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taxis

quinta-feira 25 de janeiro de 2024

  

gr. τάξις, táxis: ordem, disposição; arranjo na composição dos corpos no atomismo.


O acontecimento deformador e desfigurador da perversão (κακία) leva, como vimos, a uma afetação global do sentido da existência humana. Essa crise de sentido experimentada como desorganização (ἀταξία) e desordem (ἀκοσμία) não fica apenas circunscrita ao horizonte da lucidez (ψυχή) mas alastra à totalidade dos entes, mergulhando-os no caos. Nada permanece intocável. Tudo é excentração extravagante e dispersão. Essa situação resulta da deformação desvirtuadora das possibilidades dadas à partida na existência humana, fazendo que a totalidade dos entes no seu todo [1] seja experimentada como uma desorganização intrínseca da sua ordem constitutiva.

A perversão (κακία) que afeta especificamente a lucidez (ψυχή) é experimentada como perda da organização (τάξις) e da ordem (κοσμία), isto é, como esboroamento das condições sine qua non a partir das quais o humano pode apropriar-se de uma forma autêntica das suas possibilidades de vida. Se a perda da potencialidade de um instrumento, de um artefacto ou de uma árvore não levam a uma desorganização da totalidade dos entes no seu todo, por outro lado, a presença da perversão (κακία) na lucidez (ψυχή) humana conduz a uma perturbação no modo como a totalidade dos entes é habitualmente experimentada, sendo a lucidez (ψυχή) a forma onde radicam todas as formas de abertura aos entes em geral. A perturbação da relação [275] estrutural entre o humano e todos os demais entes no seu todo é provocada pela modificação da lucidez (ψυχή) levada a cabo pela perversão (κακία).

Mas podemos ser mais específicos. A perversão (κακία) que afeta a lucidez (ψυχή) no seu todo e os restantes entes é concretizada como um impedimento estrutural à compreensão do sentido do horizonte da situação humana (πρᾶξις), enquanto núcleo de sentido onde radica a existência humana, isto é, o plano fundamental que dá compreensão aos entes no seu todo. É assim pela perda da «excelência humana» (ἀνθρώπινη ἀρετή) e não pela perda da «excelência específica de cada coisa» (ἀρετή ἑκάστου), que todos os entes sem excepção mergulham na «impossibilidade da comunhão»2 que mantém em conjunto 3 tudo em geral. A organização (τάξις) e a ordenação (κοσμία) dão lugar à desorganização (ἀταξία) e à desordem (ἀκοσμία). [CaeiroArte:275-276]


TAXIS (ordre, ordonnance) [grec]

subs. fém.

Nom dérivé de la racine tag- / tak-, d’où le verbe tâssein « ranger », « placer où il faut », de manière organisée, avec le sens d’ordre, de prescription, de discipline. Souvent employé chez les présocratiques   en relation avec kosmos (voir ce mot), surtout dans le monde stellaire (Pythagoriciens, D.K. 58 B 4, 35) ; chez Anaximandre  , la rétribution entre puissances cosmiques s’accomplit selon la taxis du Temps ; la taxis est une des trois propriétés de l’atome. Dans le Gorgias (503 e ss), Platon   illustre la taxis de l’âme selon le modèle de l’artisan qui veille à ce que chaque partie s’adapte harmonieusement à une autre, jusqu’à ce que se manifeste l’œuvre complète, produit de taxis et de kosmos. (M. Roussel) [NP  ]

Observações

[1Pese embora o fato de, noutros domínios de ser, se poder dar a presença de uma desvirtuação que só destrói esse âmbito específico de sentido. Por exemplo, o fato de uma casa ser inabitável, de uma faca cortar mal, não aponta por si só para um prejuízo que nos arruine a existência.