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hexis / ἕξις / έξεις / ἕξεις / hexeis / ἕξεως / hexeos / ἔχω / echo / habitus / habitude / hábito / disposição / predisposição / vasanas
gr. ἕξις, héxis: estado, característica, hábito, disposição, predisposição. A tradução corrente pelo termo hábito, derivado do latim habitus, habitude, deixa escapar vários elementos da conceptualidade grega de hexis, como possessão, estado atual.
“É em fazendo o bem que a gente se torna bom”, diz um escritor francês, e se poderia por conseguinte retornar a fórmula e dizer: « É em fazendo o mal que a gente se torna mau". Mas se é unicamente por intermédio de minha colaboração e de minha ação pessoal que me torno bom ou mau [nota], que disponho meu caráter como bom ou mau, isso implica que antes deste ato não sou nenhum nem outro, quer dizer que sou inocente ou em estado de inocência, de sorte que o fato de me tornar bom ou mau pela ação não valeria por assim dizer senão para esta primeira passagem de um estado ainda indeterminado a um estado de bondade ou de maldade determinado, a uma forma positiva ou negativa de consciência, fixada e expressa. O princípio que diz: o órgão se dispõe por sua função (a força se nutre pela ação) não quer dizer nada mais que isto: só a palavra que expressei, só o pensamento que formulei me pertencem. A criatura, em seu estado de inocência primeira, ou no estado de inocência restaurada pela graça, guarda em potência apenas (imagem, forma, etc.) uma multiplicidade de caracteres; e só a potência que a criatura exprime de novo nela e por ela, depois de ter anteriormente penetrado nesta mesma potência e ter tomado forma nela, torna-se verdadeiramente interior nela. Esta reação do ato e da manifestação faz igualmente compreender como em fazendo ou em exprimindo uma outra coisa, a primeira característica interior — já formada — possa ser de nova destruída. Mas por esta primeira determinação em favor de uma característica ou de outra, a criatura — supondo que isso se produza em um estado primitivo — suprimiu nela a possibilidade de se apropriar de outra característica; e se a característica extinta era a boa, concebe-se que seja necessário torná-la interiormente acessível por meio de uma potência liberadora. Assim, portanto, aquilo que se realiza exteriormente é precisamente aquilo que se torna interior. A causa morbi (como a causa sanitatis) é o ato primitivo que nos eleva a nós mesmos fora do equilíbrio ou que aí nos faz penetrar; a natura morbi (como a natura sanitatis) é o efeito durável deste estado primitivo enquanto ele é uma objetivação. [BaaderFG I §1]
Matérias
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pathos
24 de março de 2022
pathos: acontecimento, experiência, sofrimento, emoção, atributo
1. A história da palavra pathos está obscurecida por uma multiplicidade de conotações. A sua acepção mais geral significa «algo que acontece», quer em referência ao próprio evento (assim Heródoto V, 4; Sófocles, O. T., 732) quer à pessoa afetada (assim Platão, Fedão 96a: «as minhas experiências»), o último tipo de uso consideravelmente alargado em sentidos éticos, como, por exemplo, no «sofrimento instrutivo» dos trágicos (ver Esquilo, Aga. 177). (...)
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McEvilley (SAT:626-630) – Estoicismo: estratégias mentais
9 de outubro de 2022, por Cardoso de Castro
Os estoicos eram mais orientados para a ação — eles queriam governar, como Platão também queria — e, portanto, "não se moveram da tese ... de que o conhecimento infalível do mundo é possível".
A psicologia estoica foi escrita principalmente por Crisipo, cujas obras praticamente todas se perderam. Há, consequentemente, uma incerteza considerável sobre muitos dos detalhes, especialmente a natureza aparentemente complexa daquele estágio do processo que Crisipo chamou de horme ou impulso.
Todo ato e (...)
