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hipótese

quinta-feira 25 de janeiro de 2024

  

Hipótese (hypothesis)

I. Hipótese significa em Platão um pressuposto ou uma suposição que, sem verificação, são aceitos como válidos pelos dois interlocutores de um diálogo para sua argumentação. Segundo Platão, Sócrates transferiu da matemática para a filosofia a prova com base em hipóteses (Mên. 87a). As hipóteses são, sobretudo, usadas em provas indiretas, em que, diferentemente das provas diretas, não se pressupõe saber algum sobre a essência da coisa, e a plausibilidade das consequências de uma hipótese é investigada. Aqui a hipótese pode ser 1. uma suposição aparentemente plausível que é aceita exclusivamente por motivos metodológicos ou 2. um filosofema ou uma definição tidos como verdadeiros.

Um exemplo do uso exclusivamente metodológico é o trecho Mên. 86e-89c: depois de várias tentativas vãs de definir o conceito de “VIRTUDE”, deve-se buscar uma hipótese da qual se pode tirar a conclusão “a virtude é ensinável”. Também não se duvida da exatidão dessa conclusão quando se mostrou que a tese “virtude é conhecimento” é falsa [Mên. 89d) por não haver nenhum professor de virtude; na aceitação da hipótese, os interlocutores omitiram que não apenas o conhecimento, mas também a opinião correta [Mên. 97b s.) podem guiar para a ação correta. A conclusão com base em hipóteses é, realmente, o procedimento sempre usado por Sócrates, porque “eu toda vez tomo como base o princípio (hypothemenos ... logon) que me parece mais forte, e tudo aquilo que lhe parece consoante (symphônein) eu considero verdadeiro, quer se trate de uma causa ou qualquer outra coisa, e aquilo que não lhe é consoante, eu considero não verdadeiro” Féd. 100a; cf. Crít. 46b). Nesse sentido, suposições básicas de outros filósofos também são usadas como hipóteses, na medida em que são submetidas a um exame e não se mostram sustentáveis, por exemplo a tese eleática da unidade de todos os entes (Sof. 244c) ou a teoria do fluxo de Heráclito [Teet. 183b). No Parmênides, para o melhor exercício da dialética exige-se até mesmo não só o exame do que se segue da suposição de que algo exista, mas também o exame para o que se segue da suposição de que algo não exista (Parm. 135e-136a). Isso produz oito estratégias de investigação: na suposição da existência ou não-existência de uma ideia, o que resulta como consequência para a ideia mesma, para sua relação com outras ideias, para as outras ideias mesmas e para as outras ideias em relação com a ideia a ser examinada (Parm. 135e-136c). Esse procedimento é executado no Parmênides com o auxílio da tese do Parmênides histórico de que o um existe. [SHÄFER]