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supra-ente

quinta-feira 25 de janeiro de 2024

  

Ao mesmo passo, o Uno é Superinteligência, Super-Ser e causa sui [En. VI, 8, 20, 20s], isto é, o Uno é o que quer ser, porque é perfeito. Se ele (Uno) pudesse ser diverso do que é, “ele não seria capaz de permanecer na sua perfeição” [En. VI, 8, 21,6]. É igualmente dotado de vontade. À essência do Uno pertence a vontade. Nada teria sido criado por ele, se antes não existira a vontade de criar [1]. [Ullmann  :20]


Se disséssemos que no Uno há alguma determinação, multiplicidade ou dependência, ele deixaria de ser o “Puríssimo”, o “Simplíssimo” e o que é “suficiente a si mesmo”, “por não consistir de diversas coisas” [En. II, 9, 1,9]. Bastando-se a si mesmo, não necessita de nada. “Ele é senhor de si (kyrios) e não relativo a outro” [En. VI, 8, 11, 16]. Nada pode desejar [En. III, 9, 9, 4], “por estar acima de todas as coisas” [Ibid.]. E mais. Ele está acima da consciência, do pensamento e do conhecimento. Logramos, pois, dizer que o Uno é Super-Pensamento, Super-Conhecimento, Super-Consciência, Super-Beleza [2]. Não se lhe aplica o preceito “conhece-te a ti mesmo!”, o qual somente vale para a multiplicidade, para quem se analisa nas suas partes [Cf. En. VI, 7, 41, 23-24]. [Ullmann:36]
O que faz o Uno em sua eterna solitude? Responde Plotino  : “Ele é como que (hoion) levado (pheretai) para o íntimo de si mesmo, como se amasse a si mesmo e o seu puro esplendor” [En. VI, 10, 8, 16, 13-14]. O amor do Uno não representa uma necessidade, mas comprazimento consigo. Em outros termos, o Uno distingue-se soberanamente de todo o resto, por sua perfeição e imutabilidade. E ainda: como Super-Pensamento, o Uno tem uma intuição inefável e inconcebível de si mesmo [Cf. En. V, 3, 10, 42]. [Ullmann:38-39]
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Observações

[1Podemos, com razão, aplicar ao Uno o que Santo Agostinho diz do Deus cristão: “Ad ipsam Dei substantiam pertinet voluntas eius” (Confissões XI, 12). “Das Eine hat nicht nur Wille zu sich selbst, sondern schafft auch aufgrund von Freiheit” (KREMER, Klaus, Plotin. ln: Klassiker der Religionsphilosophie. Hrsg, von Friedrich Niewöhner (Munchen, 1995) p. 64).

[2“II Bene, quindi, è genitore del Bello, è potenza di quello (dynamis pantos kalou); Egli è kallopoion e perciò è arche kallous e peras kallous, principio e termine del Bello. Il Bene è causa del Bello, ad in questo senso, ma solo in questo senso, possiamo dirlo kallos hyper kallos e to kallos allon tropon, avendo sempre presente, però, l’affermazione di cui sopra: ‘Eppure dev’essere affascinante Colui che è il genitore del Bello’” (MASSAGLI, Massimo, L’Uno al di sopra del Bello e della Bellezza nelle Enneadi di Plotino. In: Rivista di Filosofia neoscolastica (1981), anno LXXIII, fase. I, p. 127-128).