Poderíamos talvez conjeturar que também nós, homens desse lapso histórico, representaríamos em nossa ação uma figura prodigiosa, o desenvolvimento de um mito que iria tomando corpo na construção da nossa vida social. Assim como as inúmeras figuras humanas, animais ou vegetais que vemos distribuídas numa tapeçaria habitam somente esse teatro imóvel e silencioso, fora do qual se desfazem como espectros, da mesma forma poderíamos pensar a resolução do homem humanístico na tapeçaria da representação mítico-religiosa que comanda o nosso devir. Hegel mostrou fartamente como a representação que o homem, [129] como protagonista da História, faz de si mesmo, advém da representação que tem da esfera divina. O ser do homem é um ser adventício, uma forma de empréstimo, um ser ex allio. Entretanto, acredita-se uma força autônoma, um Eu, uma subjetividade em marcha, que procura afeiçoar o mundo aos seus reclamos. Mas justamente esse princípio autônomo e imperialista foi-lhe imposto como condenação e destino. [VFSTM  :129]

LÉXICO: humanistas