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terminus

quinta-feira 25 de janeiro de 2024

  

A Idade Média deixou uma marca indelével no pensamento ocidental, através da contundente “disputa dos universais”. Herdada do debate neoplatônico, apropriado pela escolástica, ela se inspira em um eventual conflito original sobre o estatuto dos “universais” . Um conflito ainda atual entre as correntes filosóficas denominadas realistas, conceptualistas e nominalistas. Como nos esclarece Alain de Libera   (1996), antes mesmo da escolástica discutir se os “universais” seriam coisas, conceitos ou palavras, os neoplatônicos já se questionavam se eles seriam entes, noemas ou sons - sons vocais.

É possível ainda reconhecer a disputa dos universais em uma série de debates atuais. Mesmo em nossa problemática imediata, definir certos termos passa a ser uma tarefa árdua na medida que não podemos com absoluta certeza nos livrar de uma aporia original na definição destes termos: tratam-se de coisas como as ideias platônicas, de conceitos racionais, ou de simples palavras, referenciando um conjunto de indivíduos.
A muitos isso pode parecer uma discussão vazia, bastando apenas adotarmos qualquer uma das posições (realista, conceptualista ou nominalista) e partirmos para uma definição pura e simples dos termos, nem que seja por seu uso. Entretanto, se assim fizermos, corremos o risco de construirmos um conhecimento na total ignorância de seus fundamentos epistemológicas, ou seja, um pseudo-conhecimento.

Talvez uma solução provisória, já que a questão proposta não permite desenvolver suficientemente esta reflexão, sem nos estendermos além dos limites impostos, seja partirmos para um subterfúgio: tentarmos passar do termo à noção, que o termo guarda em si mesmo, ou melhor dizendo, que o termo “re-vela” (mostra e oculta, ao mesmo tempo).

Sinônimo de palavra ou expressão, o termo (do latim medieval terminus: o que se encontra ao final do ato de apreensão) tem um sentido geral que lhe dá a língua, e ao mesmo tempo pode cobrir diferentes acepções, segundo os domínios considerados, ou os sistemas nos quais se insere.

Resgatar a noção guardada pelo termo, nos permite tratá-lo de maneira mais precisa. A noção (do latim notio: aquilo através do qual a inteligência conhece) restitui ao termo uma maior precisão, que nos permite até desvendar a idéia matriz que se repercute nos diferentes usos e aplicações do termo. Assim sendo, uma noção, embora ainda polissêmica como o termo original, passa a ser descritiva, empírica, sem ser ainda uma construção como o conceito. A noção expressa uma certa generalidade, ainda contaminada por juízos de valor.


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