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magia

quinta-feira 25 de janeiro de 2024

  

Diz Jacob Böhme que a verdadeira “magia” não é qualquer ente, qualquer forma, qualquer coisa, pois se ostenta como uma abertura de todos os entes, como uma licença demiúrgica que põe em liberdade o manifestável. Acrescenta ainda que ela é a situação nascente de onde emerge qualquer Natureza, a força suscitadora de todos os desejos, e, em resumo, a Origem. A magia não sendo qualquer ente, é um poder aberto, um poder possibilitante, uma pura sedução. Na magia – diz Böhme – está contida a forma de todos os seres e a essência de todas as essências. A magia da Origem é uma Matriz insubstancial, porque ultrapassa todas as substâncias e coisas e se manifesta como o oferecer de todo o oferecido. E os deuses constituem a Matriz insubstancial, a Matriz mítica de todo o desempenhável. O pensamento mágico ou da Origem não está mais aderido à esfera humana, ao drama da antropogênese ou ao monograma cristão, mas vê essa forma na sucessão das regências ou dominações mítico-aórgicas. Esse pensamento não cuida mais do Bem do homem, da justiça humana, mas se inclina para a justiça divina, para o bem e a vindicação das potências [137] submersivas do homem humano. O pensamento que reingressa na Fonte é transido da sedução mágico-instauradora da presença numinosa. É, portanto, um pensamento teúrgico, um apelo dos deuses à espreita. Se esse saber é um saber de salvação, o que deve ser salvo é um bem que pode expressar-se no homem, mas não é feito pelo homem. [VFSTM  :137-138]


LÉXICO: magia