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techne
24 de março de 2022
téchnê: ofício, habilidade, arte, ciência aplicada
1. Falando de um modo geral, Platão não tem nenhuma teoria da techne. Como sucede frequentemente, uma palavra que finaliza em Aristóteles como um termo técnico cuidadosamente definido e delimitado ainda é empregada por Platão de um modo popular e não técnico. O uso contemporâneo de techne era descrever qualquer habilidade no fazer e, mais especificamente, uma espécie de competência profissional oposta à capacidade instintiva (physis) ou ao mero acaso (...)
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Daumal (RS) – Lettre à Geneviève (19 août 1942)
13 de setembro de 2022, por Cardoso de Castro
Você se lembra que no início dissemos: uma de nossas primeiras tarefas é criar uma linguagem comum. A princípio, isto é entendido como concordar com os rótulos que vamos colocar nas coisas, concordar com uma terminologia. Você vê hoje que tem ainda outro significado. Não há nascimento sem morte. Não adicionamos um novo idioma ao antigo. O velho deve morrer. Mas entre a morte e o nascimento, há um “entre”, um bardo, que não é agradável. O intelecto é muito inteligente. O próprio intelecto sabe muito bem (...)
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O noûs em Aristóteles
24 de março de 2022
8. O princípio transcendente de Aristóteles é, primeiro e antes de tudo, um «motor», desenvolvido a partir de uma série de argumentos que derivam da natureza da kinesis e da genesis (ver kinoun 7-10) e que Aristóteles, tal como Anaxágoras, escolheu para identificar como um princípio inteligente, o noûs. Mas diferentemente de Anaxágoras, ele está agora perante uma «separação» entre o material e o imaterial e assim tem de recorrer, mesmo no caso desta causa eficiente, à força motriz da causalidade final (ver (...)
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Parmênides – Poema - Fragmento 7
7 de outubro de 2022, por Cardoso de Castro
Que ‘o que não é’ seja, jamais será demonstrado.
EUDORO DE SOUSA
7. «Que ‘o que não é’ seja, jamais será demonstrado. Mas tu, afasta teu pensamento desta via, e não consintas que o muito experimentado costume te induza por tal caminho, teus olhos sem fito, teu ouvido ecoante e tua língua. Não, decide tu mesmo, pelo próprio pensamento, a tão discutida prova que eu te propus.»
GREDOS XII
«Ni te fuerce hacia este camino la costumbre muchas veces intentada de dirigirte con la mirada perdida y con el oído (...)
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Plotino - Tratado 1,1 (I,6,1) - Que espécies de coisas são belas
18 de setembro de 2021, por Cardoso de Castro
Capítulo 1: Que espécies de coisas são belas; crítica da definição estoica da beleza. 1-11. Relembrando o Hípias maior e o Banquete. 12-20. Os corpos não são belos por si mesmos, mas por participação (methexis) a uma Forma (eidos). 21-25. Relembrando a tese estoica sobre o belo. 25-30. Consequências absurdas da definição do belo pela proporção (symmetria). 31-49. Contra-exemplos (a): há belezas não compostas (synthesis): a luz do sol, o ouro, o relâmpago, os astros; (b): há realidades proporcionais que são (...)
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Gurdjieff (RBN) – Discurso de Santo Buda
29 de março de 2022, por Cardoso de Castro
Quase no início do surgimento de sua raça, ocorreu no processo da existência normal de todo o nosso sistema solar, um acidente imprevisto que ameaçou consequências graves para tudo o que existe.
tradutor (?)
San Buda comenzó por reunir a varios jefes del grupo, hablándoles en los términos siguientes: «¡Seres dotados de presencias semejantes a las del MISMÍSIMO CREADOR DE TODAS LAS COSAS!»
«Mediante ciertos sagrados, justa y esclarecedorameme orientadores resultados finales de la materialización de (...)
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sympatheia
24 de março de 2022
sympátheia: afeição a, simpatia cósmica
Termo transcrito do grego sympatheia. Para os estoicos, a simpatia universal designa ao mesmo tempo a estrutura mesma do mundo que é tal que cada coisa está ligada com todas as outras, e o fundamento da sabedoria que consiste em aceitar a ordem cósmica, quer dizer o entrecruzamento de todas as determinações. [Notions philosophiques] 1. A teoria da simpatia cósmica, associada pelos eruditos modernos ao filósofo Posidônio, assenta numa série de premissas (...)
