Interpretação e Ideologias Paul Ricoeur Organização, tradução e apresentação Hilton Japiassu Francico Alves 1977
Capítulo 1. A TAREFA DA HERMENÊUTICA
1. A TAREFA DA HERMENÊUTICA
O presente estudo visa a descrever o estado do problema hermenêutico, tal como o recebo e o percebo, antes de trazer minha própria contribuição, no debate do segundo estudo. Dessa discussão prévia, limitar-me-ei a extrair, não somente os elementos de uma convicção, mas os termos de um problema não resolvido. Com efeito, (...)
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aporia / ἀπορία / dificuldade
O termo aporia deriva de poros (passagem) que deu a-poros (passagem difícil).
La valeur concrète de aporía (« passe ou passage difficile », d’où « difficulté ») se retrouve en son contraire euporía (« passe ou passage facile », « solution »). On retrouve cette opposition clairement formulée chez Aristote (De l’âme I 2, 403b20-30 ; Métaphysique B 1, 995a27). [Brisson & Pradeau ]
Matérias
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Ricoeur: A TAREFA DA HERMENÊUTICA
23 de março de 2022 -
Mesquita (RP:62) – saber
7 de fevereiro de 2022, por Cardoso de CastroMESQUITA, António Pedro. Reler Platão. Ensaio sobre a teoria das ideias. Lisboa: Imprensa Nacional, 1995, p. 62
Que tipo de saber pode ser esse que nem sequer se sabe como tal?
Repare-se que a questão expressa uma perplexidade e que essa perplexidade é em si mesma informativa: ela informa que o saber é sempre para nós entendido primariamente como um «saber que se sabe», de uma forma aperceptiva ou auto-reflexiva. Como, na verdade, sei eu o que há a temer, se nem sequer sei que o sei? De outro (...) -
de Castro (SEI): meio científico
19 de outubro de 2021, por Cardoso de CastroDE CASTRO, Murilo Cardoso. Sobre a essência da informática. Técnica e Informática a partir do pensamento de M. Heidegger. Tese (Doutorado em Filosofia) – Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, p. 189. 2005. (revisado)
Atualmente a ciência permeia a vida como língua franca, como padrão de racionalidade e como princípio de fé; até os fundamentalistas utilizam produtos da ciência, em sua parceria perfeita com a técnica. Como discurso (...) -
Blumenberg (PM) – filosofia cartesianizada
1º de novembro de 2021, por Cardoso de CastroBLUMENBERG, Hans. Paradigmas para una metaforologia. Tr. Jorge Pérez de Tudela Velasco. Madris: Trotta, 2003, p. 41-44
BLUMENBERG, Hans. Paradigms for a Metaphorology. Tr. Robert Savage. Ithaca: Cornell University Press, 2010 (epub)
espanhol
Intentemos imaginar por un momento que la filosofía moderna se hubiese desarrollado según el programa metódico de Descartes, y hubiese llegado a esa conclusión definitiva que Descartes consideró de todo punto alcanzable. Este «estado final» de la (...) -
Arnou : Le désir de Dieu dans la philosophie de Plotin
16 de janeiro de 2010, por Cardoso de CastroArnou, René : Le désir de Dieu dans la philosophie de Plotin
TABLE DES MATIÈRES.
Introduction.
Intérêt d’une étude sur la philosophie religieuse de Plotin — Métaphysique et mystique ; influence que ces idées ont exercée — Plan du travail — La théorie du désir est un centre de perspective dans le système — Le texte des Ennéades.
Chapitre Ier. L’AME DE PLOTIN.
Les traits saillants de sa personnalité, tels qu’ils se dégagent de son œuvre — Influences politiques ou philosophiques qu’il a subies — Une âme (...) -
Ricoeur Dilthey
22 de março de 2022Paul Ricoeur - Interpretação e Ideologias W. Dilthey Dilthey se situa nessa encruzilhada crítica da hermenêutica, onde a amplitude do problema é percebida, muito embora permaneça colocada em termos do debate epistemológico característico de toda a época neokantiana.
