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heteros / ἕτερος / ἅτερος / hateras / heteron / ἕτερον / heterotes / alteridade / ἀλλογενής / allogenes / ξένος / xenos / βάρβαρος / barbaros / ἄλλος / allos
gr. ἕτερον, héteron: o outro, alteridade. O par héteron/tautón (outro/mesmo) recebeu um conteúdo metafísico no Sofista de Platão onde é mencionado entre os eídê mais importantes, ao lado do Repouso, do Movimento e do Ser (254b-256d). O Outro substitui em Platão o não-ser de Parmênides que foi concebido como o contrário do ser. Em Platão, o não-ser não é o contrário do ser, mas somente sua negação, quer dizer algo outro (Sof. 257b).
Na cosmologia de Avicena , os Anjos ou Animae Coelestes que movem as Esferas, são eles também Estrangeiros vindos no «Ocidente celeste», assim como as Animae Humanae são Estrangeiras exiladas no «Ocidente terrestre». O reino de Luz começa além, aí onde acaba o aparato do poder cósmico.
Assim todo o edifício cosmológico está aí para anunciar e denunciar ao ser humano seu cativeiro, para provocar nele o despertar à consciência de sua origem. A cúpula esplêndida se torna uma cárcere, uma prisão de onde é preciso sair. O limite cósmico das Esferas celestes não é mais experimentado como unificando do interior para o exterior, mas como pesando do exterior para o interior. Sob este peso se angustia um existência estrangeira, e o sentimento de ser um Estrangeiro é bem o sentimento dominador em todo gnóstico, aquele que dá a sua consciência seu poder de exaltação. «Era aí único e solitário, estranho aos outros habitantes da hospedaria» (Atos de Tomé). Sohrawardi , o «recitante» do Relato do Exílio Ocidental, se verá lançado no fundo de um poço obscuro . O prisioneiro do relato do Pássaro de Avicena, clamará sua angústia. A mesma dominante: o «estranhamento», o sentimento de não ser de aqui, de ser um «alógeno» [allogenes]. [CorbinARV ]
Em repouso, é pura potencialidade;
Funcionando, deve buscar-se como outro,
Para constatar que a ausência de outros
É a ausência que si mesma é.
Pois não há si que não seja outro,
E nenhum outro que não seja si;
Nem em qualquer lugar do Cosmos
Pode haver qualquer coisa que não seja o si.
Não tendo encontrado um si que não seja outro,
O
buscador deve descobrir que não há outro que não seja o si,
De modo que na ausência tanto do outro quanto do si
Pode ser conhecida a
paz perfeita
Da presença da ausência absoluta.
Matérias
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Jean Brun (Platão) – Participação e separação
18 de setembro de 2022, por Cardoso de Castro
Dizer que o ser não é, mas que percorre todos os gêneros, é dizer que não é isto ou aquilo, mas aquilo por que existe o isto ou o aquilo; por isso Platão diz que o ser, participando do outro, será outro que não o resto dos gêneros, «outro que não todos eles, não é portanto nem nenhum deles tomado separadamente, nem a totalidade dos outros menos si próprio»; o ser não é porque nega todos os não-seres que o afirmam muito mais pelo não que eles são do que pelo ser que não são. Por isso «as vezes que são os (...)
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Beneval de Oliveira: Gerd Bornheim - a finitude
5 de outubro de 2021, por Cardoso de Castro
A Fenomenologia no Brasil, Beneval de Oliveira, Pallas, 1983 O presente trabalho tem como objetivo enfocar a temática do existencialismo brasileiro. Neste sentido, procuramos pesquisar as origens dessa temática, a partir de uma reinterpretação da filosofia grega, dando ênfase, sobretudo, à ontologia de Martin Heidegger, justamente por ter esse filósofo despertado maior atenção que os demais filósofos existencialistas entre os nossos estudiosos da matéria.
De outro lado, procuramos analisar a frio, (...)
