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melos / μέλος / μέλη / mele / mêlē / canto / melodia / métrica / métricas
Designa ao mesmo tempo o canto e a melodia. Na República III de Platão : "A melodia (tò mélos) é um composto que resulta de três elementos , as palavras, a harmonia e o ritmo".
Expressas de outra forma, as "métricas" são o veículo da libertação e daí surge a expressão tântrica posterior mantra yana, que significa "trajeto do encantamento ". Em Jaiminiya Upanixade Brahmana 1.18 temos a descrição de uma ascensão por meio das métricas: "Reúne as métricas (chandansi), entra nelas como num refúgio e serás afastado da morte e do mal". Desse modo a pessoa se eleva para o Sol , para a Verdade (satyam , ibid., 1.5) e para o Som (svara, ibid., II 1.33); é literalmente por meio da assonância ou sintonização que "o que entende" (evamvit) é assimilado na Fonte de Luz; ou, em termos cristãos, é investido numa Porção de Luz. É este o significado metafísico de todos os ritos litúrgicos, podendo-se dizer o mesmo de todas as artes tradicionais cujo objetivo final é perceber a beleza Absoluta: e isto é possível somente porque (como diz Plotino ) esta música "é uma representação terrena da música que existe nos domínios do mundo ideal" (a "música não ouvida" do Kabir ); e o "artesanato como carpintaria e construção... toma o seu princípio daqueles domínios e do pensamento que existe neles". Sobre este significado espiritual de "ritmos" veja E. Lebasquais em Le Voile d’Isis No. 184, 1935, p. 142, nota 2 e René Guénon, ibid., No. 182, pp. 49-54. Também podemos notar que o Sahitya Darpana III.2-3, em que a consumação da sensação estética é assinalada ao "gosto de Brâmane" (veja o meu Transformation of Nature in Art, 1934, p. 49), é de fato um prolongamento, uma reafirmação ou uma paráfrase da doutrina bramânica de integração pelo sacrifício (samskarana) como foi enunciado acima em relação às métricas, e no Satapatha Brahmana em relação ao simbolismo do Fogo -altar, de cuja construção, como nas catedrais, participa uma síntese eminente de todas as artes. [AKCcivi ]
Matérias
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Watts (VC:II-2) – Deus
29 de março de 2022, por Cardoso de Castro
Há ocasiões em que a Realidade se apresenta ao místico como algo tão vivo e inteligente que ele sente estar em comunhão com uma pessoa; em outras ocasiões, o místico fica de tal modo impressionado com sua natureza infinita e misteriosa que qualquer coisa que lhe lembre o homem, como a personalidade, lhe parece uma limitação inconcebível.
Celso Mayer
Nenhum sistema filosófico ou teológico, nenhuma estrutura intelectual precisa pode jamais acolher plenamente a experiência mística de Deus. Não somente (...)
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Duval (HZ:197-201) – Linguagem
25 de setembro de 2022, por Cardoso de Castro
Escutemos a processão da Linguagem no desdobramento afirmativo de si da Panrealidade universal, processão e afirmação onde põe em obra o Tácito.
Ecoutons la procession de la Langue dans le déploiement affirmatif de soi de la Panréalité universelle, procession et affirmation où se met en oeuvre le Tacite.
Corps de Shiva : corps oeuvré par la provenance fulgurante de la Vie universelle qui donne forme en le rythme encore muet de son alchimie anonyme.
Corps de Shiva : corps oeuvré par l’affleurement (...)
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Finalidade dos Hinos
28 de março de 2022
Considerações de Teofano o Recluso A Prova de Todas as Coisas A finalidade dos hinos da Igreja
"Falando a vós mesmos em salmos e hinos e cantos espirituais, cantando e fazendo melodia em vossos corações ao Senhor" (Ef. V,19).
Como deveríamos interpretar estas palavras? Significam que quando estiveres plenos do Espírito, deveríeis então cantar com vossa boca e vosso coração? Ou que se quiseres estar plenos com o Espírito Santo, deveríeis primeiro cantar? Deve o canto com a boca e o coração, mencionado (...)
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XLI - Quand on entend le Tao...
25 de fevereiro de 2018, por Cardoso de Castro
Waley
When the man of highest capacities hears Tao He does his best to put it into practice. When the man of middling capacity hears Tao He is in two minds about it. When the man of low capacity hears Tao He laughs loudly at it. If he did not laugh, it would not be worth the name of Tao. Therefore the proverb has it: “The way out into the light often looks dark, The way that goes ahead often looks as if it went back.” The way that is least hilly often looks as if it went up and down, The (...)
