A hipertrofia destes termos [ἰδέα/εἶδος], como marcas designativas de toda a ontologia platônica, é aliás, muito provavelmente, de origem aristotélica (cf. Metaph., A, 5, 987b7-8, b32), embora possa ser reconduzida a algumas formulações clássicas do próprio Platão [...].
Todavia, como é geralmente notado, as preocupações de Platão com a terminologia são, em regra, marginais, o que explica uma razoável flutuação vocabular, agravado no caso dos dois termos em presença pelo facto de o uso platônico ser já importado (...)
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MesquitaPlatão
MESQUITA, António Pedro. Reler Platão. Ensaio sobre a teoria das ideias. Lisboa: Imprensa Nacional, 1995
Matérias
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Mesquita (RP:64-66) – eidos - idea
26 de janeiro, por Cardoso de Castro -
Mesquita (RP:11-12) – uno e múltiplo
8 de dezembro de 2021, por Cardoso de CastroMESQUITA, António Pedro. Reler Platão. Ensaio sobre a teoria das ideias. Lisboa: Imprensa Nacional, 1995, p. 11-12
O pensamento plat6onico tem sido, quase desde o seu início, condenado a ser visto pelos olhos de outrem.
É certo que essa é a condição de toda a exegese: não só enquanto tal tarefa supõe o olhar de um outro ou «de si mesmo enquanto outro», mas principalmente porque ela mesma é necessariamente alteradora, tendo de tomar o que interpreta num «outro» para que haja propriamente (...) -
Mesquita (RP:64-66) – Laques — ser - saber - coragem
17 de dezembro de 2021, por Cardoso de Castro[MESQUITA, António Pedro. Reler Platão. Ensaio sobre a teoria das ideias. Lisboa: Imprensa Nacional, 1995, p. 64-66]
Os polos da circularidade [ser e saber] estão aqui bem presentes, assim como a própria circularidade: o que falta para a completar é, no entanto, o entendimento dinâmico dessa circularidade, pelo qual tais polos possam propriamente circular numa direção definida e, portanto, compreensível.
Ora esta falta surge colmatada in concreto no Laques, pela tipificação da coragem que dois (...) -
Mesquita (RP:62) – saber
7 de fevereiro, por Cardoso de CastroMESQUITA, António Pedro. Reler Platão. Ensaio sobre a teoria das ideias. Lisboa: Imprensa Nacional, 1995, p. 62
Que tipo de saber pode ser esse que nem sequer se sabe como tal?
Repare-se que a questão expressa uma perplexidade e que essa perplexidade é em si mesma informativa: ela informa que o saber é sempre para nós entendido primariamente como um «saber que se sabe», de uma forma aperceptiva ou auto-reflexiva. Como, na verdade, sei eu o que há a temer, se nem sequer sei que o sei? De outro (...)