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arquétipo

quinta-feira 25 de janeiro de 2024

  

arquétipo (archetypon, Urbild) ver também FÉ; IDEAL; IDEIA; IMITAÇÃO Para Kant  , o arquétipo está para o éctipo como o original está para a cópia, ou como o possível entendimento holístico de um intellectus archetypus para um “entendimento discursivo que tem necessidade de imagens (intellectus ectypus) (CJ §77). Entender essas distinções é um compromisso crítico com o platonismo  . Em CRP, Kant criticou a “dedução mística” das “ideias” por Platão, que, ao hipostasiá-las, as converteu nos “arquétipos das próprias coisas” (CRP A 3 13/b 370). Kant afirma que a “fuga [de Platão] do modo ectípico de reflexão sobre a ordem do mundo físico para o seu ordenamento arquetípico de acordo com determinados fins, isto é, de acordo com ideias” (CRP A 31 8/b 375), converte os “princípios regulativos” para a completude sistemática do conhecimento em princípios constitutivos da origem das coisas. A crítica de Kant à filosofia prática de Platão obedece a linhas semelhantes, ao argumentar a favor de uma ideia do bem que serviria como princípio regulativo para “qualquer juízo quanto ao seu valor moral”, mas que não seria ele próprio um arquétipo. Entretanto, esse princípio pode servir como arquétipo quando usado como um ideal para imitação. Em CRP, Kant descreve o homem sábio dos estoicos como sendo apenas um tal arquétipo que serve “para a completa determinação da cópia; e não temos outro modelo para as nossas ações senão a conduta desse homem divino dentro de nós, com o qual nos comparamos e julgamos, e assim nos reformamos, embora jamais possamos chegar à perfeição prescrita desse modo” (CRP A 569/b 597). Em RL, o arquétipo estoico foi substituído por Cristo como o “arquétipo de humanidade que agrada a Deus” (p. 119, p. 109) e é nosso dever imitar. Esse entendimento do arquétipo como um ideal para imitação também se apresenta na estética de Kant em CJ. Aí, ele usa a oposição de arquétipo e éctipo como um meio de distinguir entre escultura e pintura: a “base fundamental” de ambas é a ideia estética como “arquétipo” e seu modo de expressão como éctipo, seja na “extensão corporal” da escultura ou em sua “aparência quando projetada numa superfície plana” característica da pintura (CJ §51). [DicKant]


LÉXICO: arquétipo; arkhetypos