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Wei Wu Wei (TM:10) – apercepção da identidade
6 de setembro de 2022, por Cardoso de Castro
Assim como pela superposição de positivo e negativo em filmes fotográficos, os elementos opostos de luz e sombra se complementam, produzindo assim a aniquilação mútua, o mesmo acontece com todas as contrapartes interdependentes, conceitos negativos e positivos, às vezes chamados de opostos ou complementares.
tradução
Assim como pela superposição de positivo e negativo em filmes fotográficos, os elementos opostos de luz e sombra se complementam, produzindo assim a aniquilação mútua, o mesmo acontece (...)
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Wei Wu Wei (TM:11) – Analítica
6 de setembro de 2022, por Cardoso de Castro
Todos os pares dos chamados ‘opostos’ e ‘complementares’ podem ser agrupados sob o par EU e TU, e assim considerados numenalmente em vez de fenomenalmente, isto é, pré-conceitual e não objetivamente.
tradução
A análise discursiva, dialética ou discriminativa dos chamados ‘opostos’ e ‘complementares’ pode tratá-los todos objetivamente, isto é, como substantivos, e em todos os casos sua reintegração mútua psicologicamente oferecerá o conceito resultante de ‘vazio’. Todos podem ser agrupados e examinados sob (...)
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Sicuteri Adão Lilith
28 de março de 2022
Excertos de seu livro "Lilith" ADÃO E LILITH Este Adão tinha os cabelos semelhantes aos de uma mulher, com espessas ondas: um esplêndido herói parecido a Enkidu, o épico homem do Poema de Gilgamesh. Como era este Adão? O Comentário ao Gênesis de Beresit-Rabba responde:
11. Macho e fêmea os criou. . . Deu-lhes quatro qualidades dos celestes e quatro dos inferiores: come e bebe como o animal, expele excrementos como o animal; dos celestes tem a posição ereta como os anjos do serviço divino, fala como (...)
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Ricoeur: A TAREFA DA HERMENÊUTICA
23 de março de 2022
Interpretação e Ideologias Paul Ricoeur Organização, tradução e apresentação Hilton Japiassu Francico Alves 1977
Capítulo 1. A TAREFA DA HERMENÊUTICA
1. A TAREFA DA HERMENÊUTICA
O presente estudo visa a descrever o estado do problema hermenêutico, tal como o recebo e o percebo, antes de trazer minha própria contribuição, no debate do segundo estudo. Dessa discussão prévia, limitar-me-ei a extrair, não somente os elementos de uma convicção, mas os termos de um problema não resolvido. Com efeito, (...)
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Henry (GP:61-63) – sentir
14 de setembro de 2021, por Cardoso de Castro
Excerto de HENRY, Michel. Genealogia da psicanálise. O começo perdido. Tr. Rodrigo Vieira Marques. Curitiba: Editora UFPR, 2009, p. 61-63.
Rodrigo Vieira Marques
O que significa sentir? Na proposição “sentimus nos videre” – equivalente a videre videor –, sentir fará referência ao mesmo poder que aquele no seio do qual se desenvolve o ver? Em suma, ver é, pois, um modo de sentir da mesma maneira que ouvir ou tocar e, como tal, é o que é próprio deles. Descartes aceitaria a tese heideggeriana segundo (...)
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Nothomb (Ça:31-37) – Zoot = Isso - Essa-aí - Outro
25 de outubro de 2022, por Cardoso de Castro
O casal "Adão e sua mulher" não faz lembrar o Adão senão pelo Adão citado, depois da separação do elemento "mulher" (Outro, Outro Adão) que o constituía. [Nothomb]
“Não é bom que o ser humano esteja só para ele” (Gn 2,18). A fórmula “o ser humano” (em hebreu heyot haadam) não aparece em nenhuma parte da Bíblia, e me parece significar aqui que reúne todas as facetas possíveis do homem, desde o Adão original até o indivíduo da condição humana para afirmar que o “eu” não pode se passar do “tu”. Que o “tu” ou o (...)
