Página inicial > Termos e noções > hypsoo

hypsoo

quinta-feira 25 de janeiro de 2024

  

E como Moisés levantou a serpente no deserto, assim importa que o Filho do homem seja levantado; (Jo 3:14)
Prosseguiu, pois, Jesus: Quando tiverdes levantado o Filho do homem, então conhecereis que eu sou, e que nada faço de mim mesmo; mas como o Pai me ensinou, assim falo. (Jo 8:28)

E eu, quando for levantado da terra, todos atrairei a mim. Isto dizia, significando de que modo havia de morrer. Respondeu-lhe a multidão: Nós temos ouvido da lei que o Cristo permanece para sempre; e como dizes tu: Importa que o Filho do homem seja levantado? Quem é esse Filho do homem? (Jo 12:32-34)


Perenialistas René Guénon breve 1351 - SIMBOLISMO DA CRUZ  

breve 8887
Quando já alma está incendiada, bem aventada nela a palha que ensombrecia o grão, nasce no homem de consciência de “acima”, quer dizer, a consciência de ser “homem em Cristo” (2Cor 12,2), e com este nascimento “em Espírito” (Nascer do Alto) dão começo os trabalhos da hypsoo - exaltação.
A presença traz consigo a alegria e avança por si só — se é vigiada com atenção ininterrupta — até a alma purificada. Na alma não resta então mais que a essência de si mesma. Ela é a essência, idêntica e “uma” com a presença que vem.

  • Este fato de ser a alma pura essência de si mesmo, é o que se reputa no evangelho como humildade e como pobreza de espírito (v. Pobres de Espírito).

O que vem é Cristo oculto, o ungido pelo Espírito; e se se diz de quem o recebe que é homem “em Cristo”, é para indicar que se trata de um homem “novo” em quem o espírito da presença se fez um com o espírito, com a essência da alma purificada.

O que vem depois, que é o último tramo do processo de consumação segundo o evangelho, é a exaltação de Cristo, acontecimento que em seu sentido oculto, só foi explicado, ainda que de maneira muito sucinta, no quarto evangelho.

Para a consciência que busca, a exaltação de Cristo é a última ação a qual nesse sentido se pode entregar, o ao menos, a última ação que pode ser explicada nela como consciência. Se trata de uma região muito adentrada já na nuvem do encontro e as palavras são ali demasiado corpóreas para expressar fielmente a névoa. Ali cad apalavra é uma parábola em si mesma. Os poucos textos neotestamentários que mencionam a proximidade do encontro também são parábola, pois ainda assim , eles serão nosso apoio.

A exaltação de Cristo à Glória do Pai começa com a elevação à cruz, e sem sair da exegese manifesta é possível entendê-la em sentido objetivo e subjetivo, posto que a crucificação é em si mesma a exaltação, tanto a ação de ser Cristo levantado na cruz, como a subida à Glória e poder do Pai.

Este duplo sentido objetivo-subjetivo, utilizado pelo autor do quarto evangelho, é bastante claro. O corpo de Jesus é “levantado” na cruz, e em ordem interior, subjetivo, o Filho do Homem é exaltado à Glória celestial no mesmo ato.

No que se refere a exegese oculta, o evangelho de João “recorre” a doutrina veterotestamentária da exaltação do justo, e incorpora a volta desde o mundo à pátria celeste. O texto joanico estuda em paralelo o “levantar” da cruz que o homem toma sobre seus ombros, e a”exaltação” em espírito do Cristo interior com que o portador da cruz se unificou em sua consciência de homem “em Cristo”. Esta é a consumação do retorno, o encontro do anjo, do homem pneumático, que se une com o Filho do Homem e se incorpora a sua universalidade, a sua Glória e poder, que assimila.

Tudo isto é o que convém esclarecer com algum detalhe. No evangelho joanico é possível ler três passagens nos quais o levantamento (gr. hypsoo) se menciona neste duplo sentido de “levantar” (objetivo-espacial) e “exaltar” (subjetivo — não-espacial, acesso à luz, à Glória). Vejamos estas perícopas joanicas para estudá-las agora em sua vertente oculta (v. Nascer do Alto; Sinal da Cruz; Levantado da terra).