A necessidade de incorporar o problema regional da interpretação dos textos no domínio mais amplo do conhecimento histórico impunha-se a um espírito preocupado em tomar consciência do grande êxito da cultura alemã no século XIX, a saber, a (...) -
Schleiermacher segundo Ricoeur
22 de março de 2022Paul Ricoeur — Schleiermacher Excertos de Interpretação e Ideologias, Paul Ricoeur. Trad. Hilton Japiassu. Francisco Alves, 1977
O verdadeiro movimento de desregionalização começa com o esforço para se extrair um problema geral da atividade de interpretação cada vez engajada em textos diferentes. O discernimento dessa problemática central e unitária deve-se à obra de F. Schleiermacher. O que há, antes dele, é, de um lado, uma filologia dos textos clássicos, sobretudo os da antiguidade greco-latina, e, (...) -
Henry (E) – ENCARNAÇÃO
12 de setembro de 2021, por Cardoso de CastroHENRY, Michel. Encarnação: uma filosofia da carne. Tr. Carlos Nougué. São Paulo: É Realizações, 2014
O grande pensador francês da fenomenologia volta-se agora, em sequência a seu notável estudo sobre o Cristo, EU SOU A VERDADE, para uma reflexão aprofundada sobre a encarnação do Verbo, da Verdade. Elucidar a "encarnação", a existência na carne, o "ser-carne", tal é a proposta deste livro. A carne não é o corpo. Pois é a carne que se experienciando, se sofrendo, se submetendo e se suportando a si mesma, (...) -
Rocha Pereira: República Livro I — independente e retocado para proêmio?
18 de setembro de 2021, por Cardoso de CastroPLATÃO. A República. Tr. Maria Helena da Rocha Pereira. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2017
Excertos da Introdução de Maria Helena da Rocha Pereira, à sua tradução da “República”.
Seria o Livro I independente a princípio, e só mais tarde retocado para servir de proémio à República?
Justamente a palavra «proémio» aparece na primeira frase do Livro II, para classificar a conversa anterior. Esta forma um conjunto ordenado e completo, comparável aos chamados diálogos aporéticos, que se atribuem à (...) -
Henry (ESV) – EU - EUs
12 de setembro de 2021, por Cardoso de CastroHENRY, Michel. Eu Sou a Verdade. Por uma filosofia do cristianismo. Tr. Carlos Nougué. São Paulo: É Realizações, 2015
A tese do homem “Filho de Deus” recebe então uma dupla significação, negativa e positiva. Negativamente, ela impede que se compreenda o homem como um ser natural, como fazem dele o senso comum e as ciências. Mas ela impede também que se compreenda, do ponto de vista transcendental, como um ser cujo mundo constituiria o horizonte de todas as suas experiências, o modo de aparecer comum (...) -
de Castro (SEI): Afinal! O que É a informática?
20 de outubro de 2021, por Cardoso de CastroDE CASTRO, Murilo Cardoso. Sobre a essência da informática. Técnica e Informática a partir do pensamento de M. Heidegger. Tese (Doutorado em Filosofia) – Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, p. 189. 2005. (revisado)
Lamentavelmente, as respostas à questão “o que é a informática?” não conseguem evitar o lugar-comum das definições baseadas seja na funcionalidade, seja na estrutura, seja nas aplicações do computador. É muito difícil ver a (...) -
Henry (E) – O preconceito oculto das pressuposições da fenomenologia
12 de setembro de 2021, por Cardoso de CastroHENRY, Michel. Encarnação: uma filosofia da carne. Tr. Carlos Nougué. São Paulo: É Realizações, 2014.
Tradução
Assim convém retornar às pressuposições da fenomenologia histórica. Sua indeterminação se lia, digamos, no caráter puramente formal dos princípios nos quais elas se exprimem. "Tanto de aparecer, tanto de ser." — "Direto às coisas mesmas!": qual aparecer? Qual ser? Quais "coisas"? Que significa "ir direto à"? Não se percebe então que na fenomenologia histórica esta indeterminação é apenas (...) -
Sócrates e seus seguidores
24 de março de 2022Excertos de "Giovanni Reale e Dario Antiseri - História da Filosofia Vol I"
Sócrates e seus seguidores
O discurso de Sócrates trouxe uma série de aquisições e novidades, mas também deixou uma série de problemas em aberto.
Em primeiro lugar, o seu discurso sobre a alma, que se limitava a determinar a obra e a função da própria alma (a alma é aquilo pelo qual nós somos bons ou maus), exigia uma série de aprofundamentos: se ela se serve do corpo e o domina, isso quer dizer que é outra coisa que não o (...) -
Rocha Pereira: República Livro I — independente e retocado para proêmio?
