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Sano

quinta-feira 25 de janeiro de 2024

  

Perenialistas
Andre Allard: L’ILLUMINATION DU COEUR

Para que a Face de Deus - visão facial de Deus não tenha por efeito destruir existencialmente a individualidade do vidente, segundo Rigor, mas que tenha, ao contrário, o efeito de transformar inteiramente esta individualidade, segundo a Clemência - Clemência misericordiosa, o homem deve aprender aqui em baixo a renunciar e a se renunciar. kenosis - Deve se fazer o vazio nele. Nos traços do Cristo misericordioso que lhe ensina o Amor, deve aprender a extinção - extinguir uma a uma cada uma das disposições que o desviam de Deus. Deve, no detalhe, e em regime de Clemência, realizar o despojamento - desnudamento — pobreza e humildade — para evitar, no momento da morte, quando se abre o Olho do Coração, o desvelamento rigoroso. Para aquele que assim se desnudou voluntariamente, por causa do amor do Cristo, o desvelamento no momento da morte não será uma morte existencial, mas a vida eterna. O Olho do Coração se abrirá em regime de Clemência; verá Deus face a face e todo o resto lhe será concedido por acréscimo. O verdadeiro abandono não consiste somente em ser privado de favores, mas segundo a expressão de uma espiritual do século XVIII, Marie des Vallées, «a portar a ira de Deus, a viver na morte», o que é o contrário de «morrer na vida». Quando o Olho do Coração se abre — e ele se abre fatalmente quando a morte - morte física é consumada — é preciso que a alma por inteiro tenha passado pelas «noites» de que fala São João da Cruz  , ou por tal purificação equivalente a estas noites. Em resumo, é preciso que a alma já esteja purificada por esta luz divina que ainda não viu, mas à qual obedece na fé. O Olho do Coração, para ser capaz de ver, deve ser são. E sem dúvida que, na medida que este Olho é o Olho de Deus fixado na criatura que Ele existencifica, o Olho do Coração é necessariamente a saúde mesma ou, melhor, a santidade; mas na medida que este Olho é a abertura da mente - mente criada ao olhar divino, o Olho do Coração não é necessariamente são; não é são e logo santo senão se já a alma inteira é sã e santa; e, em caso contrário, o Olho da mente criada é doente, enfermo e muito fraco para suportar a Luz existencial incriada que profusa o Olho de Deus. Enquanto o Olho do Coração permanece fechado, a mente - mente humana permanece voltada para o lado das coisas sensíveis ou do lado do pensamentos - mental pensante. Ora, sem a purificação prévia, é impossível que a mente - mente criada, habituada a se repastar das coisas do mundo ou dos logismos - pensamentos mundanos cogitados pelo mental, seja subitamente aberta a Deus sem que danos terrificantes não se sigam. Mestre Eckhart   o sabe bem, quando escreve no Eckhart Sermon 17 - Sermão XVII: «Agostinho diz que se um homem deseja que seus olhos se encham de Luz, que vele então a curar o Olho do Coração - Olho interior de sua alma. Em seguida, e a fim de que seu Olho interior possa suportar a Luz do alto, deve entreter esta saúde na alma. Em terceiro lugar, este Olho não deve jamais errar e ou parar alhures senão nesta Luz, nem ver nesta Luz outra coisa que a Luz ela mesma. Mas quem quer que aí se exponha antes que seu Olho seja claro será repudiado, pois esta Luz cega os olhos débeis».