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Mesquita (RP:11-12) – uno e múltiplo
8 de dezembro de 2021, por Cardoso de Castro
MESQUITA, António Pedro. Reler Platão. Ensaio sobre a teoria das ideias. Lisboa: Imprensa Nacional, 1995, p. 11-12
O pensamento plat6onico tem sido, quase desde o seu início, condenado a ser visto pelos olhos de outrem.
É certo que essa é a condição de toda a exegese: não só enquanto tal tarefa supõe o olhar de um outro ou «de si mesmo enquanto outro», mas principalmente porque ela mesma é necessariamente alteradora, tendo de tomar o que interpreta num «outro» para que haja propriamente (...)
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Henry (CC) – a vida e o trabalho vivente
12 de setembro de 2021, por Cardoso de Castro
Excerto traduzido de HENRY, Michel. Du communisme au capitalisme. Théorie d’une catastrophe. Paris: Odile Jacob, 1990, p. 28-34 (versão em inglês).
Tradução
Marx está tão atento ao que faz que a vida é a vida, ao fato que ela se sente e se experiencia, que tudo o que se encontra desprovido desta propriedade extraordinária lhe parece, pelo contrário, privado de sentido, até mesmo como impossibilidade. E tanto amou Marx tudo o que é vivente, quanto rejeitou em um plano inferior tudo o que, privado da (...)
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Plotino - Tratado 17,1 (II, 6, 1) — Qualidade e "complemento" da realidade sensível
17 de janeiro de 2022, por Cardoso de Castro
Capítulo 1: Discussão sobre os estatutos respectivos da qualidade e do "complemento" da realidade sensível. 1-8: Relações entre o ser (on) e a realidade (ousia) no inteligível 8-29: É preciso estabelecer uma distinção entre as diferenças que completam a realidade sensível e as qualidades que lhe são exteriores 30-33: Exemplo da brancura da neve e da cerussita 33-40: Exemplo do calor, "ígneo do fogo visível" 41-48: É preciso estabelecer uma distinção entre as razões substanciais e suas produções, umas são (...)
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Lovejoy (GCS:35-38) – outra-mundanidade metafísica
17 de outubro de 2021, por Cardoso de Castro
LOVEJOY, Arthur. A Grande Cadeia do Ser. Um Estudo da História de uma Ideia. Tr. Aldo Fernando Barbieri. São Paulo: Editora Palíndromo, 2005, p. 35-38
Aldo Fernando Barbieri
Mas os efeitos sociais e políticos da outra-mundanidade, embora sejam um tema rico e interessante, não nos dizem respeito aqui, a não ser como um lembrete de que a outra-mundanidade, na prática, sempre foi obrigada a estabelecer boas relações com este mundo e frequentemente serviu como instrumento a fins estranhos a seus (...)
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Ferreira da Silva (TM:121-125) – o "ser" in-fuso
10 de outubro de 2021, por Cardoso de Castro
[FERREIRA DA SILVA, Vicente. Transcendência do Mundo. São Paulo: É Realizações, 2010, p. 121-125]
Por vezes o pensamento se aconchegou ao conceito de que muito acima do particularismo ciumento e excludente das coisas finitas se elevaria o princípio imparcial e majestático do Ser. O Ser seria a justiça por sobre a injustiça cavilosa e mal-querente dos entes individuais. O Ser seria efusão e não infusão. Uma vontade que se quisesse unicamente a si mesma, uma paixão de si, não seria qualidade atribuível (...)
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Isabelle Ratié (SA:23-27) – A luz do Si
5 de junho de 2018, por Cardoso de Castro
Extrait de RATIÉ, Isabelle. Le Soi et l’Autre. Identité, différence et altérité dans la philosophie de la Pratyabhijñā. Leiden: Brill, 2011, p. 23-27
nossa tradução
O exame racional que é o tratado é, portanto, um meio de conhecimento (pramāṇa) que visa convencer os outros da validade de uma tese - nesse caso, a identidade do indivíduo com a consciência absoluta - demonstrando esta tese por inferência. No entanto, essa afirmação parece problemática em vários aspectos. Primeiro, porque se tudo é o Si, e (...)
