c: A constituição dos corpos primeiros. O caos inicial.
- TIM 53c-53c: Determinações geométricas elementares
- TIM 53c-54d: Triângulos primitivos
- TIM 54d-55d: Sólidos regulares
- TIM 55d-57e: Os quatro corpos fundamentais
- TIM 56c-58e: Características dos quatro corpos fundamentais
- TIM 58e-61c: Variedades e alterações físicas dos corpos primeiros
- TIM 60b-61c: As terras
- TIM 61c-69a: As qualidades sensíveis. Psico-fisiologia das sensações.
- TIM 64a-65b: Prazer e dor
- TIM 65b-69a: Os sentidos especializados
- TIM 69a-90d: O Ser humano.
- TIM 70a-70d: Alma irascível. Coração.
- TIM 70d-73a: Alma apetitiva
- TIM 73b-76e: Anatomia e histologia
- TIM 76e-81e: Fisiologia
- TIM 81e-87b: Patologia
- TIM 86b-87b: Doenças da alma
- TIM 87c-90d: Terapêutica
- TIM 89d-90d: Harmonia da alma
- TIM 90e-92c: Os outros viventes
- TIM 92c-92c: Conclusão
Jean Brun
Excertos de Jean Brun , "Platão"
É a este tema que é dedicado o Timeu, que Brunschvig chama um «romance físico». Neste diálogo surgem muitos temas pitagóricos, a ponto de, desde a Antiguidade, correr uma lenda, relatada por Diógenes Laércio, segundo a qual Platão teria aproveitado uma viagem ao Egito para comprar a preço de ouro escritos secretos de Pitágoras e do seu discípulo Filolau, que teria depois plagiado no Timeu.
O mundo foi feito a partir de um «modelo» pelo Demiurgo. Esse modelo é o vivo em si, o mundo das ideias que permanece eterno e não conhece o devir. A cópia, essa, é aquilo que devêm sempre e nunca existe plenamente. O Demiurgo quis que todas as coisas fossem boas e fez o mundo de maneira a realizar uma obra que fosse, por natureza, a mais bela e a melhor. O mundo nasceu, portanto, da Providência do Deus.
Esse mundo é um vivo que possui uma Alma. Para a obter, já o vimos, o Demiurgo misturou o Mesmo e o Outro e obteve assim uma terceira substância; depois de ter misturado essas três substâncias dividiu a Alma do mundo segundo uma série geométrica pitagórica. Essa Alma do mundo está colocada no centro do mundo e estende-se através de todo o corpo e mesmo para lá dele (34 b).
O Deus criou então as quatro espécies de vivos: a espécie celeste dos deuses; moldados no fogo, têm uma face arredondada e avançam segundo a regra do Mesmo; ao lado desses deuses verdadeiros estão os deuses das lendas de Homero e Hesíodo ; os pássaros constituem a espécie alada que circula nos ares; os peixes a que vive na água; e na terra está a espécie que anda.
Nesta última inclui-se o homem. A sua alma é uma parte da Alma do Todo. As almas foram semeadas nos instrumentos do tempo, cada uma no que lhe convinha. O corpo no qual se encontra é uma mistura dos quatro elementos: a água, o ar, a terra e o fogo.
Mas ao lado do paradigma eterno e da sua cópia, Platão dá lugar a um «terceiro gênero» que ele chama de «receptáculo», «ama», «mãe», «vaso», «em que» (48 e e seg.), ou seja, a chora. Esta noção de receptáculo e de chora permanece ainda bastante obscura e foi interpretada de modos muito diferentes pelos comentadores [1]. No entanto, a maioria concorda em ver nela a «extensão», e parece de fato ser isso o «em que» de que nos fala Platão. Importa, no entanto, para compreender essa chora platônica, afastarmos tudo aquilo que essa noção de extensão pode significar, desde Descartes , para nós em geometria. A extensão de que nos fala Platão é no fundo aquilo «em que» as coisas estão separadas uma das outras; se repararmos que chora e choris pertencem à mesma família, talvez conviesse traduzir chora por deslocação, termo que contém ao mesmo tempo uma ideia de localização e a de uma cisão ou quebra que, em Platão, se inscrevem na construção do mundo, profundamente separado do seu modelo musical eterno visto que é rejeitado no tempo.
O tempo é para Platão a imagem móbil da eternidade, não é uma realidade que se basta a si própria. A verdadeira realidade em si é a eternidade que pertence apenas a esse paradigma a partir do qual se fez o mundo. A eternidade é o modo de ser das ideias que não nascem nem perecem, por isso «a expressão é» só se aplica à substância eterna. Ao contrário, era, será, são termos que convém guardar para aquilo que nasce e progride no Tempo. São de fato apenas mudanças; mas aquilo que é imutável e imutado não se torna mais velho nem mais novo com o Tempo, e, mesmo que assim fosse, não o é agora nem o será no futuro. Ao contrário, uma tal realidade não traz consigo nenhum dos acidentes que o devir implica para os termos que se movem na ordem sensível, mas esses acidentes são variedades do Tempo, que imita a eternidade e se desenvolve em círculos segundo o Número» (38 a). O Tempo e o devir são o domínio da geração e da corrupção, são eles que imprimem às coisas da terra esse carácter, que lhes retira a permanência e a estabilidade que pertencem apenas ao ser.
LÉXICO: Timeu
[1] Limitemo-nos a citar quatro obras essenciais para a compreensão do Timeu: PROCLUS, COMMENTAIRES SUR LE TIMÉE, trad. A.-J. Festugière (4 vols., Paris, 1966-1963). A. E. Taylor, A COMMENTARY ON PLATO’S TIMAEUS. J. Moreau, L’ÂME DU MONDE DE PLATON AUX STOÏCIENS. Th.-H. Martin, ETUDES SUR LE TIMÉE DE PLATON, 2 vol., Paris, 1841; rééd., Nova Iorque, 1976.