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entusiasmo

quinta-feira 25 de janeiro de 2024

  

Ora, nós sabemos desde Schelling   e Hegel que os homens nunca adoraram as coisas como tais, nem aspectos das coisas e que realmente nunca existiu uma religião da Natureza. A ordem cósmica ou a natureza como poder físico é uma construção do espírito ocidental, e não um fato último. Assim como Heráclito afirmou que a “água vive a morte do fogo”, podemos dizer que a Natureza vive a morte ou [143] o afastamento dos deuses. Que esse afastamento seja, por outro lado, a manifestação de uma outra e especial teofania, que faz a Natureza como Natureza, é o problema que trataremos a seguir. Em todo o caso, não é a ordem cósmica, tal como é dada à nossa consciência positiva, à nossa mente de homens civilizados, como sistema físico, que é responsável pela Ergriffenheit [arrebatamento] ou Fascinação instauradora. Lemos em Walter Otto: “O que comparece diante da espécie humana nas Epifanias, não é qualquer essência completamente desconhecida ou invisível, só acessível à alma dissociada do mundo, mas sim o próprio Mundo como forma divina, como profusão de formações divinas”. Em consequência, o poder que se expressa na conduta humana formadora de cultura consiste na própria presença em pessoa dos Deuses, demônios e semideuses. O transcender criador provém da pleonexia divina, do estado ou êxtase do entusiasmo provocado pelo encontro ou convivência com o meta-humano. [VFSTM  :143-144]


LÉXICO: entusiasmo