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Reale: A estrutura do mundo das Idéias
24 de março de 2022
Excertos de "Giovanni Reale e Dario Antiseri - História da Filosofia Vol I"
Como já tivemos ocasião de salientar, o mundo das Ideias pelo menos implicitamente, é constituído por uma multiplicidade, porquanto existem Ideias de todas as coisas: Ideias dos valores estéticos, Ideias de valores morais, Ideias das diversas realidades corpóreas, Ideias dos diversos entes geométricos e matemáticos etc. Tais Ideias não estão sujeitas a geração, sendo incorruptíveis, como o ser eleático.
A distinção entre dois (...)
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Gadamer segundo Ricoeur
22 de março de 2022
Gadamer segundo Ricoeur Interpretação e Ideologias, Paul Ricoeur. Trad. Hilton Japiassu. Francisco Alves, 1977 H. G. Gadamer Essa aporia torna-se o problema central da filosofia hermenêutica de Hans Georg Gadamer, em Wahrheit und Methode (H. G. Gadamer, Wahrheit und Methode. Grundzüge eiher Philosophischen Hermeneutik, 1960.). O filósofo de Heidelberg se propõe expressamente a reavivar o debate das ciências do espírito a partir da ontologia heideggeriana e, mais precisamente, de sua inflexão nas (...)
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Capalbo: Fenomenologia, Psicanálise e História
6 de outubro de 2021, por Cardoso de Castro
CAPALBO, Creusa. Fenomenologia & Ciências Humanas. Âmbito Cultural Edições, 1987
4.1 Introdução
A atitude fenomenológica e as ideias centrais que orientam a fenomenologia abriram um caminho fecundo para o estudo do comportamento concreto do homem, é assim que ela influenciará o pensamento de Max Scheler que procurará estudar a simpatia e o ressentimento; de Sartre que fará um esboço sobre a teoria das emoções; de Karl Jaspers que escreverá uma psicopatologia geral sob a sua inspiração; de Koffka (...)
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Quatro Fases - Quatro Zonas
24 de março de 2022
Na primeira fase contam-se quatro Divindades primordiais: Caos, Terra, Tártaro "no fundo da Terra" e Eros. Caos e Eros são princípios dinâmicos substanciais que presidem dois modos antí-téticos de procriação: por cissiparidade (Kháos significa "Cissor") e por acasalamento (Éros, "Amor"), e assim ambos são paredros da Terra por ser ela "de todos sede sempre irresvalável". No fundo mé-ôntico da sede sempre irresvalável, Tártaro espelha uma contra-imagem, porque Tártaro pertence à Deusa Terra como o modo (...)
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Ricoeur Gadamer
22 de março de 2022
Paul Ricoeur - Interpretação e Ideologias H. G. Gadamer Essa aporia torna-se o problema central da filosofia hermenêutica de Hans Georg Gadamer, em Wahrheit und Methode. O filósofo de Heidelberg se propõe expressamente a reavivar o debate das ciências do espírito a partir da ontologia heideggeriana e, mais precisamente, de sua inflexão nas últimas obras de poética filosófica. A experiência nuclear, em torno da qual se organiza toda a obra, e a partir da qual a hermenêutica erige sua reivindicação de (...)
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Wahl: As Filosofias da Existência (Panorâmica)
23 de março de 2022
Jean Wahl, As Filosofias da Existência. Trad. I. Lobato e A. Torres.
Jean Wahl, As Filosofias da Existência. Trad. I. Lobato e A. Torres.
CAPITULO VII - RELANCE DE CONJUNTO
Podemos agora apreciar, num relance, as diferentes categorias que enumeramos. Poderemos conceber o que é o indivíduo existente na medida em que ele é o próprio sujeito desta filosofia da existência.
O indivíduo existente estará voltado para o possível, estará em projeto, será escolha, liberdade, unicidade, verdade subjetiva, (...)