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sexo

quinta-feira 25 de janeiro de 2024

  

A experiência do sexo, o valor e a amplitude de seu poder, tem uma universalidade maior do que em geral julgamos. Ainda estamos e sempre permaneceremos essencialmente naquela fase proto-histórica do universo hesiódico, em que o real se cindia na díade solitária de Urano e de Gaia, do masculino e do feminino originários. Uma interpretação do fenômeno complexivo do sexo remete-nos, entretanto, para uma percepção das forças criadoras e imperiais da sexualidade, na própria dinâmica do processo histórico e histórico-divino. Não só em corte espacial vemos a realidade polarizar-se nos gametas insondáveis da geração, como também a própria cavalgada do tempo seria regida pelo fluxo e refluxo de divindades femininas ou masculinas, ginecocráticas ou androcráticas. Como sabemos, foi Bachofen que, de forma exaustiva e fundamentada, assentou a teoria de alternância temporal dos princípios sexuais-divinos que condicionam as épocas históricas. Para ele, como para outros filósofos românticos, o sexo, a dualidade das forças criadoras, não estaria somente em nós, circunscrito à anatomia e fisiologia da animalidade, como também e principalmente seria uma característica universal do Ser, uma díade cósmica que se particularizaria no caso especial do ser humano. O sexo seria, portanto, uma força transcendente [117] e omnicompreensiva, uma complementaridade de perspectivas essencial à ordem das coisas. Nesse sentido poderíamos citar Platão, quando afirma num de seus diálogos que não é a terra que imita a mulher, mas a mulher que imita a terra. É a vida determinável e fecundável da terra, da Telus Mater, que num de seus avatares é a Mulher. Mas o corpo do homem, que nasce do ventre da Terra, como forma empírica ligada ao ventre, também pertence ao seu domínio de ação. Por isso os gregos chamavam aos homens demetrioi. [VFSTM  :119-120]


LÉXICO: sexo