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hyperousia

quinta-feira 25 de janeiro de 2024

  

Sobre-essencial, é um dos termos chaves da apophasis - teologia apofântica. Significa que Deus é mais que sua essência, e que se dá, ou se transmite, nas suas energias. Deus é vivente, Deus é amor e não poderia ser definido em um conceito, mesmo o de essência. Segundo a introdução de Bento Silva Santos, de "DOS NOMES DIVINOS", de Dionisio Areopagita   - Dionísio o Areopagita:

Se a teologia afirmativa prescreve os atributos de Deus (Deus é o Bem, o Ser, a Beleza, a Vida, o Saber etc.), a apophasis - teologia negativa, consequentemente, nega esses mesmos atributos: Deus não é o Bem, nem o Ser, nem a Beleza, nem a Vida, nem o Saber etc.). Todavia, longe de incorrer em aberta contradição, os métodos catafático e apofático possuem um papel correlativo. Mas em que sentido? É evidente que não se trata simplesmente de negar o que antes tinha sido afirmado de Deus, mas, sim, de uma clara e "racional" percepção de que Deus transcendente - Deus transcende infinitamente as possibilidades do conhecimento humano. O método negativo, ao contrário do afirmativo, é ascendente, e as negações se elevam dos atributos mais humildes aos mais nobres: "pois quanto mais nos elevamos ao alto, tanto mais as palavras se contraem ao divisar e contemplar os inteligível - seres inteligíveis".

Na realidade, a negação dionisiana é peculiar: trata-se de uma negação não privativa, mas de excelência, de superação, de superabundância, de transcendência — kath hyperokhén, hypérokhos. Assim entendida, a teologia negativa é um método de "superafirmação", ela é um além categorial, uma espécie de katharsis (purificação) de nossos conceitos humanos. E preciso entendê-la no sentido de uma afirmação trans-humana, pois seu objeto escapa a todas as nossas categorias, a todas as nossas afirmações e a todas as nossas negações. A afirmação só valerá na medida em que for penetrada pela preferível negação, que orienta diretamente para o Inefável.

Assim, por exemplo, segundo DN IV, 697 A, o próprio Bem é ao mesmo tempo privado dos atributos de ser ou substância (ousia), de vida (zoe) e de sabedoria (sophia). Ele é "sem substância" (to anoúsion), "sem vida" (ázoon) e "sem inteligência" (to ánoun) e possui uma "superabundância de substância" (hyperbolé ousías), uma "vida superior" (hyperékhousa zoé) e uma "sabedoria transbordante" (hyperairousa sophia). As categorias fundamentais de Ser, Vida e Sabedoria são negadas de Deus ou do Bem, porque Ele as possui de uma maneira supereminente (hypérokhos). Só os atributos divinos tomados por a (alfa privativo) ou por hypér traduzem o movimento de abstração de tudo e de superação de tudo que caracteriza a predicação do Bem que é verdadeiramente supersubstancial (óntos hyperoúsios).


Filosofia Vocabulário de Filosofia: ousia; hyperousia