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outrora

quinta-feira 25 de janeiro de 2024

  

E outrora é o que a mesma palavra diz: hora que é sempre outra, não a mesma que está em todos os «agoras» («agora»: hac hora), mais ou menos distantes. Na «antiguidade», que é sempre relativa a uma «atualidade», ambas situadas na presença do presente, a História e, sobretudo, os que dela falam sem que lhe hajam penetrado o íntimo cerne, persiste, por isso mesmo, em querer infundir nela um passado, ou um passado confundir com ela, passado que lhe é estranho, e sempre permanecerá estranho e alheio ao «antigo» da historicidade. Passado é o que passou, e que, tendo dobrado a esquina da longa quadra do tempo histórico, se perdeu da vista, só atenta para o que não passa os limites da presença do presente. A História detém-se, por necessidade intrínseca, à beira do passado, cujas indimensionáveis dimensões são o outrora, que é outra hora, e a lonjura, que seria, no dizer do poeta, uma «distância subitamente impossível de percorrer». [EudoroMito:344]