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graus do ser

quinta-feira 25 de janeiro de 2024

  

Graus do ser/hierarquização ontológica

As bases em Platão: a gradação do ser é um topos da tradição platônica e também apenas nela ganhou cada vez mais importância para a explicação filosófica do mundo. O modelo dos diálogos platônicos, do qual a tradição se alimenta, encontra-se especialmente em Sof. 248a-249a, Banq. 210a-211c e Tim. 39e-44d. No Timeu   é o demiurgo que, olhando para as ideias, cria os deuses celestes e delega para outras divindades a formação de outros seres vivos em diferentes gradações. Aqui foi significativo para a tradição o fato de que, segundo Tim. 41b-c, deve ainda haver outros graus do ser abaixo dos deuses bem-aventurados, para que o cosmos não fique por acabar, “pois do contrário ele não conteria em si todos os tipos de seres vivos; no entanto, ele deve contê-los para ser realmente perfeito”. Enquanto a asserção do Timeu se refere sobretudo aos seres vivos, o Sofista   teve maior influência porque aí o estrangeiro eleata, como condutor da conversação do diálogo, dá a entender a respeito dos representantes da doutrina das ideias que eles pensavam numa gradação de todo ser, desde o ser que tudo abrange, passando pelo ser vivo, até finalmente também os seres racionais. Trata-se aqui de um refinamento e uma parcial fragmentação, mas ao menos de um enriquecimento de aspectos da fundamental noção na filosofia das ideias: a de uma estrutura bifásica da realidade, estrutura esta separada pelo chôrismos (ver separação). O atrativo dessa concepção para o diálogo e para a tradição reside no fato de que a sequência da estrutura em vários graus apresentada por ela se inverte conforme perguntemos pela extensão ou pela intensão. Conforme o caso, também são diferentemente atribuídas ou negadas determinações ao ser, como demonstrado no estudo dialético do Parmênides (ver DESCÍ DA/SUBI DA). O fato de realmente falarmos de “graus” do ser está ligado à escolha lexical de Platão nas metáforas da ascensão, como as de Banq. 211c. [SHÄFER]