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quinta-feira 25 de janeiro de 2024

  

Somos a primeira ou a segunda geração daqueles que experimentam o niilismo vivencialmente. Somos a primeira ou a segunda geração daqueles para os quais a dúvida da dúvida não é mais um [15] passatempo teórico, mas uma situação existencial. Enfrentamos, nas palavras de Heidegger  , “a clara noite do nada”. Nesse sentido, somos os produtos perfeitos e consequentes da Idade Moderna. Conosco a Idade Moderna alcançou a sua meta. Mas a dúvida da dúvida, o niilismo, é uma situação existencial insustentável. A perda total da fé, a loucura do nada todo-envolvente, a absurdidade de uma escolha dentro desse nada, são situações insustentáveis. Nesse sentido, somos a superação da Idade Moderna. Conosco a Idade Moderna se reduz ao absurdo.

Os sintomas dessa afirmativa abundam. O suicídio do intelecto, fruto da sua própria intelectualização, se manifesta em todos os terrenos. No campo da filosofia produz o existencialismo e a lógica formal, duas abdicações do intelecto a favor de uma vivência bruta e inarticulada, portanto o fim da filosofia.

No campo da ciência pura produz a manipulação com conceitos conscientemente divorciados de toda realidade, tendendo a transformar a ciência pura em arte abstrata. No campo da ciência aplicada produz instrumentos conscientemente destinados a destruírem a humanidade e seus instrumentos, portanto instrumentos autodestruidores. No campo da arte produz a arte que se significa a si mesma, portanto uma arte sem significado.

No campo da “razão prática” produz um clima de oportunismo imediatista, um carpe diem tanto individual como coletivo, acompanhado do esvaziamento de todos os valores. [FlusserDuvida:14-15]


LÉXICO: moderno