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apátheia

quinta-feira 25 de janeiro de 2024

  

Philokalia  
Todos os escritores associados literariamente ao platonismo   estão de acordo em fazer da apatheia a meta da virtude e ver na katharsis - purificação o meio de aí chegar. Apathe - apatheia - katharotes são três noções estreitamente associadas em Plotino   e Gregorio de Nissa. Este é um dos pontos, aliás, de maior similitude entre seus pensamentos.

Em Philon   - Filon, segundo Bréhier  : "Os estoicos queriam suprimir totalmente as paixões. Philon - Filon também via na apatheia o ideal da Sabedoria. Moisés, símbolo do sábio perfeito, não para na metriopatia, mas corta nele mesmo os sentimentos violentos do coração - thymos -; do mesmo modo é puro de todo desejo e de todo prazer" (Les idées philosophiques et religieuses de Philon d’Alexandrie). Neste caso, a apatheia é separação não da kathe kata kakian, mas do thymos e da epithymia - ou seja, uma outra perspectiva. Gregório de Nissa escreverá: "Há duas espécies de prazer, um que é sentido na alma pela apatheia, outro no corpo pelo pathos". Ou ainda: " O pathos nos seres incorpóreos é apathes". Esta ideia de um prazer de apatheia seria ininteligível na perspectiva estoica.

Os textos de Plotino confirmam esta impressão: "Em que sentido dizemos que as virtudes são purificações? Não é porque a alma é má enquanto misturada ao corpo e possui a virtude se age inteiramente só... A alma assim disposta pensa o inteligível e ela está também sem paixão - apathes -...". "Em se separando do corpo, a alma se recolhe nela mesma, ela é absolutamente impassível - apathes - (Enéadas I,2,5). Este texto como tantos outros de Plotino demonstram que para ele a apatheia é o afastamento do espírito do contato com o corpo, se assemelhando à hesychia ou recolhimento, que para Gregorio de Nissa - Gregório é apenas um aspecto negativo (que denomina aparaxia) da apatheia verdadeira. A cessação do tumulto só tem sentido para permitir o desenvolvimento da vida da graça.

Tradução Francesa
A ausência de paixões, mas sempre após uma vitória das virtudes ativas, que só a hesychia - hesíquia permite.

Tradução Inglesa
Sem pathos - paixão: entre os autores da Philokalia alguns veem a paixão como um mal e como consequência do pecado, e para eles apatheia significa sem paixão, desenraizamento das paixões; outros como Isaias Solitario - Isaías o solitário, veem as paixões como fundamentalmente boas; este estado de apatheia significaria, portanto, o exercício correto das paixões, de acordo com sua pureza original, sem cometer um pecado por praxis - ato ou logismos - pensamento. A apatheia é um estado de reintegração e de liberdade espiritual; Cassiano   ao traduzir o termo para o latim, usou a expressão "pureza de coração". Um estado que implica em imparcialidade e não-identificação, mas não indiferença. Não se deixa de sofrer os ataques dos daimonion - demônios, mas não se cede mais a estes ataques; sendo assim é um estado positivo, afirmativo e não negativo ou passivo: Evagrio   o associa à qualidade de agape - amor cristão tornando-o um dom de Deus.

Pequena Philokalia  :
Impassível: apático. Evagrio a define como: "Um estado pacífico da logistikon - alma razoável que resulta da tapeinoprosyne - humildade e da enkrateia - temperança". Os antídotos respectivos das paixões da orge - cólera e da epithymia - concupiscência.

Evagrio: Evagrio Praktikos
A apatheia é a flor da praktike - prática, e o que concerne à prática é a guarda dos mandamentos de Deus.

O nous engajado na guerra das pathe - paixões (...) se assemelha àquele que bate na noite.

A apatheia é um dom de Deus.

Teofano o Recluso  : Teofano Apatheia - APATHEIA
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Cristologia
Vladimir Lossky: Teologia Mística da Igreja do Oriente
La contemplación de esa perfección absoluta, de esa plenitud divina que es la Trindade - Trinidad — Dios personal y que no es una persona encerrada en sí — el pensamiento mismo, mera «sombra pálida de la Trindade - Trinidad», eleva el alma humana por encima del ser cambiante y confuso, confiriéndole esa estabilidad en medio de las pasiones, esa serenidad — la apatheia — que es el comienzo de la deificación. Porque la criatura, cambiante por naturaleza, debe alcanzar por la gracia el estado de eterna estabilidad, participar de la vida infinita en la luz de la Trindade - Trinidad. Por eso la Iglesia defendió con vehemencia el misterio de la Trindade - Santísima Trinidad contra las tendencias naturales de la razón humana que se esforzaban por suprimirlo reduciendo la Trindade - Trinidad a la unidad, haciendo de Ella una esencia de los filósofos, con tres modos de manifestación (el modalismo de Sabelio), o bien dividiéndola en tres seres distintos como lo hizo Arrio.
Jean-Yves Leloup  
Um estado não patológico do ser humano que se traduz por um estado de espontaneidade, de inocência, de simplicidade (simplicitas, etimologicamente "sem plicado", ou seja, "sem dobras sobre si-mesmo"); um estado de clareza da nous - inteligência que "vê" as coisas tais quais elas são, sem projetar memórias, ideias, ideologias; uma Espelho - consciência-espelho límpida, calma e saudável; um estado de pureza do coração, capaz de amar quaisquer que sejam as circunstâncias; um estado de luminosidade e de leveza do corpo físico, transparente às energias divinas.


Filosofia Reiner Schurmann - Reiner Schürmann  : Schurmann Eckhart   - MESTRE ECKHART OU A ALEGRIA ERRANTE Plutôt que des descriptions Plotino - plotiniennes de l’Êxtase - extase, l’enseignement d’Eckhart concernant le Desapego - détachement peut donc sembler s’approcher de la doctrine stoïcienne de l’apathie. - D’un côté et de l’autre, en effet, on parle de Serenidade - sérénité, et d’un côté et de l’autre l’attachement est considéré comme son entrave la plus redoutable, comme « Philokalia-Therapeutes - racine de la maladie ».

A quelqu’un qui avance les yeux bandés, on aura beau expliquer le chemin à suivre, il ne le trouvera jamais. Au malade d’esprit, les meilleures règles de conduite ne servent à rien. Celui qui veut guérir la maladie doit en éliminer la racine elle-même (cité par Max Pohlenz, Die Stoa, Göttingen, 1948, t. I, p. 151).

Ce texte d’Ariston, sorte de sermon sur l’affranchissement total à l’égard des affections en vue du libre exercice de la raison, décrit assurément certain trait commun entre l’apatheia et la Serenidade - gelâzenheit; mais Eckhart n’a pas pu avoir une connaissance bien grande des auteurs de la Stoa. Aussi, outre la difficulté historique d’une influence nette, on verra Maître Eckhart témoigner d’une joie errante assez éloignée de la mentalité stoïcienne. La voie de libération stoïcienne passe par un effort continu et constant de la volonté morale; on est loin du « Serenidade - laisser-être » de Maître Eckhart. Chez lui, la volonté cessera même de se vouloir elle-même.

Néoplatonisme et stoïcisme ont apporté certains éléments à la doctrine eckhartienne concernant le Desapego - détachement et la Serenidade - gelâzenheit, mais elle ne se laisse pas résumer en des schèmes de pensée devenus d’ailleurs propriété commune de la culture occidentale.