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archê

quinta-feira 25 de janeiro de 2024

  

Início/princípio/origem (archê)

Archê no período pré-platônico: em seu significado fundamental, o conceito de archê (formas verbais correspondentes: areheinlarchesthai) indica o ponto em que algo começa ou do qual algo se origina (cf. Aristóteles, Metafísica 1013a ss.; Física 188a s.). Já na fase pré-platônica o termo archê também é empregado em todos os significados mais específicos encontrados em Platão: 1. coloquialmente como início temporal; 2. como conceito político ou militar para o exercício do poder ou domínio sobre os outros; 3. como termo da filosofia da natureza  . Apenas na terceira esfera ocorre uma reflexão propriamente filosófica sobre o estado de coisas designado por archê. A tentativa de remeter a abundância de fenômenos a um menor número possível de causas define o pensamento grego desde o início — por exemplo, o caos na Teogonia   de Hesíodo. Desse modo, a totalidade da realidade se deixava conceber como uma ordem coerente (kosmos). Na busca do princípio/ dos princípios, a filosofia pré-socrática continuou a se orientar cosmologicamente. Apesar da presença do fato, archê era usado aí como termo filosófico apenas raramente, e talvez pela primeira vez por Anaximandro   (DK 12 A 9; cf. também Filolau DK 44 B 8). Em vez disso, fala-se de “formas” (morphai), “raízes” (rhizômata) ou “elementos” (stoicheia). O trabalho de explicação, que deve efetuar a remissão a um ou mais princípios, concernia de um lado à qualidade material da realidade, de outro às modificações/movimentos que conduziam a uma estrutura ordenada do cosmos. Muitos pré-socráticos   acreditavam poder fazer isso pela remissão a princípios materiais, que eles, entretanto, dotam de uma faculdade divina (por exemplo, água em Tales, ar em Anaxímenes  , fogo em Heráclito  ) ou de um movimento baseado no acaso (átomos em Demócrito). Além disso, outros pré-socráticos supunham, antes ou ao lado dos princípios materiais, princípios autônomos, pré-empíricos, formativos (para Anaximandro, o “ilimitado” [apeiron]; para Empédocles  , “amizade” [philia] e “conflito” [neikos]). Anaxágoras   foi o que mais se aproximou da filosofia de Platão. Ele estabelecia clara distinção entre uma instância material indiferenciada e um intelecto divino (nus) que é móvel e, ao mesmo tempo, ordena com vistas a um fim estrutural. Ainda que nem sempre com nítida distinção das instâncias causais, para o pré-socratismo aspectos materiais, causais do movimento e teleológicos eram atuantes nos princípios. [SHÄFER]