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compromisso

quinta-feira 25 de janeiro de 2024

  

77. Curioso é que tantos religiosos, artistas e filósofos achem que podem ser filósofos, artistas e religiosos, em pleno horizonte da objetividade. Que seu mister seja este mesmo: desempenhar o papel de trabalhadores, de fabricantes das «coisas» que eles são e daquelas que eles não são; que possam conviver com «coisas», sendo filósofos, artistas e religiosos. Será que o fazem sem compromisso, isto é, dividindo-se em duas partes, das quais só uma representa o drama diabólico da objetividade, e reservando a outra para desempenho de outros dramas, que poderiam ser os dramas simbólicos da trans-objetividade? Não o creio. Um homem não se divide por querer. E se ele quer o destino dos que vivem na objetividade, tem de fazê-lo por inteiro. Mas se o fazem por inteiro, fazem-no porque seu pensar e agir não vão longe, não vão até o limite-liminar de pseudomundo «objetivo»; ou, então, só agem e pensam como se o limite fosse só limite e, chegados lá, recuam e se resignam com a própria limitação. Prosseguem agindo e pensando dentro do limite-limitante, pensando o mesmo limite como limite inultrapassável. É clara a semelhança com os prisioneiros da Caverna: mostram-se propensos a torturar e matar quem quer que lhes diga que o limite é liminar, e se apenas o marginalizarem, nem sequer suspeitam de que só marginalizam a quem já estava marginalizado. [EudoroMito:165]


LÉXICO: compromisso