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Plotino - Tratado 36,10 (I, 5, 10) — Nona dificuldade
12 de junho de 2022, por Cardoso de Castro
Capítulo 10: Nona dificuldade (se a felicidade cresce com o tempo) 1-3: Dificuldade: pode-se realizar mais ações virtuosas se o tempo se prolonga 3-23: Resposta: a felicidade reside em uma disposição da alma e não nas ações
Igal
10. —Pero la prolongación del tiempo ocasiona numerosas acciones nobles, en las que no tiene parte el que es feliz por poco tiempo, si hay que llamar feliz en absoluto a quien no lo es gracias a que sus acciones nobles son muchas.
—Pero decir que la felicidad resulta de (...)
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Graham (CTIP) – Chuang Tzu: o céu e o humano
21 de agosto de 2022, por Cardoso de Castro
GRAHAM, A.C.. Chuang Tzu Inner Chapters. Cambridge: Hackett Publishing Company
Chuang Tzu is, to modify the cliché about Spinoza, a ‘Heaven-intoxicated man’. For him, it is not a matter of obeying Heaven; the sage ‘constantly goes by the spontaneous and does not add anything to the process of life’, he ‘lives the life generated by Heaven’. At first sight one might suppose that like the Yangists he wants us to give full scope to the spontaneous inclinations of man’s nature. But we noticed in the (...)
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Ferreira dos Santos Ato
29 de março de 2022
ATO a) Segundo Aristóteles, o ato é o princípio do agente, pois um agente o é tal, enquanto em ato. O ato, portanto, só se dá no que está em ato; este antecede ao que está em potência. O que está em ato é necessário ao que está em potência, pois é aquele o sustentáculo do que é potencial. Aquele naturalmente move (realiza uma moção). Tudo quanto está em ato ou é uma forma subsistente ou tem sua forma em outro. Todas as coisas podem ser divididas por ato e potência.
b) Um enunciado psicológico dessa palavra diz (...)
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McEvilley (SAT:608-611) – equanimidade
9 de outubro de 2022, por Cardoso de Castro
A questão é que a mente comanda as respostas de acordo com sua disposição habitual, não com uma decisão tomada livremente para cada caso específico.
Na tradição grega, o motivo da equanimidade foi incorporado sobretudo por Sócrates. Seus alunos, incluindo Platão, procuraram dar mais detalhes à psicologia da imperturbabilidade e, como muitos pensadores indianos, concentraram-se no processo de prazer e sua habituação. Platão, quaisquer que sejam seus motivos transcendentais, foi um dos primeiros teóricos (...)
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Ramana (Talks:07-01-1935) – a realização
16 de setembro de 2022, por Cardoso de Castro
Devoto: Quais são os obstáculos que impedem a realização do Si mesmo? M.: São hábitos da mente (vasanas). D.: Como superar os hábitos mentais (vasanas)? M.: Realizando o Si mesmo.
O Si mesmo é realidade e é realização! Sua realização, sob todas as modalidade de ser, inclusive "hábitos mentais", é a sua realidade, é Si mesmo. Porém Realidade não é realização, Si mesmo não é mim mesmo. Daí a recursividade da resposta.
tradutor (?)
2. ¿Es necesario un Maestro para la realización? —preguntó primero la señora (...)
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Kingsley (Reality:117-122) – Parmênides - confrontando hábitos
7 de outubro de 2022, por Cardoso de Castro
“Não deixe que um hábito muito experimentado o force a seguir esse caminho, de modo que você exercite um olho que não vê e um ouvido e língua que ecoem, mas julgue pela razão o argumento altamente controverso apresentado por mim.”
Nossas mentes são como a bexiga de um cachorro. Os cães fazem xixi nas coisas que chamam a atenção deles para que possam deixar sua marca neles, para que possam reivindicar o que imaginam ser deles de alguma forma. Quando alguma coisa nos chama a atenção, pensamos nela e a (...)