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Enéada I, 8
Enéada I, 8 (51)

      

PLOTINO   - TRATADO 51 (I, 8) - DA NATUREZA E ORIGEM DOS MALES

Plotino mobiliza neste tratado todos os recursos do platonismo   para tentar resolver o problema do mal. O duplo questionamento do título dado por Porfírio   — o que é o mal? donde vem? — constitui de fato um só e único problema: em definindo o que é o mal se terá também localizado sua origem, posto que a essência do mal, o "mal em si" (autokakakon, cap. 8, 42), é também a causa   primeira de todas as formas de mal. A démarche de Plotino é portanto de se esforçar por hipostaziar o mal, de lhe dar uma existência absoluta, separada de todo ser, quer se trate do ser sensível   do corpo ou do ser inteligível da alma  . Os males dos quais se pode fazer imediatamente a experiência, os sofrimentos do corpo e os desfuncionamentos da natureza, as fraquezas e os vícios   da alma, não poderiam pretender, apesar de seu caráter obsessivo ou alienante, ao estatuto de princípio: eles não são senão males derivados e secundários, dos efeitos do mal. Deve-se visualizar desde então o mal como o simétrico inverso do Bem: assim como o Bem engendra nos seres bens secundários, da mesma maneira o mal absoluto produz males acidentais. [Brisson  ]


1: Questões sobre o mal
  • 1-6: Qual é a natureza do mal?
  • 6-12: Como conhecer o mal?
  • 12-20: A contrariedade do bem e do mal.

2: A natureza do bem

3: O mal e o não-ser

  • 1-12: Os diferentes modos   de não-ser
  • 12-34: O mal como a ausência de medida
  • 35-40: Identificação do "mal em si" e da matéria.

4: Os males segundos: males dos corpos e vícios da alma

  • 1-5: Os males dos corpos
  • 5-32: A alma má está misturada à matéria; a alma perfeita permanece desta preservada.

5: Como conduzir os males segundos à matéria?

  • 1-5: Objeção: o mal primeiro é o vício que reside na alma
  • 5-20: Resposta  : o mal como deficiência total
  • 20-21: Objeção: A doença ou a pobreza   não têm por origem a matéria
  • 21-28: Resposta: a pobreza e a feiura estão ligadas a um excesso   ou a uma falha devida à influência da matéria.
  • 28-35: Certos homens são capazes de fugir   dos males; os deuses sensíveis permanecem preservados do mal.

6: Exegese   do Teeteto  , 176a

  • 1-17: Citações do Teeteto 176a: os males não podem desaparecer
  • 17-32: Objeções: o vício é o contrário da virtude, não do Bem; o Bem sendo sem qualidade   não poderia ter contrário; a existência de uma realidade não implica necessariamente aquela da realidade contrária; nem a ousia  , nem o além da ousia não têm contrário.
  • 32-59: Resposta: há dois   princípios contrários, um dos bens e outros dos males.

7: Continuação da exegese do Teeteto

  • 1-12: A matéria é necessária à existência do mundo.
  • 12-16: Fuga do mal e existência "entre os deuses"
  • 16-23: A existência da matéria é necessária posto que ela é o "último" termo da emanação

8: A união da alma e do corpo

  • 1-11: Objeção: o mal na alma vem da forma do corpo
  • 11-28: Resposta: é a matéria que explica que a forma no corpo é enfraquecida e incapaz de garantir a ordem   a a saúde
  • 28-37: As disposições do corpo determinam o estado   da alma
  • 37-44: Distinção do mal primeiro e dos males secundários

9: O conhecimento do mal

  • 1-14: Vício absoluto e vício parcial
  • 14-26: O pensamento do informe

10: Mal e ausência de qualidade

  • 1: Objeção: se a matéria é sem qualidade, como poderia ela ser qualificada de "má"?
  • 2-16: Resposta: é precisamente a ausência de qualidade que torna a alma má

11: Mal e privação

  • 1-9: Objeção: a privação não existe "em si", mas sempre "em outra coisa"
  • 10-19: Resposta: a alma não poderia possuir nela mesma a privação do bem

12: Vício e privação parcial

  • 1-3: Objeção: o vício na alma não é privação total mas "uma certa privação" de bem
  • 3-7: Resposta: o vício não é senão um   mal derivado e não o mal primeiro

13: O mal obstáculo

  • 1-2: Objeção: o mal é um obstáculo para o bem
  • 2-5: Resposta: o mal obstáculo não é o mal primeiro
  • 5-14: Analogia   entre a relação da virtude ao Bem e a relação do vício ao mal
  • 14-26: Distinção entre a contemplação do mal e a participação ao mal

14: A fraqueza   da alma

  • 1-7 Objeção: o mal não é senão uma fraqueza da alma
  • 8-50: Resposta: é a matéria que é a causa da fraqueza da alma
  • 50-54: A matéria é engendrada em seguida de uma "afecção" anterior   da alma

15: A alma pura permanecer preservada do mal

  • 1-3: Objeção: a matéria não existe
  • 3-4: Objeção: o mal não existe
  • 4-12: Resposta: o bem e o mal estão misturados. Não se pode suprimir um sem fazer desaparecer o outro
  • 12-22: A alma pura preservada de todo contato com a matéria não sofre o mal
  • 22-28: Conclusão: no sensível, o mal-matéria resta oculto e dominado pelo Bem.