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Majjhimanikaya

quinta-feira 25 de janeiro de 2024

  

Budismo
Lilian Silburn  : Aux sources du bouddhisme

Assim ouvi. Uma vez o Bem-aventurado estava em Ukkattha no bosque Subhaga ao pé de uma grande árvore sal, e o Bem-aventurado se dirigiu assim aos monges: «Monges! - Reverendo!» responderam os monges. E o Bem-aventurado disse isto: «Vou vos ensinar, monges, de maneira condensada o fundamento de todas as coisas (dhamma). Escutai atentamente e falarei. - Sim, Reverendo», disseram o monges. E o Buda retomou: «Acontece, monges, que um homem ordinários que não ouviu a Doutrina mística, não treinado na Doutrina mística..., perceba a terra como tal, e tendo percebido a terra como tal, dela forje a noção terra, e a tendo forjado, forje eu sou a terra, eu sou da terra, esta terra é minha, e aí se compraze. Porque isso? É que, o digo, ele não tem o conhecimento perfeito.

O texto repete isso para a água, o fogo, as sensações, os seres, as absorções, os arrebatamentos e o nirvana. Ele mostra em seguida como o monge se exercita a não forjar noções, pois como o arhat isento de atração, de aversão e de confusão aí alcança plenamente, e termina assim:

E o Tathagata, ó monges, o arhat perfeitamente Desperto conhece intuitivamente, de pronto, a terra como tal, mas dela não forja conceito, e conhecendo a terra como tal, não forja o conceito: eu sou a terra, eu sou da terra, minha é a terra, e aí não se compraz. Porque isso? É que, ó monges, ele reconheceu perfeitamente que o comprazimento é a raiz da dor e que do devir surgem nascimento, velhice e morte. Logo declaro, monges, que pelo apaziguamento de todas as sedes, pela ausência de atração, pelo abandono, pela renúncia, pelo desprendimento, o Tathagata se desperta ao perfeito e incomparável Despertar.

Tal é o fundo do ensinamento do Buda. Em uma passagem paralela adiciona:

Reconhecendo o todo como o todo e chegando a conhecer este algo de outro (o nirvana) que não é alcançado pela totalidade do todo, não forjo conceito: é o todo, o todo é meu, e não me inclino diante do todo.

Segue que o nirvana não é alcançado pela totalidade do todo assim como o fogo não é alcançado pela ignescência do fogo, pois aí só há noções forjadas por nós:

O Tathagata vê o que deve ser visto, mas não forja concepções a respeito disto que é visto, não é visto, deve ser visto; nem a respeito daquele que vê não a respeito das coisas ouvidas, conhecidas...

Por ocasião da sensação, o arhat percebe a sensação, sabe não há nem eu nem visão nem objeto visto, mas a cooperação de três fenômenos coordenados, embora naturalmente isolados, a saber o conhecimento, o olho e a forma sensível. No momento da sensação, o ignorante concebe um eu face a um objeto que deseja ou repulsa e este desprezo o lança ao desejo, o qual o atola bastante no erro. No arhat, pelo contrário, a sensação não produz nem desejo nem apego.