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ainigma

quinta-feira 25 de janeiro de 2024

  

gr. ainigma = enigma

O enigma não tem nada a ver com as formas literárias de modo geral, nem com a alegoria em especial, embora a alegoria também permaneça enigmática para o ouvinte não iniciado. O ainigma, “dito obscuro”, “ditado enigmático”, é encontrado desde Píndaro   e Esquilo (PV 613). É o oposto de haplous logos, uma “palavra simples, direta ou singela” e se relaciona, quanto à origem (como em Ing. e Heb.) com o vb. “ler” (Ing. “read”, Ing. Ant. rede, “tomar conselho”, “aconselhar”, “recomendar”; cf. paraineo, “exortar”, “recomendar”, “aconselhar”; aineõ, “louvar”, “aprovar” “recomendar”). O enigma gosta de empregar a forma literária da metáfora, mas deve ser entendido mais como um “dito sábio”. O enigma, portanto, era considerado uma pedra de toque da sabedoria. O enigma pertence realmente à fala oracular e profética. Deste modo, os ditos da Sibila, por exemplo, podiam ser enigmáticos (Sib. 3,811-812; cf. Sófocles, AT 1525; Eurípides,1688, etc.). [DITNT  ]


gr. ainigma = é encontrado desde Píndaro e Esquilo: enigma; dito obscuro; dito enigmático; imagem indireta ou indistinta; reflexo; visão nebulosa; revelação indireta ou indistinta; falar em alegorias; intimação.
O enigma ou dito obscuro (ainigma) não é uma forma literária neotestamentária. A palavra ocorre em Philon   - Filo, Josefo (Ap. 1, 114-5), e Sib. 3, 812, mas somente em 1 Co 13:12 no NT. No contexto, Paulo contrasta o conhecimento com a fé, a esperança e o amor (v. 13), e ressalta que blepomen gar arti di’ esoptrou en ainigmati (lit. “Pois agora olhamos num espelho em enigma”). Fabricavam-se espelhos em Corinto, e o fato de não darem uma visão direta da realidade subjaz a lição de Paulo no que diz respeito às limitações do conhecimento. A preposição dia (”através de”) se explica pelo fato de a imagem no espelho dar a impressão de estar do outro lado (C. K. Barret, A Commentary on the First Epistle to the Corinthians, BNTC, 1968, 307) e, talvez, também pelo fato de apreendermos a realidade por intermédio dos fenômenos. Barrett indica que Philon - Filo também empregou a figura do espelho para sugerir que o homem pode ter um conhecimento claro e pleno de Deus (Abr., 153), e que o número “sete” nos oferece um espelho que reflete o modo de Deus ordenar o universo (Decal. 105). 2 Co 3:18 emprega o particípio katoptrizontes, “olhando como em espelho”. No que diz respeito à frase en ainigmati, Barrett pensa que reflete Nm 12:8, onde Deus diz que falará a Moisés face a face (v. 12) e não di’ ainigmaton, “por enigmas”, i.é, “obscuramente”. Mesmo assim, os membros da igreja coríntia que não conheciam bem o AT conseguiriam entender a expressão. Apolo era conhecido pelos enigmas obscuros que proferia (cf. a queixa do coro contra Cassandra porque ela falava em enigmas (ex ainigmatón), Ésqu., Ag  . 1112). Para Paulo, aquilo que apreendemos nesta vida atual é como um enigma. É obscuro e enigmático. Contrasta-se com o conhecimento que teremos em nosso estado futuro, quando, então, veremos face a face e conheceremos assim como já somos conhecidos (cf. Mt   5:8). (”Dicionário Internacional de Teologia do Novo Testamento  ”, de Coenen & Brown)