Página inicial > Palavras-chave > Termos gregos e latinos > aither / αιθήρ / ether / éter / akasha

aither / αιθήρ / ether / éter / akasha

  

gr. αιθήρ, aithêr: éter. Trata-se do éter, este corpo eterno, inalterável e impassível do qual se compõe o céu. O éter não sofre por natureza nenhum corrimento. Sendo composto de éter, o corpo dos astros permanece então perfeitamente imutável.


Um elemento, e não um composto volátil (como na química), ou um meio sutil (como para os físicos do século XIX), ou um ar purificado (como para os poetas). E o elemento por excelência, superior aos outros, quintessência.

A noção remonta, no Ocidente, a Aristóteles (Do céu; Da geração e da corrupção) que o considera como substância imutável constitutiva dos astros (quintessência).


René Guénon

Se nos limitarmos a considerar o mundo corporal, o éter, na realidade, enquanto o primeiro dos elementos sensíveis, desempenha o papel "central" que deve ser reconhecido com relação a tudo o que é princípio numa determinada ordem: seu estado de homogeneidade e equilíbrio perfeito pode ser representado pelo ponto primordial neutro, anterior a todas as distinções e oposições, de onde estas últimas partem e para onde voltam finalmente a se desfazer, no duplo movimento alternativo de expansão e concentração, expiração e aspiração, diástole e sístole, em que consistem essencialmente as duas fases complementares de todo processo de manifestação. Isso se encontra aliás de forma muito exata nas antigas concepções cosmológicas do Ocidente, em que se representava os quatro elementos diferenciados dispostos nas extremidades dos quatro braços de uma cruz, opostos dois a dois: fogo e água, ar e terra, de acordo com sua participação nas qualidades fundamentais, igualmente opostas aos pares: quente e frio, seco e úmido, segundo a teoria aristotélica. (La Théorie hindoue des cinq éléments) Em algumas dessas figurações, o que os alquimistas denominam de "quintessência" (quinta essentia), isto é, o quinto elemento, que nada mais é que o éter (primeiro na ordem do desenvolvimento da manifestação, mas último na ordem inversa da reabsorção ou do retorno à homogeneidade primordial), aparece no centro da cruz sob a forma de uma rosa de cinco pétalas, que lembra evidentemente, enquanto flor simbólica, o lótus das tradições orientais. Neste caso, o centro da cruz corresponde à "cavidade" do coração, quer seja esse símbolo aplicado do ponto de vista macrocósmico, quer do ponto de vista microcósmico, enquanto, por outro lado, o esquema geométrico sobre o qual a rosa está traçada corresponde exatamente à estrela pentagramática ou pentalfa pitagórico.

Lembraríamos que essa figura, de caráter nitidamente hermético e rosa-cruz, e que é na verdade a Rota Mundi, foi colocada por Leibniz   com destaque em seu tratado De Arte combinatoria (Les Principes du Calcul Infinitesimal, Prefácio). Aí está uma das aplicações particulares do simbolismo da cruz   e de seu centro, perfeitamente de acordo com a sua significação geral, tal como tratamos em outra ocasião. (Le Symbolisme de la Croix, cap. VII). Ao mesmo tempo, essas considerações relativas ao éter também devem ser relacionadas, naturalmente, à teoria cosmogônica da Cabala   hebraica, no que diz respeito ao avir ("O Grão de Mostarda").

Jean Canteins

Os Quatro Elementos são as diferenciações da Matéria. Por vezes, não se fala na maioria das doutrinas ocidentais, de um quinto elemento, o Éter. Entretanto nas tradições integrais como o Samkhya indiano se tem uma exposição autêntica. Mesmo na tradição grega, parece que era conhecido, se lembrarmos da afirmação de Filolau: "na esfera há cinco elementos... (os quatro:) Fogo, Água, Terra, Ar, ( quinto elemento sendo) aquilo que é o envelopa (lit. casca) da esfera" (frag. 12). Existem em Platão uma passagem do Fédon   (1091-11c) que se inspira sem dúvida nesta mesma corrente pitagórica: o Éter é o nome dado à "Terra pura" ou celeste e esta Terra superior ou "Terra verdadeira" é para os Bem-aventurados o que o Ar é para os homens. A relação enunciada resulta de uma espécie de destaque de um elemento entre os homens (continentais, quer dizer terrenos) e os Bem-aventurados (insulares, quer dizer celestes). É dito, com efeito que o Ar é para os segundos o que a Água é para os primeiros e, em seguida, que o Éter é para os segundos o que oAr, por sua vez, é para os primeiros. No Timeu   58d e Epinomis   984b-c o Éter designa todavia um estado intermediário entre o Ar e o Fogo e não a quintessência dos Quatro Elementos.

Aristóteles trata do Éter no capítulo I.3 do De Coelo (270b). Ele o designa indiferentemente como o Primeiro Corpo ou o Quinto Elemento, princípio eterno que não está sujeito à modificação nem condicionamento de qualquer tipo. De maneira ortodoxa, Aristóteles escreve: "Eis porque no pensamento que o Primeiro Corpo é algo de diferente da Terra, do Fogo, do Ar e da Água, os Antigos deram o nome de Éter ao lugar mais elevado, derivando sua denominação do fato que corre sempre..." Platão (Cratilo 410b) já tinha explicado o grego aither por aeitheer: "que corre sempre...".

Mais adiante Aristóteles precisa que no mundo supralunar o Éter constitui a Esfera dos Fixos. Enfim, no De Mundo, pequeno tratado que não é de Aristóteles mas que lhe foi atribuído pois resume em simplificando suas exposições científicas, está escrito: "A substância do céu e dos astros denominamos Éter... porque corre sempre em seu movimento circular, sendo um elemento diferente dos outros quatro, sem mistura e divino". [Oleiro Demiurgo]

Julius Evola

Há que assinalar agora o fato de que, do mesmo modo que os elementos, esta Quinta-essência hermética — equivalente ao olkas pitagórico, ao akâça hindu, ao avir cabalístico, ao k’i taoista, etc. — não está considerada como uma abstração especulativa, como excogitação da «física» antiga, mas sim como uma realidade a que pode corresponder uma experiência espiritual específica. É o simbólico ponto central da Cruz, quando «for conhecido e evidente para o herói mágico — diz Della Riviere —, então será raiz e origem de todas as maravilhas mágicas». [Tradição Hermética]

Michel Hulin

« On appelle "espace" (akasha) ce qui fait de la place pour... ». Dans les philosophies brahmaniques classiques l’akasha représente à la fois l’espace universel et celui des grands éléments (bhuta ou mahabhuta) qui, au cours du processus cosmogonique, apparaît en premier (akasha, air, feu, eau, terre). Il possède des propriétés physiques spécifiques, notamment celle de porter et transmettre les sons. Dans les doctrines védântiques non dualistes apparaît comme un symbole de brahman parmi les plus adéquats. (Michel Hulin  , entrada em Notions philosophiques  )