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Nietzsche (GC:§373) – O preconceito “científico”
14 de novembro de 2021, por Cardoso de Castro
NIETZSCHE, Friedrich. A Gaia Ciência. Tr. Alfredo Margarido. Lisboa: Guimarães Editores, 2000, § 373 (ebook)
português
373 — O preconceito “científico” — As leis da hierarquia proíbem aos sábios que pertencem à classe intelectual média distinguir os grandes problemas, os verdadeiros pontos de interrogação; nem a sua coragem nem a sua vista podem, de resto, ir assim muito longe; é preciso dizer sobretudo isto: que a necessidade que os leva às pesquisas, a ambição, o desejo íntimo que podem ter de (...)
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Plotino - Tratado 1,1 (I,6,1) - Que espécies de coisas são belas
18 de setembro de 2021, por Cardoso de Castro
Capítulo 1: Que espécies de coisas são belas; crítica da definição estoica da beleza. 1-11. Relembrando o Hípias maior e o Banquete. 12-20. Os corpos não são belos por si mesmos, mas por participação (methexis) a uma Forma (eidos). 21-25. Relembrando a tese estoica sobre o belo. 25-30. Consequências absurdas da definição do belo pela proporção (symmetria). 31-49. Contra-exemplos (a): há belezas não compostas (synthesis): a luz do sol, o ouro, o relâmpago, os astros; (b): há realidades proporcionais que são (...)
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Ferreira da Silva (TM:90-93) – a vida nos povos aurorais
12 de agosto de 2020, por Cardoso de Castro
[Excerto de FERREIRA DA SILVA, Vicente. Transcendência do Mundo. São Paulo: É Realizações, 2010, p. 90-93]
Assim como a vida não se desenrola num cenário já dado, mas é, ela mesma, uma eclosão de cenas, assim também o processo teogônico não transcorre num mundo físico-natural prefixado, mas é também uma total configuração da realidade. Podemos, portanto, estabelecer relações entre essas duas ordens de eventos, isto é, entre a série das formas vitais e a sucessão das hierofanias. Evidentemente, o que (...)
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Abellio (SA) – A estrutura absoluta
12 de setembro de 2021, por Cardoso de Castro
ABELLIO, Raymond. La structure absolue. Paris: Gallimard, 1965
INTRODUÇÃO
A ESFERA SENÁRIO UNIVERSAL 1. Estrutura da percepção e gênese do «eu» Relações e proporções A intensidade enquanto compactação ou preenchimento do tempo vivido A inversão da inversão e a esfera senário universal 2. Estrutura de intensificação Passagem das percepções sensoriais às intuições eidéticas A emergência do Eu transcendental e a noção de constituição A transfiguração da coisa em «sobre-coisa» Problemas de metodologia estruturalista (...)
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Nascimento de Cristo I
29 de março de 2022
Prólogo. Aquele que sem mãe, foi gerado pelo Pai antes da aurora, hoje, sem pai, tomou carne em ti sobre a terra; por isso, a estrela anuncia a boa nova aos Magos, e os anjos com os pastores cantam teu parto sem semente, ó cheia de graça (Kekharitomené).
1. A videira carregava nos braços, como se fossem ramos, o cacho que dera sem o socorro do vinhateiro, e dizia-lhe: "Ó meu fruto, ó minha vida, por ti, ó meu Deus, eu sei que permaneço o que era: o selo de minha parthenia - virgindade está intacto; (...)
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Maquina Universal 3
22 de março de 2022
Lévy - A Máquina Universal - 3 A MÁQUINA UNIVERSAL Uma grande estrutura subjacente singulariza o Ocidente: a máquina universal. Ela é um dos mistérios de sua história, a forma oculta de seu ideal democrático, um motor invisível de sua arte, o selo de sua potência industrial e científica. O conceito de máquina universal foi rigorosamente elaborado no campo da lógica matemática. Mas a grande máquina universal ocidental desdobrou suas voltas e suas combinações nas profundezas da imaginário social e dos (...)
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Barbuy: senso comum (11) - arte
7 de outubro de 2021, por Cardoso de Castro
BARBUY, Heraldo. O Problema do ser e outros ensaios. São Paulo: Convívio, 1984, p. 161-168.
11. A perda da significação do ritmo se traduz ao olhar de qualquer observador por uma série de fenômenos, cuja evidência é inegável; as grandes cidades, onde desfilamos como expressões transitórias de massas anônimas — hóspedes passageiros de moradias coletivas — onde a confusão, o caos, a rotina, a resignação, a domesticação nos reduzem a apêndices de máquinas, a peças de engrenagens, matam em [161] nós todo (...)
