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hemar

quinta-feira 25 de janeiro de 2024

  

No pensamento europeu moderno prevaleceu a concepção de tempo como um meio homogêneo análogo ao espaço vazio. Bergson   e Einstein, de diferentes ângulos, ajudaram a destronar esse conceito. Para os gregos homéricos o tempo não era homogêneo; tinha qualidade; diferia amplamente para todo o mundo dentro do horizonte. Há todas as mudanças do dia, da aurora ao fim da noite, todas as mudanças do ano, do início da primavera através do verão, outono, e inverno. Para os romanos o tempo era o tempo meteorológico, tempus, tempestas; pensamento que sobrevive nas línguas latinas. O que quer venha, o homem nem poderia trazer nem evitar. Seja caótico ou mecanicamente regular, o tempo parecia ser obra de outras mentes, e, acima de tudo, do poder no céu, Zeus. O dia muda em ordem inteligível mas com variação incessante de detalhe, assim como o ano. E não meramente o céu acima — éter azul, sol, lua e estrelas — que muda, mas o vento soprando deste quadrante ou daquele, suave ou forte ou não, talvez nuvens, trovões e raios, chuva, neve, a terra se tornando luz ou escuridão, úmida ou seca, quente ou fria, as águas mudando, também, e todas as coisas que vivem — plantas brotando das sementes e crescendo flores e sementes de novo, animais acasalando e parindo e crescendo e envelhecendo, tudo em sua devida estação, se tornando ativo com a primavera ou hibernação, abrindo ou despertando com a aurora, adormecendo ou fechando com a noite. Os primeiros gregos sentiam que diferentes porções de tempo tinham diferentes qualidades e traziam esta mudança ou aquela, favoreciam esta atividade ou aquela, orai. [R.B. Onians  , The Origins of European Thought: About the Body, the Mind, the Soul, the World, Time and Fate]