Um deus é pontífice: constrói no trans-objetivo a ponte que reúne a Objetividade à Realidade, que religa as «coisas-objectos» ao Ser-Originário-Origem de todos os seres-origens, que acrescidos às coisas as converte em símbolos. Sem essa religião pontificial, sempre o homem que não superou a situação ou condição do «não mais do que homem» se verá na dolorosa instância de quem chegou à presença de um mundo quebrado, no qual para um lado caiu um Theos-acósmico e, para outro, um Kosmos-ateu. É uma alternativa trágica, e trágica no sentido hegeliano: o embate de duas reivindicações de absoluta validez, do lado de cada membro da alternativa, pelo qual ambas se perdem, ou em que uma joga a outra na perdição, se persistem, uma e outra, em [124] reivindicarem, exclusivamente para si, um valor absoluto. Claro que o «homem humano», o «diabólico», não se apercebe do trágico, já que se decidiu pelo valor absoluto de um Mundo sem Deus. Nem tão-pouco o seu avesso, isto é, o homem tão humano quanto aquele: o que, por abominável ressentimento contra as coisas adversas, se recusa a ver que e como elas se podem converter em símbolos; só se desapega das «coisas» para eleger um ídolo-coisa, arbitrariamente colocado acima de todas as outras. [EudoroMito:124-125]