Faculdade/possibilidade (dynamis)

Seguindo modos de uso tradicionais, encontrados na literatura épica, medicinal e pré-socrática, Platão utiliza dynamis no significado principal de uma faculdade ativa ou uma capacidade, com uma nítida conotação de “força” ou “poder”. Em muitas ocasiões esse termo atua como um tipo de termo genérico, ao qual pertencem outros conceitos centrais da filosofia platônica: assim, o saber (epistêmê), em comparação com a opinião e a ignorância, é definido como a mais forte dynamis de todas (Rep.   477e), e a virtude da coragem é caracterizada como dynamis (Laq. 192a-b), e diferentes artes (technai) são subsumidas sob o conceito geral extensionalmente mais vasto ou diferenciadas entre si pela dynamis de cada uma (Sof. 219a-b; Rep. 346a-b; Górg. 447c). A dynamis representa, portanto, principalmente um “certo tipo de seres pelos quais nós somos capazes de fazer o que somos capazes de fazer, nós e todos os agentes” (Rep. 477c-d). A distinção entre tais faculdades ocorre tanto por sua relação com objetos específicos como pelo efeito que elas operam (Rep. 477c-d). [SHÄFER]