24 de março de 2022Excertos da Introdução de Maria Helena da Rocha Pereira, à sua tradução da "República"
Seria o Livro I independente a princípio, e só mais tarde retocado para servir de proémio à República?
Justamente a palavra «proémio» aparece na primeira frase do Livro II, para classificar a conversa anterior. Esta forma um conjunto ordenado e completo, comparável aos chamados diálogos aporéticos, que se atribuem à primeira fase da obra do filósofo, e cujo esquema é fundamentalmente o mesmo: propõe-se uma definição de (...) -
Dilthey segundo Ricoeur
22 de março de 2022Dilthey segundo Ricoeur Interpretação e Ideologias, Paul Ricoeur. Trad. Hilton Japiassu. Francisco Alves, 1977 W. Dilthey Dilthey se situa nessa encruzilhada crítica da hermenêutica, onde a amplitude do problema é percebida, muito embora permaneça colocada em termos do debate epistemológico característico de toda a época neokantiana.
A necessidade de incorporar o problema regional da interpretação dos textos no domínio mais amplo do conhecimento histórico impunha-se a um espírito preocupado em tomar (...) -
Gadamer segundo Ricoeur
22 de março de 2022Gadamer segundo Ricoeur Interpretação e Ideologias, Paul Ricoeur. Trad. Hilton Japiassu. Francisco Alves, 1977 H. G. Gadamer Essa aporia torna-se o problema central da filosofia hermenêutica de Hans Georg Gadamer, em Wahrheit und Methode (H. G. Gadamer, Wahrheit und Methode. Grundzüge eiher Philosophischen Hermeneutik, 1960.). O filósofo de Heidelberg se propõe expressamente a reavivar o debate das ciências do espírito a partir da ontologia heideggeriana e, mais precisamente, de sua inflexão nas (...)
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A ironia socrática
24 de março de 2022O HOMEM (cont.) Excertos de Micheline Sauvage, Sócrates. Agir, 1959 (original em francês: Socrate ou la conscience de l’homme
A piedade de Sócrates é tão inquietante para Atenas como o é o respeito do ironista. Neste Ateniense o respeito pelas leis, usos e tradições é manifesto e sincero. Mas entre este respeito e aquele que se inculcou ao adolescente-modelo conforme Aristófanes (o jovem de peito largo e nádegas fornidas, cheio de sentenças dos velhos poetas, de modéstia e de respeito para com os (...) -
Santos Participatio
29 de março de 2022TEMA III ARTIGO 1 - A PARTICIPAÇÃO
Se não há uma adequação completa entre símbolo e simbolizado, a ponto de se identificarem, deve haver entre ambos, para ser aquele adequado ao segundo, um ponto de identificação formal, formalidade que de qualquer modo, se atribua ao primeiro e que pertença ao segundo.
Há outro aspecto importante entre símbolo e simbolizado. É que o segundo é calado; dele não se fala directamente, mas por intermédio de outro que o aponta, que é o símbolo.
E se deixarmos por ora de (...) -
Ricoeur Hermeneutica
22 de março de 2022Paul Ricoeur - Interpretação e Ideologias
^Interpretação e Ideologias Paul Ricoeur Organização, tradução e apresentação Hilton Japiassu Francisco Alves 1977 Apresentação Hilton Japiassu
É nesse contexto - de uma decodificação hermenêutica do universo dos signos, presidindo à elaboração do discurso científico, mormente no domínio das chamadas ciências humanas e sociais, e de uma crítica hermenêutica dos discursos ideológicos, sempre presentes em todo conhecimento, por mais científico que ele seja - que vai (...) -
Ricoeur Schleiermacher
22 de março de 2022Paul Ricoeur - Interpretação e Ideologias F. Schleiermacher O verdadeiro movimento de desregionalização começa com o esforço para se extrair um problema geral da atividade de interpretação cada vez engajada em textos diferentes. O discernimento dessa problemática central e unitária deve-se à obra de F. Schleiermacher. O que há, antes dele, é, de um lado, uma filologia dos textos clássicos, sobretudo os da antiguidade greco-latina, e, do outro, uma exegese dos textos sagrados, o Antigo e o Novo (...)