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Eco Talismã
28 de março de 2022
O medieval só conhecia um modo para modificar a ordem das coisas naturais: o milagre. A arte ajudava a natureza a aperfeiçoar o próprio curso, mas não podia nem modificar nem desviar suas finalidades. Diferente é o objetivo da magia astral do Renascimento, e disso temos um exemplo - com claras implicações estéticas - nas práticas talismânicas de Marsilio Ficino.
Yates (1964) supõe que tais práticas tenham sido sugeridas a Ficino por um texto mágico árabe do século XII, que circulou na Idade Média em (...)
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Callisto Patriarca Gouillard
29 de março de 2022
1. Quereis saber a verdade? Tomai por modelo o tocador de citara. Ele inclina ligeiramente a cabeça de lado, escuta o canto com atenção (epimeleia), ao mesmo tempo em que maneja o arco, e as cordas se respondem harmoniosamente. A citara emite sua música e o citarista é arrebatado pela suavidade da melodia.
2. Laborioso operário da vinha, que meu exemplo vos decida e que não hesiteis. Sede vigilante ( "sóbrio" - nepsis ) como o citarista; quero dizer, no fundo do coração (kardia), e possuireis (...)
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Sócrates Buzzi
29 de março de 2022
Sócrates SÓCRATES está no ocaso do pensamento grego. Ocaso é movimento que se encaminha para uma decisão articulada, para uma definida maneira de dizer e viver o ser.
Em Heráclito e Parmênides o ser não era claramente representado num conceito. Era insinuado no vigor que fluía ou na vigência do que aparecia. Era aí, na imersão do manifestado, que o ser se revelava e se velava, se dizia e não se dizia.
Sócrates empreende um esforço que se desvia dessa primitiva tradição filosófica grega. Daí o chamar-se (...)
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Diadoco de Photiki Gouillard II
29 de março de 2022
68. A maioria das vezes, nosso nous - intelecto tem dificuldade em aceitar a euche - oração, por causa da extrema restrição da virtude da euche - oração; em contrapartida, dedica-se com alegria à teologia, devido aos grandes espaços isentos das theoria - contemplações divinas. Para impedi-lo de querer falar demais e, na sua alegria, querer voar além dos seus meios, apliquemo-nos com maior freqüência à euche - oração, à salmodia, à anagnosis - leitura das Santas Escrituras, sem negligenciar as pesquisas (...)
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Benoist Linguagem
28 de março de 2022
O aparecimento da linguagem como balbucio e articulação da boca não passa de falso problema, pois nasceu com o homem, não sendo nem menos precoce nem menos natural que o grito dos animais: ronco do tigre, arrulhar dos pombos, relinchar dos cavalos, grunhido dos porcos, mugido das vacas, todos estes sons que chamamos gritos pelo fato de não os compreendermos.
A linguagem se desprendeu pouco a pouco desse esboço de canto que é o grito, o que até hoje tantas cantoras não nos deixam esquecer. Nasceu (...)
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Schmemann Preparação para a Quaresma 5
29 de março de 2022
PREPARAÇÃO PARA A QUARESMA 5 - O PERDÃO (Domingo da Tirofagia)
Eis-nos chegados aos últimos dias antes da Quaresma, Já durante a semana da abstenção de sarx - carne, que precede o Domingo do perdão, a quarta e a sexta-feira são postos à parte como sendo dois dias propriamente de "Quaresma", onde não se celebra a Divina Liturgia e onde os ofícios litúrgicos têm a ordenação e as características da Quaresma. Na quarta-feira, nas vésperas, saudamos a Quaresma com este belo hino:
" A primavera do jejum surgiu (...)
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Origenes Oratio Destinatarios
29 de março de 2022
II Apresentação aos destinatários 1 É razoável a ti, Ambrósio, varão temente a Deus e trabalhador infatigável, e a ti também, Tatiana, adornada de virtudes (arete) e de coragem, (e com a qual me regozijo de já ter sido liberta, como outrora Sara, de certos incômodos femininos), é razoável, repito, que vos pergunteis a vós mesmos por que eu, pretendendo tratar da Oração, comecei falando de coisas impossíveis aos homens, mas possíveis pela graça (kharis) de Deus.
Uma das coisas impossíveis, segundo me (...)
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SA Fundamentos
29 de março de 2022
Estrutura do ser e do ente Análise intencional e problema do ser A análise intencional, que constitui o essencial do Fenomenologia - método fenomenológico e que permite superar o velho problema da dualidade do sujeito e do objeto, implica no entanto como mais "originário" o pensamento mesmo do objeto ou do mundo oferecidos à intencionalidade da consciente - consciência. Donde a necessidade de um "envelopamento" ontológico da fenomenologia. Transcendência do Eu e radicalidade da experiência A noção (...)