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Dedos

quinta-feira 25 de janeiro de 2024

  

Perenialistas
Jean Canteins  : Canteins Letras - A VIA DAS LETRAS
A mão compreende cinco dedos. O número cinco é assim o primeiro número característico da mão: em árabe um dos nomes da mão é khams, que quer dizer cinco.

Os cinco dedos da mão constituíram o embrião da aritmética, que, primitivamente, não individualizou senão os cinco primeiros números — e por vezes menos ainda —, os outros números tendo há muito tempo procedido dos primeiros (por exemplo: 6 - VI — 5 - V + 1 - I). Esta numeração quinária se estendeu progressivamente a todos os dedos para chegar à Década. A aritmologia conservou um traço desta prática não dando forma particular senão às nove primeiras cifras e ao zero e investindo a Década de uma importância toda especial não somente nos pitagóricos mas nos sistemas decimais elaborados como aqueles da Índia e da China (onde este sistema coexiste com o 12 - sistema duodecimal).

Quer se trate de reforçar uma declaração ou uma oração, a junção das mãos tem por efeito elevar do número cinco ao número dez. Ora, a Década assim obtida não constitui senão um outro aspecto da Unidade da qual ela é de certa maneira uma extensão. Este reporte da Unidade à Década é concretizado pelo fato que o número 10 é formado a partir do número 1. O gênio e a superioridade lógica do sistema decimal são manifestos nos dez dedos das duas mãos e na faculdade que têm de se unir. Juntando as mãos o orador ou o orante transpõe sobre o gesto - plano gestual o que os pitagórico exprimem por meio da Tetraktys.

A série de 1 a 10, tão perfeita em sua totalidade, não esgota, no entanto, a estrutura numeral da mão que permanece aberta a outros números característicos.

Os cinco dedos contam ao todo catorze falanges: dois por polegar e três para cada um dos quatro outros dedos. Catorze é um número importante. Por um lado, como o número cinco, é um número da mão: em árabe como em hebreu a mão se diz yad, palavra que tem por valor numérico 14 (10 + 4). Por outro lado, é um número chave da ciência das letras no contexto árabe e evocamos alguns aspectos a respeito de Taha. O alfabeto árabe contando 28 letras (huruf), o número 14 o partilha em duas metades. O fato de poder repartir sobre as falanges a totalidade das huruf em duas séries iguais pôde inspirar a ideia de fazer das mãos o receptáculo das huruf. Este receptáculo é condicionado pelas significações da esquerda e da direita. Pode-se, por exemplo, observar que a respeito da discriminação entre huruf “luminosos” e “obscuros” assim como a respeito de sua repartição entre as 28 mansões da lua, é dito que as 14 “luminosas” são postas em relação com as mansões invisíveis do hemisfério sul e as 14 “obscuras” com as mansões visíveis do hemisfério norte. Uma tal correspondência é coerente com uma repartição sobre as duas mãos direita e esquerda. Com efeito, a mão direita, universalmente considerada de bom auguro, está em ligação com o sul: o termo yamin recobrindo, em árabe como em hebreu, a dupla noção de (mão) “direita” e de “sul”. Inversamente, a mão esquerda, de mau auguro, está em ligação com o norte: shimal. Não somente há coerência mas a bipolaridade direita-sul e esquerda-norte pôde contribuir à localização dos huruf e notadamente, a sua repartição no macrocosmo entre seus hemisférios respectivos cujas falanges das duas mãos — espécies de mansões predispostas — constituem uma réplica microcosmo - microcósmica.

No contexto das huruf árabes, os números 14 e 28 significam a metade e o inteiro.