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cabelos

quinta-feira 25 de janeiro de 2024

  

Gnosticismo  
Evangelho de Tomé
breve 8905

Assim é como o Cristo Jesus diz no Evangelho dos Hebreus: “Há pouco me tomou minha mãe, O Espírito Santo, por um de meus cabelos e me levou ao monte sublime do Tabor”. É de observar que esta perícope salva do desparecimento quase completo do “Judaico” com o duplo testemunho de Orígenes e Jerônimo, é por si só um emblema que explica a função de “unidade” encomendada ao Espírito Santo enquanto “mãe”. Os cabelos, são aqui a força (dynamis = poder ou força), que se revela na cabeça (a essência, o espírito, ou “coroa” do homem completo). Quanto à subida ao monte, é o testemunho da viagem ascensional da consciência “habitada” (conhecida) pelo Espírito Santo.

Em apoio da alegoria dos cabelos como força, ou poder, há abundância de exemplos testamentários. O consagrado a Deus — o “Nazareno - nazir”, o eklektos - eleito — se comprometia pelo tempo de seu voto a não cortar-se o cabelo, cuja “força” deixava que obrara nele. Por isso diz Sansão — o “Nazareno - nazir” de Deus desde o seio de sua mãe — em frase que revela que pelo cabelo se significava o poder da unção do Espírito de Deus: “se viesse a ser rapado, ir-se-ia de mim a minha força, e me tornaria fraco, e seria como qualquer outro homem” (que não recebe o sopro ou sombra do Espírito).


Cabala   Mario Satz  

Assim, pois, os nazarenos, grupo a que por um indefinido espaço de tempo pertenceram Jesus, João Batista e Paulo Apóstolo, se abstinham do vinho, porém conheciam tudo o que este encerra. Ou então — segundo as circunstâncias e as pessoas — não se abstinham e revelavam suas virtudes ocultas. Quanto à cabeleira sobre a qual não se deve "levantar navalha", certos indícios nos permitem inferir que o profeta Elias (2 Reis, 1,8) era um desses baal-sear, "possuidor de longos cabelos" que levava uma vida entre profética e nazarena. A palavra hebraica para "cabelo", sear, pode ser lida, com outra acentuação vocálica, como shaar, "porta" ou "entrada". Por acaso não disse o Mestre de Nazaré, em João 10,9: "Eu sou a porta; o que por mim entrar será salvo, e entrará e sairá"?

Também os Tao - imortais taoistas portavam os cabelos longos e revoltos para que lhes servissem como antenas. Dispostos em torno da cabeça, os cabelos se assemelham assim aos raios do Sol. Na Índia, a trama, o tecido do Universo está constituído pela cabeleira de Shiva. Seguindo o exemplo dos antigos nazarenos, os Eremitas - eremitas cristãos dos primeiros séculos deixavam crescer seus cabelos, e se a tonsura era submissão a um grupo, devoção a uma ordem, abnegação, o deixá-los longos era sinal de independência, de "separação" mística, de caminho solitário.