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Yin-Yang

quinta-feira 25 de janeiro de 2024

  

O círculo do destino individual de cada um é, nas raças amarelas, representado pelo símbolo do Yin-Yang.

Algumas breves explicações são necessárias à figura representada acima. O Yin-Yang é um círculo, e vamos dizer porque. Trata-se de um círculo representativo de uma evolução, individual ou específica, e ele só participa em duas dimensões ao cilindro cíclico universal. Não tendo espessura, ele não tem opacidade, e é representado como diáfano e transparente, quer dizer que os gráficos das evoluções, anteriores ou posteriores a seu momento, se veem, e se impressionam ao olhar, através dele.

A espiral que divide em forma de “S” o círculo do Yin-Yang não é apenas um símbolo da hélice universal; ela é o traço descritivo, segundo a linguagem matemática, da própria hélice. Consideremos com efeito o Yin-Yang do único ponto de vista onde ele possa ser considerado verdadeiramente, quer dizer, em suma, consideremo-lo em relação à Perfeição, e “do alto do lugar geométrico e metafísico da vontade do céu”[43].

Um dos braços da curva em “S” é a projeção matemática, sobre o plano horizontal (geometria descritiva) da porção de hélice que, ao longo do cilindro universal (se tornando cone ao infinito) vai, do ponto da espira onde o Yin-Yang é tangente, até a reintegração na Perfeição. — O outro braço da curva em “S” é a projeção (por transparência do círculo do Yin-Yang) da porção de hélice que vai, da Perfeição ativa fluindo as formas até o mesmo ponto de tangência da espira com o círculo do Yin-Yang. — É todo o traçado da curva universal, desde a vontade que a emite até a vontade que reintegra.

Uma metade do Yin-Yang é negra; é a que representa a evolução abaixo do círculo; a outra é branca: é aquela que representa a evolução acima do círculo considerado. Estas duas metades são iguais: pois, como o ponto de partida e a meta são ambos o Infinito, o ponto considerado da espira pode, em relação ao Infinito, ser suposto, sempre, veridicamente, se sempre, à igual distância entre o ponto de partida e o ponto de chegada. Os dois pequenos círculos interiores, um negro na superfície branca e outro branco na superfície negra, estão aí, primeiro para lembrar a “transparência” do símbolo, e depois para mostrar que essas oposições de coloração não constituem uma realidade, e que o branco existe sob e com o negro, e o negro sob e com o branco, e que, em realidade, o Yin-Yang é todo branco, e todo negro, conforme o consideramos em relação à sua partida, ou em relação à sua meta. De resto, para aqueles que uma vã aparência ainda enganaria depois deste esclarecimento, é preciso se lembrar que o Yin-Yang é o símbolo da evolução humana individual, quer dizer de uma atividade. Este símbolo deve assim ser tomado como ativo nele mesmo: e para considerá-lo tal qual ele deve ser, é preciso fazê-lo girar em torno do seu centro. Veremos desde então que ele é unicolor, e que, jamais, consequentemente, não se pode pretender e encontrar, mesmo superficialmente, o menor caráter de dualismo.

Em existindo, o Yin-Yang satisfaz o princípio da causalidade: em mover-se ao redor de seu centro com a velocidade da evolução humana específica, ele satisfaz à lei de atividade; em tendo a forma circular, ele satisfaz a lei de harmonia; em sendo precedido e seguido de um número indefinido de círculos concêntricos, ele satisfaz a lei do bem. Mas notemos aqui – e é uma reflexão que é preciso fazer muito profundamente – que os três primeiros princípios são satisfeitos no interior mesmo do Yin-Yang, e que a satisfação do quarto princípio (princípio do bem) acha-se fora do Yin-Yang, quer dizer que é preciso considerar, para buscar esta satisfação, a situação dos círculos imediatamente vizinhos. No interior de um único círculo considerado, a lei do bem não é satisfeita. Quer dizer que, no interior de uma evolução humana individual, a atração da vontade do céu não se faz sentir. Esta espantosa constatação deriva da consideração matemática do gráfico, e nos conduzirá a consequências metafísicas, senão imprevistas, no mínimo de grande destaque.

É preciso não perder de vista jamais que, se, tomado à parte, o Yin-Yang pode ser considerado como um círculo, ele é, na sucessão das modificações individuais, um elemento da hélice: toda modificação individual é essencialmente um vortex de três dimensões; não há mais do que uma estase humana; e jamais se passa duas vezes por ela pelo caminho já percorrido. Isto é para cortar desde já qualquer tentativa de adaptação da Tradição Primordial a certas teorias panteístas ou mesmo espiritualistas (no sentido particular que dão a este termo alguns experimentadores ocidentais). [MATGIOI  . La Voie métaphysique. Paris: Éditions traditionnelles, 1980, p. 90-92]